Obras da UPA do Jardim América seguem inacabadas e abandonadas

Moradores do setor Jardim América estão revoltados com o descaso da obra da futura UPA local| Foto: Wesley Costa

Postado em: 30-12-2019 às 06h01
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Obras da UPA do Jardim América seguem inacabadas e abandonadas
Moradores do setor Jardim América estão revoltados com o descaso da obra da futura UPA local| Foto: Wesley Costa

Daniell Alves

Embora tenham sido anunciadas melhorias em algumas unidades de saúde de Goiânia, o Centro Integrado de Atenção Médico Sanitária (Ciams) do Jardim América segue com obra parada há mais de dois anos. A unidade atendia a população local e pacientes de outras regiões, mas após início da reforma, impediu que os moradores fossem atendidos. Estes precisam se locomover para outras unidades na busca de atendimento.

Segundo a Prefeitura de Goiânia, ali será construída uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA). A unidade deveria ter sido concluída entre em abril deste ano, de acordo com informações divulgadas pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia. No entanto, o lugar está abandonado e com o mato bastante alto.

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A reportagem do Jornal O Hoje foi até o Centro e conferiu de perto a situação da unidade. Além de não ter atendimento, o descaso com a obra ameaça a segurança dos moradores. Quem passa pelas ruas ao redor do local, vê cartazes nos portões dos moradores com a frase “Luta pela UPA do Jardim América, eu apoio”.

Esta foi uma das maneiras que as pessoas encontraram de se mobilizar em prol da unidade de saúde. Como fez a moradora Nalva Pascoal, que está indignada com o descaso para o término e entrega da obra. Nalva perdeu a mãe há três anos e, desde então, precisa tratar a depressão que adquiriu após a perda. Antes, era possível atravessar a rua e se dirigir à unidade. Hoje, ela precisa ir até o Centro Integrado de Atendimento Médico Sanitário (Ciams), do setor Novo Horizonte.

“A gente tem que gastar com ônibus ou até um motorista. Às vezes, eu chego lá e nem consigo ser atendida”, lamenta ela. Segundo a moradora, a unidade em reforma foi deixada de lado e se transformou em um foco para os mosquitos da dengue, ameaçando a saúde da população. O local, que deveria zelar pela qualidade de vida dos pacientes, se encontra sujo e abandonado. “O mato está muito alto e também tem mosquitos da dengue, já que quando a chuva vem não tem ninguém para limpar”, diz ela.

Um dos questionamentos levantados pela moradora é por que iniciaram a obra para que fosse paralisada depois. “O atendimento era rápido. Era melhor ter deixado do jeito que estava. A unidade não era bonita, mas atendia a população que precisa todos os dias de atendimento e não consegue”, destaca. “É um sentimento de muita tristeza ver que as pessoas gastam o que não têm como serem atendidas longe daqui”.

Mobilização

Os moradores já se mobilizaram diversas vezes para que houvesse uma solução. Segundo eles, a Prefeitura de Goiânia garantiu que ia pelo menos fazer a roçagem do mato para evitar possíveis assaltos ou doenças, mas nada foi feito até o momento. Uma das representantes do bairro, Kátia Oliveira, conta que eles já fizeram uma faixa parabenizando os dois anos de aniversário da UPA, devido à paralisação da obra.

“Durante a semana, ao redor da unidade, fica um monte de carros estacionados e também impedem a passagem dos moradores. Se a obra já tivesse sido entregue, nós não estaríamos passando por esses problemas”, diz Kátia.

Como o local está abandonado há alguns anos, ele está sendo usado como refúgio para pessoas que não têm onde morar ou até mesmo para bandidos. De acordo com os moradores, muitas pessoas já trouxeram até camas para dormir no local. Os equipamentos que seriam utilizados para o atendimento da população também foram roubados. E isto interfere ainda mais na entrega.

“As pessoas entram no local para consumir drogas ou dormir. Já aconteceu várias vezes de tentarem roubar alguém e depois se esconder no local também”, conta Jonatas David Fernandes, 22 anos. Ele, que trabalha como motorista, passava todos os dias pelas ruas do Jardim América.


Sonho interrompido

Ena de Sousa mora no bairro há mais de 50 anos. A UPA está em frente à sua casa, mas ela precisa, às vezes, ir a Trindade para ser atendida. A aposentada mora sozinha e muitas vezes não consegue ficar muito tempo em pé.

Quando precisa ir ao médico para tratar de alguma doença ou dor, ela precisa pagar algum motorista para levá-la à unidade mais próxima. “Tem quase três anos que essa obra está parada, mas ninguém nunca vem terminar”.

Dona Ena, de 77 anos, iria abrir um comércio para ganhar um dinheiro extra. Porém, a pouca movimentação impediu que ela continuasse com o sonho de vender doces e salgados na porta de casa. “A esperança é que terminem logo essa UPA para que a população aqui do nosso bairro seja atendida e eu possa começar o meu negócio”, diz ela.

 UPA deve ser entregue em maio de 2020

O superintendente de Redes e Atenção à Saúde da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Silvio José de Queiroz, explica que a empresa que iniciou a construção e abandonou a obra alegando falência. A ideia era chamar a empresa que foi segunda colocada na licitação, mas após uma análise jurídica, descobriram que isso não era possível. Então, foi preciso abrir uma nova licitaçãol. “Em janeiro, o processo licitatório estará concluído e depois que começar a obra, em 4 meses, poderemos inaugurar a UPA”.

A futura UPA

De acordo com a SMS, a UPA Jardim América será maior do que o antigo Ciams que funcionava no local. A ampliação será de 1.144,73 m². Na área total, que chegará a 2.216,45 m², haverá consultórios de clínica médica, pediatria e odontologia, leitos de observação para adultos e crianças, salas de medicação, nebulização, ortopedia, reanimação e uma sala de emergência, para estabilizar os pacientes mais graves até serem levados a um hospital. Além disso, contará com raio-x, Central de Materiais Esterilizados completa, eletrocardiografia, laboratório de exames, entre outros benefícios.

Ainda na época do lançamento da obra, os custos estavam orçados em pouco mais R$ 3 milhões. O objetivo é aumentar o número de atendimentos na região Sul de Goiânia, 24 horas por dia, sete dias por semana. (Daniell Alves é estagiário do Jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian)

  

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