Funcionários e pacientes do Caps Esperança são obrigados a conviver com mato alto

Estrutura interna do edifício também apresenta sinais de precariedade, com rachaduras e infiltrações| Foto: Wesley Costa

Postado em: 12-02-2020 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Estrutura interna do edifício também apresenta sinais de precariedade, com rachaduras e infiltrações| Foto: Wesley Costa

Igor Caldas

Por negligência da administração pública, funcionários e pacientes do Centro de Atendimento Psicossocial (Caps) Esperança, no bairro Jardim Petrópolis, são obrigados a conviver com um foco constante da proliferação de mosquito da Dengue. A água parada de uma piscina que fica no fundo do prédio assusta os servidores que trabalham no local. 

A vegetação com ausência de poda revela o desinteresse do poder público em cuidar do espaço. A estrutura interna do edifício também apresenta sinais de precariedade, com rachaduras e infiltrações. Líder comunitário afirma que pelo menos mais três unidades de saúde têm problemas semelhantes.

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De acordo com o vice-presidente do Conselho Local de Saúde da Região Oeste, Edinaldo Marques Neves, a situação precária do Caps Esperança é a mesma há vários anos. “Todo ano ficamos nessa apreensão. São feitas várias solicitações para que a Comurg faça a limpeza, mas continua do mesmo jeito”. Segundo ele, a Companhia de Urbanização de Goiânia alega que não entra no local sem a autorização da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).

“Há uma rixa. A SMS tem que pagar a Comurg para executar o serviço, mas como tem muito tempo que ela não paga, a Companhia de Urbanização se recusa a realizar a limpeza”, declara. Edinaldo ainda afirma que o Posto de Saúde do bairro São Francisco, Centro de Atenção Integral à Saúde (Cais) do Bairro Goiá e a unidade de saúde do setor Goiânia Viva estão em situação semelhante.

Funcionários que não quiseram se identificar à reportagem alegam que vários memorandos já foram expedidos na tentativa de que a prefeitura tome uma atitude para realizar a limpeza do local. Porém, nada foi feito. “Todo mundo trabalha aqui com medo de contrair dengue por causa desse mato e da água parada da piscina. Já tivemos pessoas doentes”, afirmou um servidor. A equipe entrou no prédio e constatou vazamentos internos por infiltração nas paredes e teto da unidade de saúde.

Reuniões

Edinaldo afirma que já houve várias reuniões com os responsáveis pela unidade de saúde. “Aquela piscina a gente já mandou retirar ou cobrir, mas passa ano e entra ano e a situação continua a mesma”. Ele ainda diz que já houve diálogo com o prefeito Iris Rezende e com a Secretária Municipal de Saúde. “Sempre foi assim. É uma luta para fazer com que eles venham aqui limpar. Quando chega nessa época de chuvas o mato volta crescer e a romaria começa de novo”.

Local de difícil acesso

O Centro de Atendimento Psicossocial do Jardim Petrópolis fica em local de difícil acesso, aos pés do Morro do Mendanha. “Tem paciente aqui que não tem condições de saúde para pegar o transporte coletivo, mas dependendo da necessidade, são obrigados à subir essa ladeira íngreme para chegar até aqui”. Ele afirma que as autoridades já prometeram reformas no local e chegaram até a propor a mudança do Caps de endereço. “Já prometeram de tudo, mas fica só na conversa”, lamenta.

Outro problema apontado pelo líder comunitário no Caps Esperança é o fechamento da farmácia no período vespertino. “A farmácia fica fechada à tarde. Os pacientes que fazem atendimento neste período não podem pegar remédios”, ele ressalta que o local faz atendimento à saúde mental e que normalmente os medicamentos usados nos tratamentos são caros e imprescindíveis para a melhoria do quadro psiquiátrico dos atendidos. A esposa de Edinaldo faz tratamento psiquiátrico na unidade de saúde.

De acordo com ele, a luta para manter a farmácia funcionando em dois períodos é antiga. “Antes, a farmácia só ficava aberta na parte da tarde. Daí, a gente fez muita pressão para eles abrirem também na parte da manhã. Quando a gente conseguiu, eles transferiram o servidor que ficava na parte da tarde e começou tudo de novo”.

A Secretaria Municipal de Saúde informa que a roçagem no Centro de Atenção Psicossocial Esperança (CAPS), Jardim Petrópolis, e as unidades de saúde dos bairros Goiá, Goiânia Viva e São Francisco está no cronograma de serviços de limpeza e será realizada até a próxima semana. Em relação à água da piscina, uma equipe de agentes da zoonoses irá inspecionar o local ainda esta semana.

Número de servidores no Caps Esperança é insuficiente

O líder comunitário afirma que o Caps Esperança atende toda a população da região Oeste. “A unidade precisa de 52 servidores, mas funciona com 22”. Ele ainda garante que todos os 18 Conselhos Locais de Saúde se reunirão no próximo dia 19 de fevereiro, no bairro Goiânia Viva. “Por meio dos Conselhos, conseguimos fazer denúncias e averiguar a situação das 18 unidades de saúde do município”.

Edinaldo afirma que os servidores de saúde não denunciam a situação dessas unidades por temerem retaliações. “A gente sabe que há represálias. Quando um servidor denuncia, ele é transferido para outro lugar, normalmente longe de sua casa”. Os Conselhos se reúnem com os servidores uma vez por mês.  “A única coisa que os servidores podem fazer é expedir memorandos. O Conselho tem que fazer essa ponte para fazer denúncias, o funcionário não pode fazer isso”.

Ele ainda alega que deputados e vereadores do município se aproveitam da situação das unidades de saúde para promover ações de limpeza e revertê-las em votos. “Os políticos aproveitam para dar um jeito de fazer medidas paliativas nas unidades de saúde, como se isso não fosse obrigação da administração pública”.

Até agora o vice-presidente do Conselho local de saúde afirma que as reuniões com a Secretaria e com o prefeito não deram em nada. “Nossa última reunião com o prefeito Iris Rezende foi outubro do ano passado. Até hoje a farmácia continua fechada. E se quisermos o local limpo, temos que fazer um mutirão com os próprios servidores e membros do Conselho”, lamenta. (Especial para O Hoje)  

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