Erosões avançam e ameaçam vias e imóveis em Aparecida de Goiânia

Há 45 pontos com erosões no município. Destes, 22 ameaçam ou já atingiram vias públicas e imóveis na cidade| Foto: Wesley Costa

Postado em: 15-04-2020 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Há 45 pontos com erosões no município. Destes, 22 ameaçam ou já atingiram vias públicas e imóveis na cidade| Foto: Wesley Costa

Igor Caldas

O problema das erosões, característico da época de chuvas, avança em Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da Capital. De acordo com o Cadastro de Erosões às Margens de Córrego da Defesa Civil de Aparecida de Goiânia, há 45 pontos com erosões no município. Destes, 22 ameaçam, ou já atingiram vias públicas e imóveis na cidade. Problemas causados por processos erosivos são antigos e constantes em Aparecida. O solo do local é arenoso e existem mais de 200 quilômetros de extensão de córregos e ribeirões sobre a área do município.

As erosões que atingiram vias no Jardim Helvécia levaram medo á população e interdições no trânsito. Uma erosão costeira atingiu a rua Aparecida de Goiânia, também no Jardim Helvécia. As pistas foram interditadas pela Secretaria Municipal de Trânsito. Na Avenida Benedito Silvestre de Tolêdo, entre o bairro Jardim Riviera e Independência Mansões, uma das pistas teve de ser interditada por causa do avanço de uma erosão que iniciou em um canteiro central da via.

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Outros locais indicados pelo documento estão na Avenida Itamarati, Bueiro do Pontal Sul onde erosão provocada pela danificação do ponto de lançamento das águas pluviais ameaça atingir a via pública. O bueiro está parcialmente comprometido. Na rua Maria Arruda, Setor Veiga Jardim, onde a erosão atingiu a via pública e danificou a pavimentação e meio-fio, o local está sinalizado, com vias interditadas e a Avenida Independência, Bairro Independência, onde o processo erosivo provocado pelo escoamento superficial das águas ameaça atingir a via de intenso tráfego.

Com relação à Avenida Benedito Silvestre Toledo, no Setor Independência Mansões, a Seinfra informa que com as constantes chuvas, as galerias de água pluvial do canteiro central da Avenida Benedito de Toleto se romperam, formando uma erosão no local. A Seinfra explica que vem monitorando a situação e que assim que passar o período chuvoso irá realizas as obras de contenção e recuperação da pista e do canteiro central da via. 

Processo erosivo

Residentes na Alameda Caapau, no Setor Jardim Helvécia temem que o avanço de um processo erosivo alcance as casas. A dona de casa OsmarinaVeira Barros, mora no mesmo local há mais de 20 anos. Ela afirma que o problema com erosões no local é recorrente. “No passado, eu lembro que já vi um buraco aberto pela chuva nessa mesma rua, bem próximo desse aí”. Ela também conta que a cratera que se formou começou pequena, mas foi crescendo cada vez mais com as chuvas.

“A gente nem consegue dormir direito quando começa a chover à noite. Ficamos com medo do buraco engolir nossa casa”. Osmarina relata que a Prefeitura de Aparecida esteve no local. “Eu vi uma movimentação aqui, acho que foi algum engenheiro. O que eu sei é que a erosão não está contida. A cada chuva que ocorre, abre mais um pouco”, lamenta. A dona de casa vive com seu neto, Lemoel Amorim Barros, 22 anos. Ele afirma que o processo erosivo começou depois que a prefeitura fez a implantação da rede de esgoto na via, no fim do último ano. “Desde fevereiro abriu um pequeno buraco, que originou essa cratera”, afirma Lemoel, que cursa o último ano de graduação em Engenharia. 

Diante dos destroços de manilhas de uma galeria pluvial que existia no local onde a erosão se formou, o estudante analisa os agravantes do processo erosivo. “Fizeram essa galeria pluvial aí com uma estrutura muito precária e depois que arrumaram a rede de esgoto o trecho ficou sem asfalto por quase dois meses”.

