Prefeitura promete obra, mas asfaltamento não fica pronto em mais de 30 bairros de Goiânia

Pedro Moura

O prefeito de Goiânia, Iris Rezende (MDB), anunciou no fim do ano passado, que iria asfaltar 600 quilômetros em 31 bairros da Capital em 2020. O projeto também incluía o recapeamento de ruas e avenidas desgastadas pelas chuvas. Porém, até o momento, a prefeitura iniciou a pavimentação em apenas 15 bairros da Capital. Mas até o momento, a pavimentação de nenhum dos bairros na lista foi concluída. O projeto era da administração anterior com o Banco Andino e acabou indeferido pelas más condições financeiras do município.

O jornal O Hoje questionou a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Seinfra) sobre o impacto do Coronavírus nas obras de pavimentação. Segundo a Secretaria, a pandemia não interferiu nas obras e garantiu que todas as obras serão concluídas ainda ano.

As obras já começaram em setores como o Parque Oeste Industrial, Residencial João Paulo II, Residencial Vale dos Sonhos II, Residencial Jardim do Cerrado III. Outros cinco bairros aguardam o lançamento do projeto de pavimentação, sendo o Residencial Antônio Barbosa, Residencial Della Penna, Residencial Monte Pascoal, Residencial London Park, Residencial Irisville. Dentre os bairros que estão em licitação estão o Loteamento Faiçalville, Jardim Petrópolis, Residencial Nunes de Morais, Sítio Recreio do Ipê, Loteamento Aruanã Park.

Já os setores que estão em relicitação, estão o Residencial Jardim do Cerrado I e Residencial Jardim do Cerrado II. Os bairros que aguardam lançamento de edital contabilizam oito; sendo Chácara Helou/Residencial Helou, Village Casa Grande, Jardim Novo Petrópolis, Chácara Mansões Rosa de Ouro, Residencial Shangri-lá I, Residencial Shangri-la II, Residencial Paraíso, Residencial José Viandeli.

População cansada 

Poeira e problemas respiratórios são alguns dos transtornos enfrentados pelos moradores de Goiânia, que estão incomodados com a falta de asfalto em diversos bairros da cidade. Segundo os moradores, a situação está insuportável e o sonho de ter seu bairro asfaltado parece que não ter fim.

O Bairro Residencial Monte Pascoal, na região Oeste de Goiânia, por exemplo, segue sem asfalto há cerca de 10 anos. Moradores relataram que a poeira em períodos secos faz com que toda a vizinhança seja mais vulnerável para doenças como a gripe. Nos períodos chuvosos, a população que mora em ruas ainda não pavimentadas sequer pode tirar o carro da garagem, por medo de não conseguir ao menos sair da própria rua, já que a lama é para eles um risco eminente de que os veículos ficarão atolados. 

Um dos primeiros moradores do bairro que possui 20 anos, o empresário Gilberto Martins de Araújo, explica que a prefeitura sempre mostra indícios de que irá asfaltar o bairro, mas nunca segue com as obras. “Houve várias reuniões com a associação dos moradores do setor. Eles vêm e patrolam. Ai vem as chuvas com a enxurrada, e os buracos aparecem novamente. Isso já está acontecendo há 10 anos, toda época de eleição é assim. Uns falam que vão passar asfalto e colocar esgoto, mas nunca cumprem”, disse.

Ao ser perguntado quais os benefícios que o asfalto traria para a população, Gilberto exalta. “Melhoraria tudo, principalmente a limpeza. Por ser estrada, a poeira que entra em casa não deixa nada limpo. Seria um grande benefício para as crianças, às vezes as crianças já chegam sujas na escola, fora a questão da saúde que melhoraria bastante, é uma necessidade”, diz.

População esquecida 

O empresário ainda diz que a falta de asfalto prejudica muito o comércio na região. “O pessoal quer investir em escolas, supermercados. Estamos isolados aqui, esquecidos. Eu, por exemplo, trabalho com artesanato, espero que realizem nosso sonho este ano. Tenho está esperança”, concluiu.

A doméstica Rozi Luiz reforça dizendo que o setor aguarda asfalto há 10 anos. “Eu não acredito mais. É poeira demais, muitos buracos. As crianças sofrem demais com problemas respiratórios, a casa pode limpar o dia todo que não para limpa. Até as calçadas acabam, devido que as chuvas e a poeira acabam com tudo”, disse.

Ela explica que para andar de carro pelo setor é um desafio. “Em época de chuva meu marido não consegue nem tirar o carro para fora de casa, não tem como. Esses dias, até um carro da prefeitura atolou. Depois disso, mandaram patrolar as ruas. Aqui é muito complicado”, exaltou. 

Discussão antiga

No início do ano passado, a prefeitura, com recursos do Tesouro Nacional, pretendia, até o final deste ano, levar 600 quilômetros de asfalto para bairros de Goiânia que ainda não são pavimentados. No primeiro semestre de 2019 alguns setores receberam a malha asfáltica como o bairro Vale dos Sonhos 2, Residencial João Paulo II, Chácaras São Joaquim e Parque Solar, que há anos aguardavam melhorias.

Na ocasião, o prefeito de Goiânia, Iris Rezende, disse que esses bairros ainda não haviam sido pavimentados porque o município precisou organizar as dívidas da prefeitura. “Sempre entendi que pavimentação significa saúde, qualidade de vida. Por isso, priorizei em todos os meus mandatos o asfalto dos bairros de Goiânia. Agora, depois de organizar as finanças do município, vamos asfaltar todas as ruas habitadas da Capital que ainda não possuem asfalto. É meu compromisso com os goianienses”

Buracos se multiplicam pelas ruas de Goiânia 

Além da falta de pavimentação em inúmeros bairros, outro grande problema são os buracos espalhados por todos os lados da cidade. Após as fortes chuvas que caíram no começo do ano em Goiânia, os buracos se multiplicaram pela cidade, comprometendo a trafegabilidade dos veículos em diversas ruas e avenidas da Capital. Desde fevereiro, a Seinfra tem intensificado a operação tapa buracos em várias regiões.

No mês de fevereiro foram assinadas ordens de serviço para o início da troca dos 630 quilômetros de ruas e avenidas de Goiânia. O município deve investir entre R$ 300 milhões e R$ 400 milhões, recursos que fazem parte dos R$ 780 milhões, obtidos por meio de empréstimo junto à Caixa Econômica Federal.

Somente no mês de março, 236 bairros foram atendidos pela operação, foram cobertos cerca de 54.484 buracos, média de 2 mil por dia, e recuperados 6.364 m2 de cortes realizados pela Saneago para a execução de serviços nas redes de água e esgoto. Para os serviços foram utilizadas 5.427 toneladas de massa asfáltica produzida na usina da própria prefeitura e adquirida de empresa contratada.

Topo da lista

Na ocasião o secretário de Infraestrutura e Serviços Públicos, Dolzonan da Cunha Mattos, disse que os buracos estavam no topo da lista de solicitações enviadas diariamente nos canais de atendimento. “Com a força tarefa implementada estávamos conseguindo solucionar o problema. Isso é visível em toda a cidade, as solicitações não passam de 20%”, conclui o secretário.

A regularização do atendimento foi possível após a substituição da empresa fornecedora da matéria prima e adotar um segundo turno para a operação, iniciada no final de janeiro. Com isso, o número de buracos cobertos, desde o início de janeiro, ultrapassa 120 mil e de cortes recuperados supera 15 mil m². Foram utilizadas mais de 11 mil toneladas de massa asfáltica em 593 bairros de todas as regiões da cidade. (Pedro Moura é estagiário do Jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian)