Pacientes ganham visitas virtuais em hospitais de Goiânia

Medidas restritivas para o combate ao Coronavírus fizeram com que hospitais criassem novos procedimentos de contato entre familiares - Foto: Reprodução.

Postado em: 25-04-2020 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Pacientes ganham visitas virtuais em hospitais de Goiânia
Medidas restritivas para o combate ao Coronavírus fizeram com que hospitais criassem novos procedimentos de contato entre familiares - Foto: Reprodução.

Pedro Moura

As medidas restritivas de isolamento social
como forma de combater a pandemia do Coronavírus no Estado fizeram com que
unidades hospitalares criassem novos procedimentos para evitar que pacientes
perdessem contato com seus familiares. A solução encontrada pelas unidades para
confortar seus internos e, de certa forma, aproximá-los da família e do mundo
exterior, foi a videoconferência.

Entre as unidades que adotaram a medida está
o Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol), de
Goiânia. Segundo um dos gerentes do Hugol, Dagoberto Barbosa, a visita virtual
ganhou destaque por ser uma ação relativamente simples de ser implementada,
dado que as equipes profissionais já tinham a rotina de uso dos tablets na
assistência ao paciente, desde a abertura da unidade.

Continua após a publicidade

Ainda de acordo com Dagoberto, com apoio da
equipe de Tecnologia da Informação, as ferramentas necessárias foram
estruturadas para que a ideia tomasse corpo. “Os equipamentos são higienizados
conforme protocolo definido junto ao Serviço de Controle de Infecção
Relacionada à Assistência à Saúde (SCIRAS) do Hugol. Psicólogos e terapeutas
ocupacionais se alternam para ofertar esse recurso à maior quantidade de
pacientes possível”, exaltou.

Outra unidade que adotou a medida foi o
Centro Estadual de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (CRER).
Segundo a coordenação do hospital, os pacientes internados na Unidade de
Terapia Intensiva (UTI) estão recebendo carinho e apoio de seus familiares
através de ligações de vídeo. O novo jeito
de se sentir próximo da família, foi a alternativa encontrada pela equipe de
profissionais do hospital para garantir os vínculos afetivos dos pacientes
.

Humanização

De acordo com o supervisor Multiprofissional
de Reabilitação do CRER, Eduardo Martins Carneiro, os profissionais da saúde
precisam se reinventar diariamente para garantir a humanização do cuidado aos
pacientes. “Diante da impossibilidade de recebermos visitas na UTI, usamos a
tecnologia a nosso favor. Com a chamada
de vídeo, a gente consegue levar ao paciente a emoção de ouvir a voz e ver o
rosto de uma pessoa amada, e isso é maravilhoso
“, explicou.

A psicóloga Camila Santos Paiva diz que as ligações destinadas aos pacientes
conscientes acontecem diariamente e são acompanhadas pela equipe de psicologia
da UTI.
As chamadas têm duração de até dez minutos por paciente.
“Manter o vínculo afetivo do paciente, mesmo que de forma digital, é muito
importante para a sua recuperação. Saber que tem uma pessoa especial do outro
lado da tela do tablete fortalece e motiva o paciente a enfrentar a doença”,
ressaltou.

Para os pacientes inconscientes, a equipe da
UTI solicita áudios da família, via aplicativo de mensagens, para que os áudios
sejam transmitidos ao acamado. “Para garantir o estímulo emocional,
colocamos o celular a uma distância segura do paciente e reproduzimos as
mensagens de apoio e carinho enviadas pelos familiares”, explicou a
psicóloga.

Acompanhamento médico

Além das chamadas de vídeo, os familiares dos
pacientes internados na UTI do CRER também recebem, uma vez ao dia, a ligação
de um médico para a atualização do quadro clínico do paciente.O
Hospital Alberto Rassi (HGG), também
suspendeu as visitas nas enfermarias e no Centro de Tratamento Intensivo (CTI)
como forma de prevenção da disseminação do Coronavírus, porem também segue com
visitas online.

