Encontros em tempos de Covid-19 se intensificam pela internet

Durante o período de distanciamento social, relações de amigos, familiares e até trabalho se dão por meio da tecnologia - Foto: Reprodução.

Postado em: 16-05-2020 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Encontros em tempos de Covid-19 se intensificam pela internet
Durante o período de distanciamento social, relações de amigos, familiares e até trabalho se dão por meio da tecnologia - Foto: Reprodução.

Pedro Moura

A preocupação com o avanço do Coronavírus e a determinação do Governo do Estado para que população respeite o isolamento social mudou a rotina de inúmeras pessoas. De repente contatos físicos e a proximidade ao falar em uma conversa presencial se tornaram uma proibição médica. Até mesmo um simples aperto de mão, tão comum e corriqueiro, ganhou novo significado. E as relações sociais que, por muito tinham como alternativa o envio de cartas ou telefonemas, hoje se dão por meio da tecnologia.

A internet tem proporcionado inúmeras formas de aproximação. É possível, com apenas um clique, interagir com pessoas de qualquer lugar do planeta, a qualquer momento. A distância não existe. Com isso, encontros via videoconferência são recorrentes e passaram a fazer parte da rotina de muitas pessoas durante a pandemia. Como forma de manter o vínculo familiar de amizade e até mesmo amoroso. 

Continua após a publicidade

As chamadas de áudio e vídeo se tornaram um dos principais meios para se comunicar nos últimos meses. Seja em grupo ou em conversas individuais, esses serviços ganharam uma enorme importância pelo mundo, desde o início das medidas de isolamento social. As chamadas normalmente são realizadas por meio de redes sociais como Facebook, Twitter, Messenger, WhatsApp e muitos outros meios. 

Aproximação 

Muitas pessoas ainda estão se adaptando a nova forma de comunicação, como é o caso da estudante Amanda Oliveira. “A interação com minha família e amigos está sendo basicamente pela internet. Ligo para o meu namorado, meu pai que mora em Brasília, amigos, gente em qualquer região”.

A estudante explica que a experiência vem sendo satisfatória. “Está sendo interessante pelo fato de que minha rotina normal não permite falar com meu pai com esta frequência que falo agora. Nós falamos praticamente todo dia. Com o tempo que temos agora, conseguimos falar com mais liberdade”, disse.

Amanda ainda diz que faz também videoconferência com os amigos. “Estava falando com uma amiga, coisas aleatórias. Está é a parte interessante por que mesmo estando longe, podemos conversar e bater um papo sobre o dia-dia. Inclusive falar sobre questões políticas que estão acontecendo”, concluiu.

Já a doméstica Núbia Fernandes diz que criou o hábito de fazer videoconferência para conversar com a filha e a irmã, que moram em Brasília. Segundo Núbia, este foi um modo de se aproximar, mesmo estando distante. “Minha filha se casou por agora, então às vezes eu ligo para ela, pergunto como vão as coisas. Para a minha irmã, eu costumo ligar com mais frequência, gostamos de conversar uma com a outra. A gente conversa bastante”, disse. 

Encontros casuais

Encontros casuais pela internet já eram comuns por meio de sites de relacionamento, mas acabaram ganhando ainda mais força. O cozinheiro Matheus Neves de Sousa explica que durante a pandemia os encontros com sua namorada por videoconferência passaram a ser frequentes.

Fortalecer os vínculos é importante para a saúde mental  

Segundo a psicóloga Amanda Paiva, manter o vínculo com pessoas que estão longe fisicamente é muito importante para manter a saúde mental. “Para a pessoa que está completamente sozinha em casa, é imprescindível manter o vínculo com os amigos e família por videoconferência, para evitar patologias, como ansiedade e depressão. Não somos acostumados a viver isolados. E sim cercados de pessoas”, disse.

Amanda ainda diz que passar pelo isolamento social durante um grande período de tempo pode ser difícil para pessoas que moram sozinhas. “Às vezes o único convívio de algumas pessoas era no trabalho, na academia e, de repente, se perde tudo isso. Outra perspectiva é das pessoas que estão em isolamento com a família. É necessário manter esta relação saudável, cada um respeitando seu espaço”, concluiu.

A doutora em psicologia, Christina Geraldini Ferreira, diz que este comportamento, de se aproximar mesmo estando longe, é benéfico. “Tudo que nos aproxima dos entes queridos é benéfico. Pode ser por áudio ou videoconferência. É muito bom. O vínculo continua se fortalecendo, mesmo à distância”.

Christina exalta dizendo que também realiza esta ação. “Eu e minhas amigas nos mantemos conectadas através de um grupo no Whatsapp. Continuamos fortalecendo nossa amizade pelo celular. É muito importante neste momento. As pessoas ficam muito isoladas, às vezes com filhos, ou até mesmo sozinhas. Isso é uma forma de manter o vínculo”, concluiu.

O também psicólogo Paulo Veraz explica que é fundamental pensar que estamos distanciados mais não isolados, para que a distância entre os entes queridos possa diminuir. “Vamos criando um vínculo que, embora distantes, é fundamental que aja essa aproximação virtual. O computador e o celular têm sido objetos que têm aliviado a angústia, distanciado a dor, o próprio medo”, exalta. 

O psicólogo exemplifica usando os profissionais da saúde. “Este profissional pode não está vendo o pai todos os dias, mas o pai pode ouvir sua voz. Um filho pode ouví-lo. Os idosos que estão mais distantes. A ferramenta tem sido extremamente útil. Embora não substitua o contato físico”, concluiu. 

Unidades hospitalares

Uma das grandes angústias das famílias que têm algum ente querido internado para tratamento da Covid-19 tem sido a impossibilidade de contato direto com os pacientes, uma vez que a determinação dos órgãos de saúde é que essas pessoas fiquem em leitos isolados. Porém para quem está internado, tão importante quanto receber os cuidados da equipe de saúde, é ter bem pertinho familiares e amigos. 

A simples presença de acompanhantes ajuda na recuperação do paciente, mesmo que esta presença não seja física. Com isso, unidades hospitalares criaram novos procedimentos para evitar que pacientes não perdessem contato com seus familiares. A solução encontrada pelas unidades para confortar seus internos e, de certa forma, aproximá-los da família e do mundo exterior, foi também a videoconferência.

Além das chamadas de vídeo, os familiares dos pacientes internados também recebem, uma vez ao dia, a ligação de um médico para a atualização do quadro clínico do paciente. Para os pacientes inconscientes, as equipes das Unidades de Terapia Intensiva(UTI) solicitam áudios da família, via aplicativo de mensagens, para que os áudios sejam transmitidos ao acamado. (Pedro Moura é estagiário do Jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian)

 

Veja Também