Drenagem insuficiente vai continuar a comprometer o trabalho da Feira Hippie

Titular da Seinfra, Dolzonan Mattos, diz que a solução definitiva para o problema só vai acontecer em agosto deste ano| Foto: Weslery Costa

Postado em: 31-01-2020 às 06h01
Por: Sheyla Sousa
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Titular da Seinfra, Dolzonan Mattos, diz que a solução definitiva para o problema só vai acontecer em agosto deste ano| Foto: Weslery Costa

Igor Caldas

A Praça do Trabalhador vai voltar a ser palco da Feira Hippie apenas em maio deste ano, três meses antes da conclusão das obras de drenagem pluvial na região. Segundo a Secretaria de Infraestrutura e Obras de Goiânia (Seinfra), a solução para o problema de alagamentos no Centro da cidade somente será resolvido com o término do conjunto de obras de drenagem que ficará pronta em agosto. Até lá, os trabalhadores da Feira Hippie e da Madrugada vão continuar sofrendo com as inundações.

Chega o fim de semana e o problema se repete, os comerciantes sofrem com os alagamentos no local provisório de instalação das tendas, em um trecho da Rua 44. Segundo a Associação de Feirantes da Feira Hippie, as chuvas que caíram nas manhãs do último fim de semana afetaram cerca de 1,5 mil bancas que não puderam ser instaladas nos locais alagados. De acordo com o presidente da Associação, Waldivino da Silva, é provável que o incidente volte a se repetir nas próximas chuvas, se não houver nenhuma intervenção na infraestrutura do local. Segundo a previsão do Clima Tempo, é esperado tempestades e chuvas fortes com ventania neste sábado (1) e domingo (2).

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O presidente da Associação afirma que o local necessita de desvios de água, desentupimento de bocas de lobo e uma contenção do excesso de água que sai das obras da Praça do Trabalhador em direção às ruas adjacentes. Ele cobra as intervenções do Poder Público. “A Seinfra tem que colocar uma estrutura lá, principalmente com essas previsões de tempo que estão sendo feitas de agora para frente”. Ele ainda diz que a estrutura de drenagem paliativa já deveria ter sido feita ou então a Feira Hippie vai continuar a sofrer mais prejuízos. Waldivino declara que o eletricista e os montadores estão em alerta.

Os feirantes afirmam que a área sempre sofreu com alagamentos, mas o problema está sendo agravado pelas obras da Praça do Trabalhador. Waldivino alega que a obra da Seinfra precisa de uma estrutura de contenção.“Proporcionalmente, a água que se acumula no canteiro de obras é semelhante a uma barragem. Ela junta lá dentro e vai embora de uma vez para cima das quadras onde montamos as barracas. É uma água barrosa e suja. É por isso que a cada dia que passa, nós levamos mais prejuízos”.

Fábio Henrique Lima, que trabalha na Feira da Madrugada há dois anos e na Feira Hippie há 12 confirma que a Rua 44 fica totalmente inundada com as chuvas. “As enxurradas acabam trazendo aquela lama para cá e a água chega até as canelas. A rua alaga de ponta a ponta”, lamenta. “Se chover grosso, tem que correr atrás para salvar a mercadoria”. Ele afirma que quando a feira acontecia na Praça do Trabalhador, os comerciantes também sofriam com alagamentos, mas a água não era tão suja. 

Danyella Cristina trabalha na Feira da Madrugada há dois anos e afirma que a situação dos comerciantes se complica quando o volume de chuvas aumenta. “Fica tudo cheio de água, as bocas de lobo ficam todas entupidas. É uma água preta, muito suja, cheia de lixo”, relata. Ela afirma que ainda não viu nenhum colega perder as mercadorias. “Não vi ninguém perder nada porque os feirantes estão preparados para o pior”. 

Presidente da Associação de Comerciantes da Rua 44, Jairo Gomes, confirma que a Rua 44 sempre sofre com transtornos causados por inundações na época de chuvas. “A rede de drenagem da cidade não é suficiente para escoar a água que cai das tempestades nessa época. E o problema não é apenas aqui na Rua 44. As inundações se espalham em vários setores da cidade”. No entanto, ele concorda que a região central de Goiânia é um ponto crítico do problema.

Secretário admite que rede de drenagem é insuficiente

O secretário de obras do município, Dolzonan Mattos, afirma que a rede de drenagem atual é insuficiente para escoar a água das chuvas na Capital. Ele ainda diz que a solução definitiva para o problema só vai acontecer em agosto deste ano e citou pelo menos três trechos onde a rede de drenagem está sendo refeita em Goiânia.

Lixo no chão

Outro problema elencado por Dolzonan é a quantidade de lixo que se acumula após as feiras da região. “Todos os resíduos que são jogados no chão após a ocorrência das feiras são carregados pela água da chuva e entopem as bocas de lobo que deveriam escoar as águas pluviais”. Ele ainda diz que o lixo deveria ser recolhido em containers e pede mais consciência da população.

A administração investiu mais de R$ 20 milhões desde o início da gestão em obras de infraestrutura específicas para a retenção, acumulação e escoamento das águas pluviais, como galerias, bueiros, jardins de chuva e bacias de contenção para tentar solucionar problemas de alagamentos em áreas onde o forte adensamento populacional dificulta o livre escoamento das águas devido à impermeabilização do solo.

Segundo Dolzonan, as obras da nova rede de drenagem vão trazer a solução definitiva para os problemas com alagamentos e enchentes em um dos pontos mais recorrentes da Capital, a região central de Goiânia, abrangendo a Avenida Goiás e seu entorno, a Região da Rua 44, Avenida Independência, Praça do Trabalhador, Praça do Bandeirante e Praça Cívica. Iniciadas em março deste ano, as obras de drenagem serão concluídas apenas em agosto.

O secretário afirma que alguns trechos já foram concluídos e outros estão em estado avançado de obras, como é o caso da rede de drenagem de um dos  lados da Avenida Goiás. “O Trecho da drenagem da Leste-Oeste já foi concluído, mas está vedado porque sua saída teve que ser transferida para outro ponto”. Ele afirma que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) divergiu do ponto de saída próximo a antiga Estação Ferroviária. A nova saída será no cruzamento da Avenida Goiás com a Avenida Leste Oeste, próximo à Câmara Municipal

De acordo com Dolzonan, outra rede que deve contribuir para o escoamento das águas pluviais está sendo feita entre a Avenida do Contorno até a Rua 4 e no cruzamento da Avenida Goiás com a Paranaíba até a Rua 27. As obras de drenagem vão da Avenida Goiás até a Praça Cívica.

A rede de drenagem na Avenida Goiás integra o sistema do BRT Norte-Sul e tem 2,6 km de extensão, entre a Praça Cívica e o Setor Norte Ferroviário, o lançamento será no Córrego Capim Puba. As obras tiveram início em maio do ano passado, na Rua 4, no Setor Norte Ferroviário, passando pela Avenida Oeste, no Setor Marechal Rondon, Avenida Goiás, onde cruza a Avenida Independência para chegar até à Praça Cívica. A próxima etapa será no outro sentido da via.

O custo para a execução das obras nesse trecho da Goiás até a Praça Cívica é de R$ 40,575 milhões, sendo a Drenagem: R$ 7,775 milhões; Pavimento Rígido: R$ 17,194 milhões; Pavimento Flexível: R$ 3,468 milhões; Obras complementares: R$ 10,178 milhões; e Estações: R$ 1,960 milhões. (Especial para O Hoje)  

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