Escola Estadual Parque Amazonas passou a ser usado para descarte de lixo

Estrutura dos muros que cercam a antiga escola está comprometida com a ação do tempo e corre risco de cair| Foto: Wesley Costa

Postado em: 07-02-2020 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Estrutura dos muros que cercam a antiga escola está comprometida com a ação do tempo e corre risco de cair| Foto: Wesley Costa

Igor Caldas

A Escola Estadual Parque Amazonas cumpria o papel de formação educacional no bairro foi desativada há cinco anos para construção de uma estação do Bus Rapid Transit (BRT). Desde então, abandonada, a vegetação começou a crescer no local que passou a ser usado para descarte ilegal de lixo, aumentando o risco de transmissão de doenças e insegurança da população da região. A via do sistema do BRT nunca passou perto da antiga escola. Moradores reclamam que o espaço localizado na Avenida Rio Verde com Alameda Imbé está sendo usado como esconderijo de bandidos.

A estrutura dos muros que cercam a antiga escola está comprometida com a ação do tempo e corre risco de cair. Algumas partes dele já desabaram, deixando o espaço interno com livre acesso a qualquer um que queira entrar. Por dentro, o lugar é o retrato de abandono. O chão está coberto de telhas quebradas e resta apenas o esqueleto da estrutura de uma quadra de esportes que poderia ter continuado a ser usada pela comunidade. Na época, o custo da construção da quadra foi de R$ 150 mil.

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Felipe Moraes Reis é morador da região e já estudou na instituição entre 2012 e 2014. A escola foi fechada em 2015. Ele afirma que a quadra de esportes era a parte mais nova da escola. “Eles gastaram um montão de dinheiro para construir a quadra e assim que terminaram, a escola foi fechada’. Ele revela que o local foi fechado com uma quadra poliesportiva nova em folha. “O local foi abandonado e a quadra começou a degradar. “Eu nunca joguei bola nessa quadra”, declara.

O ex-aluno alerta que o lugar se tornou perigoso porque a vegetação alta pode servir como esconderijo para usuários drogas e marginais. O motorista Renan Muriel, 22 anos, nasceu e foi criado no bairro. Ele ficou revoltado com o fechamento da escola e afirma que o local prestava um serviço fundamental para a comunidade da região e agora se tornou um mocó. “Agora aqui só serve para reunir drogados e amontoar lixo”, lamenta.

Ele relata que a Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) realizou a limpeza do local recentemente, mas a população já voltou a descartar resíduos no local. “É um absurdo. Falta consciência do povo que joga tudo quanto é tipo de coisa aí. Nessa época de chuva dá medo de virar foco de mosquito”, alerta. “Antes de a Comurg vir aqui estava tão lotado de lixo que transbordava para fora”.

A escola funcionava há 22 anos no mesmo edifício, localizado na Avenida Rio Verde com Alameda Imbé, no bairro Parque Amazônia.  A área pertence à Prefeitura de Goiânia, que solicitou a devolução ao governo estadual, porque no local seria construído uma estação do BRT. A quadra de esportes com equipamentos novos nunca foi usada pelos alunos.

As obras do BRT se arrastam desde março de 2015 e prevê a construção de 21,8 km de pistas exclusivas. O projeto deve atender 148 bairros de Goiânia e Aparecida de Goiânia. A expectativa é de que os corredores exclusivos beneficiem 120 mil pessoas diariamente, sendo 15 mil no horário de pico. O sistema aumentaria a velocidade dos coletivos que passariam da média de 14 km/h para 28 km/h.

Fechamento da unidade prejudicou comércio local

Há 32 anos o frentista Luíz Fernando Sousa trabalha em um posto de gasolina vizinho ao colégio fechado. Ele declara que o fechamento da instituição impactou o comércio local. “Depois que fecharam a escola, tudo desandou. O colégio tinha aulas em todos os períodos do dia. Então a rua aqui tinha movimento de manhã, à tarde e à noite. Agora quando escurece, já era. Tem é que sair de perto porque tem risco de ser assaltado”, avalia.

Ele afirma que se decepcionou porque a promessa do BRT ainda não veio e, sob sua análise, o colégio nunca deveria ter sido fechado. “Fechar escola é um ato absurdo. Que engenheiro é esse que não pensou em uma alternativa para passar essa via? Não tinham que fechar. Já passou da hora de voltar a ter uma escola aqui na região. A mais próxima fica em Aparecida de Goiânia”. O frentista ainda diz que o lugar era uma referência para a região.

Luíz está descrente quanto à conclusão da obra do BRT. “Sinceramente, eu acho que esse sistema nunca vai sair. Eles prometem isso há muitos anos, falam que vai melhorar, mas a única coisa que eu vi acontecer em todo esse período foi o fechamento da escola. Para o lado de cá, não teve resultado”.

A Secretaria de Infraestrutura e Obras do município (Seinfra) informa que a construção do trecho 1 do BRT, entre o Terminal Isidória e o Terminal Cruzeiro está em processo licitatório. Esse é o trecho que deve passar pela escola fechada. A Secretaria ainda afirma que os trabalhos foram abertos à concorrência pública no último dia 3. Dois consórcios e uma empresa foram habilitados. A concorrência é pública e pode ser acompanhada pelo Portal da Transparência da Prefeitura de Goiânia.

Protestos 

Em 2015, houve protestos de alunos e funcionários do Colégio Estadual Parque Amazônia contra a desapropriação do imóvel para dar lugar as obras do BRT, que deveria interligar o transporte público das regiões Norte a Sul da capital. A obra do BRT foi interrompida no ano seguinte.

A escola, que funcionava desde 1993, possuía 750 alunos e 54 professores. Na época, reclamaram que, com a demolição do prédio, os estudantes foram transferidos para escolas mais distantes. Alguns estudantes protestaram por não terem recursos para pagar pelo transporte até as outras unidades de ensino.  (Especial para O Hoje)  

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