Segunda-feira, 01 de julho de 2024

Máximas de temperatura estão 5ºC acima do mês de janeiro para Goiânia

As temperaturas máximas ultrapassaram os 35ºC nos últimos cinco dias| Foto: Wesley Costa

Postado em: 16-01-2020 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Máximas de temperatura estão 5ºC acima do mês de janeiro para Goiânia
As temperaturas máximas ultrapassaram os 35ºC nos últimos cinco dias| Foto: Wesley Costa

Igor Caldas

O ano começou com calor intenso na Capital e as pancadas de chuvas devem refrescar a população apenas no próximo sábado (18). De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia em Goiás (Inmet), as máximas de temperatura deste mês estão cinco graus acima da média do mês de janeiro para Goiânia.

A chefe do Inmet no Estado, Elizabeth Alves, afirma que a média das máximas para o primeiro mês do ano em Goiânia fica em torno dos 31ºC.  As máximas ultrapassaram os 35ºC nos últimos cinco dias. Apesar do calor estar acima da média para o mês de janeiro, a temperatura teve pequena variação em relação ao mesmo período do último ano. “As temperaturas vêm aumentando desde 2014”, afirma a chefe do Inmet em Goiás.

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Ela diz que a previsão para esta quinta-feira continua para temperaturas máximas de 35ºC. No entanto, o calor deve amenizar no fim de semana “Agora para sexta-feira, a temperatura já baixa um pouco mais, fica em torno de 32ºC. No sábado, as máximas vão chegar até 30ºC”, afirma Elizabeth. Ela ainda afirma que o clima não deve ficar tão frio porque estamos no período de verão, mas a queda nos termômetros deve dar uma aliviada no calor, mesmo que a nebulosidade traga a sensação de ar abafado.

Este mês é a época do ano que os netos de Luis Carlos Barbosa vêm passar as férias em sua casa, em Goiânia. O administrador de empresas aproveita para levar as crianças para se refrescarem nos parques da cidade. Seu parque preferido para a realização dos passeios é o Vaca Brava, no Setor Bueno. “Aqui não tem poeira, tem sombra à vontade e bate uma brisa fresquinha durante a tarde”.

O administrador de empresas afirma que sob altas temperaturas, os cuidados com as crianças têm que ser redobrados. “A gente reforça no refresco e água para amenizar o calor. Elas se sentem incomodadas com as altas temperaturas e ficam muito inquietas. Não conseguem ficar em casa”. A inquietude dos netos faz com que Luis tenha que levá-las para passear.

Ele ainda afirma que mora há dez anos em Goiânia e admite sentir que o calor vem aumentando na cidade há pelo menos quatro anos. “Goiânia sempre foi quente, mas de uns anos para cá a temperatura subiu de um jeito que eu nunca tinha sentido antes”. Sobre a previsão de chuva, Luis não parece estar muito otimista. “Quando chove parece que não refresca muito. Fica mais abafado”.

Elizabeth afirma que no primeiro mês do ano, a ocorrência de intervalos sem chuva já é esperada, inclusive por agricultores goianos. O fenômeno é conhecido como veranico, um período sem chuvas durante um mês chuvoso. “Quando ocorre essa condição, é por conta da atuação de massa de ar seco, com circulação de alta pressão, e em níveis altos da atmosfera que favorecem a massa de ar seco”, afirma a chefe do Inmet.

Ela ainda afirma que o município de Rio Verde está há quatro dias sem chuva, Ipameri está sem ver água cair do céu há cinco dias. “Praticamente não ocorreram chuvas, se for desconsiderado chuviscos, essas cidades ficaram sete dias sem chuva”.

 

Cientistas afirmam que Brasil sofre com aquecimento 

Uma reunião realizada no último ano no Senado Federal entre as Comissões de Relações Exteriores (CRE) e de Meio Ambiente (CMA) com renomados cientistas brasileiros levou ao consenso de que o país deve se esforçar para cumprir as metas acordadas no âmbito do Acordo de Paris para mitigar os efeitos danosos do aquecimento global.

Presente na reunião, o biofísico Carlos Nobre, que trabalha junto à Universidade de São Paulo (USP) e é membro da Academia de Ciências dos EUA (NAS) afirma que praticamente todas as regiões do país serão sócio-economicamente inviabilizadas caso a temperatura média mundial aumente 5ºC até o fim do século. Isso pode ocorrer se nada for feito para reduzir as emissões de CO2.

Ele também alerta que os efeitos do aquecimento global já são evidentes no Brasil. Durante a década de 1960, a média de dias por ano com temperatura superior a 34ºC nunca passava de 30 dias. No entanto, desde o início do século 21, este índice nunca mais foi inferior a 60 dias por ano. A temperatura média de 34ºC é relevante para o país porque um índice superior a este inviabiliza a prática de diversas culturas agrícolas.

O biofísico ainda chama a atenção para a possibilidade do Brasil de passar a sofrer mais com eventos extremos relacionados a períodos de seca intensa ou de chuvas, respectivamente nas regiões Nordeste e Sudeste. Estas condições extremas destes fenômenos já vêm se manifestando com uma freqüência muito maior nos últimos anos, e estes extremos podem tornar-se o “novo normal” nestas regiões que já são atingidas pelo aquecimento global.

Ele afirma que situação da Região Nordeste é muito preocupante. “A seca entre 2012 e 2018 foi a mais longa da história, e estas medições são feitas desde o período imperial. A região já vive um período de aridização, por exemplo, no norte da Bahia” alertou o cientista. A Amazônia também está passando por situações anômalas e sem precedentes desde 2009, alternando seguidamente períodos de secas e inundações.

Ele ainda defende o cerne do Acordo de Paris, para que a temperatura média global não se eleve mais do que 2ºC até 2100. O cientista lembrou que o trabalho da ONU leva em conta um índice mundialmente consensual na medicina, que faz o cálculo do limite fisiológico do ser humano a uma temperatura de 34ºC e leva em conta a umidade relativa do ar em 100%. Capitais como Manaus, Cuiabá e Rio Branco já atingem a temperatura de 32°C hoje neste cálculo. (Especial para O Hoje) 

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