O estudante acredita que a demora para asfaltar o trecho que foi escavado para a implantação da rede de esgoto fez com que as águas da chuva fossem infiltradas pelo solo, acelerando o processo de erosão no local. “Como a galeria não tinha uma estrutura muito boa, acabou cedendo também”. Além disso,Lemoel aponta que houve problemas de incompatibilidade dos materiais usados nas estruturas da via. “A compactação do solo não é compatível com os materiais usados na execução das obras”, afirma.

Uma erosão costeira avançou até a pista da Rua Aparecida de Goiânia, no Jardim Helvécia. O estado avançado da erosão fez com que populares acionassem a Defesa Civil do município. Em loco, o órgão constatou que o processo erosivo foi intensificado com as chuvas e trepidações da pista causadas por veículos pesados. A Secretaria de Trânsito interditou quatro pistas da via para evitar acidentes.

A Secretaria de Infraestrutura de Aparecida de Goiânia informa que uma equipe técnica já esteve no local na semana passada para avaliar a situação. De acordo com a Seinfra, a galeria pluvial da rua se rompeu com as fortes chuvas e que a partir de agora será realizado um estudo e projeto para recuperação da erosão. Ainda segundo a Seinfra, assim que passar o período chuvoso será realizado um trabalho de contenção, de forma paliativa, até que os projetos e licitações sejam concluídos para realização da obra definitiva. Com relação à sinalização do local, a Secretaria Executiva de Mobilidade e Trânsito de Aparecida informa que foi realizada a sinalização e interdição de parte da pista. (Especial para O Hoje) 

Tráfego de veículos pesados agrava erosões 

De acordo com o supervisor da Defesa Civil de Aparecida de Goiânia, Juliano Cardoso, o avanço dos processos erosivos tem uma dinâmica própria. “O crescimento das erosões vai depender muito da quantidade de chuvas, comuns nessa época do ano e também do nível de trepidação da pista causado pelo tráfego de veículos pesados”, afirma. 

Ele também explica como o processo erosivo acabou chegando às vias públicas.“Processo erosivo que acabou atingindo sistema viário em quatro vias públicas. É preciso uma ação rápida para evitar que haja mais danos. Sistema de drenagem pluvial no local se caracteriza pelo encontro de quatro redes de drenagem no ponto onde aconteceu a erosão. No ponto de lançamento da rede pluvial para o manancial começou a sofrer o processo erosivo e foi avançando até as pistas. Juliano afirma que esse processo erosivo é antigo e recorrente no local.

O agente ainda afirma que o aterro para a construção da via feita no passado foi executado com materiais incompatíveis com a compactação do solo da região. Ao observar a segmentação do solo exposta pelo processo erosivo, Juliano constata que há mistura de lixo e entulho usado para cobrir algum processo erosivo que persiste desde o passado.

Juliano ressalta a importância dos moradores terem feito a ocorrência junto a Defesa Civil do Município, pois alerta que a iluminação do bairro a noite é precária e prejudica a visibilidade da cratera na via causada pela erosão. “Se o trecho não for sinalizado com materiais que reagem à luz dos faróis dos carros, há a possibilidade de um veículo se acidentar e cair no buraco. A iluminação no trecho da via não é das melhores”, constata.

Obras paliativas

O secretário de Infraestrutura de Aparecida de Goiânia, Mário Vilela, está há 11 anos a frente da pasta do município. Em reportagem para O Hoje, ele já afirmou que os problemas causados pelos processos erosivos são antigos e recorrentes na cidade. No entanto, seria necessário um aporte bilionário para que esses problemas fossem realmente sanados. Segundo ele, a prefeitura só consegue arcar com as despesas para execução de obras paliativas.

Em 2017, o Setor Garavelo estava sendo engolido por uma enorme cratera causada por processos erosivos. A Prefeitura de Aparecida conseguiu um aporte externo de R$20 milhões para a execução da obra de caráter urgente que conteve a erosão nas imediações do Parque Tamanduá. O município está buscando aporte de recursos financeiros juntamente à Defesa Civil Nacional para resolver alguns pontos críticos de erosão na cidade. (Agência Brasil) 

  

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