“Adotamos a estratégia de manter o contato
dos pacientes com seus familiares por meio de chamadas de vídeo via WhatsApp.
Além disso, no CTI, os médicos realizam chamadas aos familiares diariamente
para informar sobre o quadro de cada paciente. Esse processo está sendo
conduzido pelo serviço de Psicologia”, afirmou o Hospital.

Fortalecimento
do vínculo

Um dos beneficiados com a ação foi o paciente
RanieliBrener de Oliveira, que
realizou uma
 telechamada aos
seus familiares.  De acordo com a tia de
Ranieli, Flávia Gontijo, o encontro foi muito emocionante para todos os
familiares “Nos deu um alívio no coração. É ruim ficarmos muito tempo sem falar
com o Ranieli, sem dizer que o amamos, que ele é importante e que estamos com
saudades. Ele se encontra num momento muito delicado e esperamos que essa
chamada tenha ajudado na sua recuperação. Ficamos imensamente agradecidos e
alegres com essa oportunidade que nos foi dada”, concluiu.

Com grande emoção, Euclides Soares da Silva pôde conversar com o pai, que está
internado desde o dia 3 de abril depois de ter passado por uma cirurgia.
“Não consigo descrever a emoção de ver meu pai sendo tão bem tratado. Só
de ver o rostinho e o sorriso dele já acalmei meu coração. Fiquei feliz demais
com essa iniciativa do hospital”.

O paciente Anofaro Jacó Mendes, diz que já realizou algumas vídeochamadas
durante o período que se encontra internado. “É bom demais. É importante para a
recuperação, me sinto bem. Para os pacientes, manter o contato com a família é
muito bom, contar o que se passa. Fico emocionado em ver a família, gosto de
vê-los, conversar”.

A filha de Anofaro, Elizangela Francisca,
explica que o método usado, ajuda a família e o paciente neste momento de
isolamento social. “Achei bem eficiente, é uma forma de mantermos contato um
com o outro, de ficarmos cientes do que está acontecendo por lá, achei bem
interessante”, concluiu Elizangela.

Ferramenta
estimula a recuperação do paciente

Para quem está internado,
tão importante quanto receber os cuidados da equipe de saúde é ter bem pertinho
familiares e amigos. A simples presença de acompanhantes ajuda na recuperação
do paciente.
A
psicóloga do Hugol, Jessica Prado, diz que a visita virtual permite o
fortalecimento do vínculo entre o paciente e a família, que é o elo dele com o
mundo. “Estimular os recursos de enfrentamento através do apoio familiar reduz
a ansiedade durante o tratamento, mesmo nesse cenário em que não existe a
presença física dos entes queridos”, esclareceu.

Já a psicóloga do HGG, Carolline Silva Borges
comenta que a família é a extensão do paciente. “É o contato mais próximo que o
paciente tem com o mundo lá fora. A nossa existência só é confirmada a partir
da existência do outro. Se o paciente permanece tendo contato com os familiares
mesmo por vídeochamada, faz com que este paciente se sinta vivo, presente em um
mundo lá fora do qual ele não consegui temporariamente fazer parte”.

Ainda de acordo com a psicóloga, com a
família compartilhando coisas do dia a dia, faz com que o paciente não perca o
vínculo com o mundo externo. “Os vínculos familiares se fortalecem, as vontades
se fortalecem, os desejos, motivações para que se recupere. O contato com a
família faz com que o paciente tenha um motivo a mais, não só pensando na
própria reocupação, mas pensando em estar de volta no local que ele pertence,
onde ele faz parte, se sente seguro, acolhido de verdade. Este é o movimento
que tentamos fazer, devolver para o paciente está capacidade de se sentir
pertencente a algum lugar”.

Caroline ainda diz que os pacientes e os
familiares têm demostrando gratidão, e compreensão em relação às restrições.
“Mesmo que seja difícil ficar longe dos familiares e amigos, com os pacientes
angustiados e sozinhos. Ainda sim estamos recebendo um posicionamento positivo
por parte dos pacientes e familiares”, completou.(Pedro
Moura é estagiário do Jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades
RhudyCrysthian)

Veja Também