Polícia Civil cumpre mandados de busca e apreensão contra sócios do Ingoh

Ação que apura superfaturamento superior a R$ 50 milhões conta com participação de 160 policiais civis e peritos criminais da Polícia Técnico-Científica| Foto: Divulgação/Polícia Civil

Postado em: 12-12-2019 às 10h00
Por: Redação
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Ação que apura superfaturamento superior a R$ 50 milhões conta com participação de 160 policiais civis e peritos criminais da Polícia Técnico-Científica| Foto: Divulgação/Polícia Civil

Eduardo Marques

A Polícia Civil do Estado de Goiás (PCGO) realiza a Operação Metástase na manhã desta quinta-feira (12). A ação mira indivíduos vinculados ao Instituto Goiano de Oncologia e Hematologia (Ingoh), nas pessoas de seus sócios e outros profissionais, e antigos servidores da cúpula do Instituto de Assistência dos Servidores Públicos do Estado de Goiás (Ipasgo). 

A investigação apontou a existência de uma estrutura típica de organização criminosa, com a nítida divisão de tarefas direcionadas à estruturação de um esquema fraudulento de desvios milionários de recursos da instituição pública. Um dos mandados de busca foi cumprido no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo).

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A operação do Grupo Especial de Combate à Corrupção (GECCOR) é coordenada pelo delegado Gylson Mariano Ferreira e envolve 160 policiais civis (delegados, agentes e escrivães) e peritos criminais da Polícia Técnico-Científica. Os mandados estão sendo cumpridos no Hugo, Ingoh, Ipasgo e outros pontos da capital, como residências.

Segundo as investigações, o grupo investigado utilizava-se das seguintes ferramentas para cometer os crimes: criação e utilização de auditor robô, responsável pela auditoria automática das contas do Ingoh, fato que culminava na ausência de glosas (bloqueio de valores indevidos); auditorias volumosas de contas do Ingoh efetivadas por auditores do Ipasgo que mantinham vínculo com o Instituto Goiano de Oncologia e Hematologia (conflito de interesses); criação e utilização da empresas terceirizadas para a consecução das auditorias fraudulentas com influência direta dos membros da antiga cúpula do Ipasgo sobre os sócios da empresa.

Os investigados tinham faturamento milionários por meio da: inaplicabilidade do desconto de 15% previsto no regime de credenciamento especial do Ingoh, somado à desproporcionalidade da tabela de medicamentos oncológicos; ausência quase que absoluta (percentual de 0,19%) de glosas nas contas do Ingoh durante do período de credenciamento oncológico especial; pagamento indevido de taxa de uso de sala do Ipasgo ao Ingoh de medicamentos por via oral, intramuscular ou subcutâneo (não compatíveis com referida cobrança).

Além disso, o grupo agia também com pagamento do Ipasgo de medicação quimioterápica sobre frasco cheio ao Ingoh, em detrimentos às demais clínicas oncológicas que recebiam por fração utilizada do medicamento; estabelecimento de subdosagem, e/ou o estabelecimento de medicações de custo baixo com cobrança de medicamentos de referência, além do agrupamento de pacientes para tratamentos. Todas as condutas direcionadas ao superfaturamento de contas do Ingoh.

De acordo com informações da PCGO, eles agiam ainda por meio de prescrição e aplicação de tratamento quimioterápico inadequado com objetivo de angariar vantagem indevida, como no caso do paciente Alexandre Francisco de Abreu, que morreu devido ao tratamento criminoso recebido no Ingoh. Foi constatado ainda a apropriação de dinheiro público relativo a honorários médicos do Ipasgo por parte do presidente do Ingoh, sem a efetiva contraprestação de trabalho. 

Procurado pela reportagem, o Ipasgo informa, por nota, que apoia o andamento da Operação Metástase, da Polícia Civil do Estado de Goiás, que investiga um esquema criminoso que ocorria no órgão nas gestões passadas. Os primeiros indícios de fraudes e desvios apareceram em auditoria promovida pela atual gestão do Ipasgo, cujos dados foram reportados à Controladoria Geral do Estado. 

O Ipasgo espera que todos os fatos relativos a tais denúncias sejam adequadamente apurados. A nova gestão do instituto esclarece que, desde o início do ano, atuou para fortalecer as medidas de transparência e o combate à corrupção. 

O instituto tem apoiado de forma incondicional o andamento das operações da Polícia Civil e todas as informações solicitadas pelos órgãos de controle, como Controladoria Geral do Estado e Ministério Público, e pela Secretaria de Segurança Pública, estão sendo fornecidas. 

Já, o Ingoh ainda não se manifestou sobre a operação. O espaço permanece aberto e esta matéria poderá ser atualizada.  

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