Aumento nos combustíveis encarece custo de vida dos goianienses

Preço dos combustíveis afeta toda sociedade. Mesmo quem não usa automóvel depende de serviços e produtos cujo preço final é afetado pela variação. / Foto: Wesley Costa

Postado em: 10-12-2019 às 07h30
Por: Sheyla Sousa
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Preço dos combustíveis afeta toda sociedade. Mesmo quem não usa automóvel depende de serviços e produtos cujo preço final é afetado pela variação. / Foto: Wesley Costa

Igor Caldas

O relatório sobre Sistema de levantamento de Preços de combustíveis por localidade medido entre o dia 1º e 7 de dezembro pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) fechou com o preço máximo da gasolina para o consumidor na Capital em R$ 4,79 e mínimo em R$ 4,59. Já o Etanol saído da bomba, fechou em preço mínimo de R$2,99 e máximo de R$ 3,39. O preço dos combustíveis afeta toda sociedade, pois mesmo quem não usa automóvel depende de serviços e produtos cujo preço final é afetado pela variação.

De acordo com o gerente de Pesquisa e Cálculo do Procon-GO, Gleidson Tomaz, os postos de gasolina em Goiânia estão praticando concorrência natural e não há indícios de elevação de preços sem justa causa na Capital. “O Procon faz monitoramento de preços periódicos nos postos de combustíveis por entender que é um produto que afeta a vida de todo cidadão, mesmo aquele que não possui carro ou moto”. O gerente ainda afirma que apesar de estarem altos, os valores estão se alinhando naturalmente em uma concorrência saudável.   

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“O combustível está caro também nas distribuidoras. Os donos de postos de gasolina estão com os preços praticamente se igualando. Por exemplo, se você está nos grandes corredores de Goiânia, os valores se igualam”. De acordo como Procon, o preço médio da gasolina na distribuidora está em R$ 4,28 o do etanol em R$ 2,77. Isso gera uma margem de lucro bruto para os postos, sem o desconto de impostos, de 10,81% sobre a gasolina e de 17,5% sobre o etanol.

O preço alto da gasolina abalou a vida de Paulo Henrique Francelino e sua esposa, Débora Cristina. Eles trabalham fazendo decoração de festas há dois anos e não lembram de ter gastado tanto com combustível em todo esse período. “Eu to achando muito caro. A gente mexe com montagem de festa e, de longe, a gasolina é o maior gasto do negócio”. O casal possui uma Kombe modelo 1999 e percorre cerca de 100 quilômetros por dia para trabalhar. “A gente faz decoração para todo lado da Grande Goiânia e interiores. Só ontem a gente fez 120 quilômetros”.

Uma das alterações que a alta da gasolina causou no negócio foi a cobrança do deslocamento à parte da taxa de serviço. “Antes, a gente deixava a questão do valor da locomoção inclusa no preço final do serviço. Hoje em dia, a gente teve que fazer a cobrança em separado”. Débora afirma que, por causa disso, ela acabou perdendo clientes. “Os fregueses diminuíram e muitos deles passaram a pegar a decoração na nossa casa. Isso faz com que a gente perca dinheiro”.

Wellington dos Santos é motorista particular e cabeleireiro, ele afirma que abastece seu carro diariamente com R$ 50. Mas nem sempre foi assim. “Em quatro anos de trabalho, eu tive que ir aumentando o custo com gasolina gradativamente. Comecei com R$ 20, depois foi R$ 30 e agora é R$ 50. Daqui uns dias, não dá mais para sustentar”. Wellington necessita do combustível para fazer suas viagens com clientes particulares e atender como cabeleireiro em domicílio.

De acordo com o motorista, ele optou por diminuir sua margem de lucro a aumentar muito o preço dos seus serviços com medo de perder clientes. “Eu fiz um pequeno aumento nas viagens de carro. Mas o serviço de cabeleireiro eu não consegui, se não ninguém quer fazer”. Outra questão que Wellington tem que enfrentar é a concorrência com os preços de motoristas de aplicativo. Ele possui clientes fixos, que sempre comparam os valores.

Nacional

Os aumentos acompanharam a média nacional do preço da gasolina nas bombas que terminou na última semana em alta, segundo dados atualizados na última segunda-feira (9), pela ANP. O preço médio por litro da gasolina para o consumidor sofreu o sexto aumento semanal consecutivo fechando em R$ 4,489. O relatório abrangeu a semana do dia 1º ao 7 de dezembro.

O preço por litro de óleo diesel teve elevação de 0,27% na semana avaliada e foi para R$ 3,718 por litro, em média. A alta interrompeu a sequência de três retrações semanais seguidas. O preço do etanol também sofreu alta. O encarecimento foi de 1,83%, para R$ 3,060 por litro. Foi o 11ª aumento seguido. Os valores apresentados pelo relatório são resultado de uma média calculada pelo órgão com dados apurados em postos de gasolina em diversas localidades do país. Por isso, os preços vão variar de acordo com a região.

 Gasolina compensa mais que etanol em Goiânia

Abastecer o tanque do carro com etanol não está compensando em Goiás. Isso acontece apenas quando o combustível feito de cana de açúcar custar 70% do valor médio da gasolina. O combustível derivado do petróleo rende mais no motor do que o álcool. Por isso, se for para economizar, só compensa usar o combustível derivado da cana-de-açúcar quando ele tem 70% da cotação média da gasolina.

Embora o consumo mude de um veículo para outro, na média um carro que fizer 10 quilômetros por litro com gasolina vai percorrer cerca de 7 quilômetros com um litro de etanol. Apesar do consumo do automóvel ser maior quando abastecido com etanol, o combustível feito com cana de açúcar emite menos poluentes do que a gasolina. Isso revela que, além da questão financeira e econômica, a seleção de combustíveis pelo consumidor também leva em conta a opção de cada um em relação à poluição.

No entanto a produção do combustível renovável no país camufla atividades e relações que não são nada sustentáveis no aspecto socioambiental. 

Quantidades inimagináveis de terras férteis têm sido e continuarão sendo destinadas para produção de cana-de-açúcar. Centenas de milhares de pequenos agricultores são expulsos de suas terras de origem e a poluição da água e dos recursos naturais resultante da queimada da palha de cana, além dos danos à biodiversidade local.

Centro-Oeste

Segundo levantamento da ANP, o etanol mais barato do país está no Mato Grosso, onde ele custa em média R$ 2,728. Isso faz com que ele seja muito mais vantajoso diante da gasolina, que sai pelo preço médio de R$ 4,599. A relação de 59,3% é a melhor entre todos os Estados do país. Por outro lado, o Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul estão com os maiores valores para o etanol. Nas duas unidades federativas, o litro do combustível renovável custa mais de R$ 4,00. No Rio de Janeiro, a relação de preço entre os dois combustíveis é de 80,64%, porcentual que ascende a 88,9% no Rio Grande do Sul. (Especial para O Hoje)  

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