Presidente da CDL prevê que recuperação econômica de Goiânia pode levar 2 anos

Com pouca movimentação após o fechamento do comércio por mais de 60 dias, lojistas esperam recuperação lenta| Foto: Wesley Costa

Postado em: 03-06-2020 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Com pouca movimentação após o fechamento do comércio por mais de 60 dias, lojistas esperam recuperação lenta| Foto: Wesley Costa

Pedro Moura

No segundo dia da volta dos Mercados Municipais era pouca a movimentação, comerciantes da região de Campinas que estavam há mais de 60 dias com as portas fechadas, ainda estão se acostumando com a baixa quantidade de clientes. Porém, seguem esperançosos, visando melhorias para superar o prejuízo de fechar as portas e combater a crise econômica provocada pela pandemia do Coronavírus.

Segundo o presidente da Câmara de Dirigentes Legistas de Goiânia (CDL), Geovar Pereira, para superar o prejuízo é estimado um período de dois anos. “Este ano os lojistas não conseguiram recuperar o prejuízo, o estragado foi muito grande, quase 70 dias parados. Muitos lojistas não conseguiram reabrir. Será necessário muito trabalho para recuperar o prejuízo”, explica o presidente.

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Geovar diz que o desemprego ainda será maior, devido à falta de clientes. “Cerca de 40% dos funcionários perderam seus empregos neste período, muitos ainda vão perder seu trabalho. O empresário está preocupado, com a volta das atividades, não há como manter o quadro de funcionários. A renda familiar vai cair. Caso a economia voltasse a todo vapor poderia ser diferente, mas isso não irá acontecer”.

Ainda de acordo com o presidente, é muito importante reabrir o comércio, mas é necessária ajuda do governo. “O governo tem que fazer sua parte, não está havendo fiscalização, vem acontecendo muitas aglomerações, por exemplos, em agências bancarias. Os lojistas estão fazendo sua parte com muita segurança”, concluiu. 

Comerciantes retomam atividades

Comerciante há mais de 12 anos, Cleuton Pereira Nacimento, explica que espera recuperar seu prejuízo acumulado o mais breve possível, mas tem em mente que pode levar um tempo. “Tem que correr atrás do prejuízo, sei que esse ano não dá mais. O que preocupa é o medo de fechar novamente, caso gere aglomerações”, explica.

O lojista diz que os clientes podem ajudar nesta retomada, não trazendo a família, mas indo sozinho. “Eu tenho medo da doença, apoio a retomada com segurança. Agindo desta forma será difícil o comércio fechar novamente. Além de ser mais seguro, tanto para os lojistas quando para os clientes”, disse.

Clauton diz ainda que o prejuízo e incalculável, devido que algumas mercadorias tiveram que ser trocadas. “Além de arcar com os custos mesmo estando de portas fechadas, tivemos que arcar com custos mesmo parados, como aluguel entre várias outras despesas mensais. Penso que se diminuir os casos de Covid-19, o comércio vai voltar com força total. Porém, muitos comerciantes ainda não conseguirão abrir novamente”.

Já o comerciante Claudison Dias, comenta que há 32 anos em que é lojista nunca presenciou nada igual, e diz que durante o período de isolamento acumulou um prejuízo de mais de R$ 30 mil. “Já passamos por muitas dificuldades mais nunca deste nível. O pior já passamos. Perdemos muitas mercadorias que venceram e continuamos pagando funcionários e imposto. A movimentação após a retomada está bem abaixo do normal, mas só de estar trabalhando é uma conquista”, exaltou.

O lojista diz que a normalização das vendas acontecerá somente no ano que vem, e explica que o fechamento do comércio foi uma medida exagerada. “Para nós, que estamos no ramo de alimentos, é exagerado. Supermercados estão abertos, outros seguimentos ficaram abertos, mas o governo achou necessário fechar. Infelizmente, depende de várias outras decisões, mas não acho que o comércio pode ser fechado novamente, estamos cumprindo todas as normas de segurança estabelecidas”.

Mercado imobiliário 

Outro seguimento que também voltou às atividades é o setor imobiliário. Um dos mais prejudicados durante a pandemia do Coronavírus, que ainda vinha se recuperando de crises anteriores. Com o isolamento social e fechamento de serviços não essenciais, esse mercado sentiu os reflexos da crise e agora busca uma alternativa para contornar a queda nas vendas e locações, por exemplo, realizando eventos à distância, não contando com a presença física do público.

Para o superintendente municipal do Sindicato de Habitação de Goiás (Secovi-Goiás), Francisco Lopes, as imobiliárias devem continuar fazendo boa parte do trabalho no sistema home office, devido que as tecnologias atuais permitem isso. A expectativa é que haverá pouco atendimento presencial, mais relativo à revisão de contratos de locação em função dos próprios reflexos da pandemia.

Novo decreto

O prefeito de Goiânia, Iris Rezende (MDB), assinou um novo decreto, na última sexta-feira (29), autorizando a reabertura parcial do comércio na Capital, incluindo os mercados municipais, imobiliárias e treinos de futebol. A autorização de funcionamento não vale para o Mercado Centro Comercial Popular da Rua 4 e para o Mercado Aberto na Avenida Paranaíba. 

O documento libera seis mercados nas regiões da Rua 3, Vila Nova, Setor Pedro Ludovico, Campinas, Rua 74 e Centro-Oeste. Seguindo a orientação divulgada pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a prefeitura ainda estabeleceu que o funcionamento das imobiliárias será restrito à área administrativa, sem que haja atendimento presencial ao público.

A decisão da retomada inicial do comércio, segundo o documento, levou em consideração a necessidade de permitir o retorno gradual e responsável de atividades econômicas prejudicadas pelas medidas de combate à disseminação da Covid-19.

Reabertura segue escalonada e com calendário  

Além dos comércios estaduais, outros seguimentos também podem voltar às atividades. O líder do governo na Câmara de Goiânia, vereador Welington Peixoto (DEM), disse que é quase certo, que no dia 6 a prefeitura flexibilize a atuação de shoppings, comércio varejista e profissionais liberais. Segundo o presidente Associação Empresarial Região da 44, Jairo Gomes, dia 13 será a vez dos comerciantes do seu segmento abrirem.

O presidente da AER 44 celebrou a reunião. “Depois de 70 dias parados, a gestão resolveu nos chamar para tratar da abertura. Dia 13 de junho a Região da 44 vai voltar. Agora vamos esperar que isso concretize”. Segundo ele, o funcionamento será realizado com base em um protocolo específico, entregue no dia 19 de maio. 

Entre as 24 medidas estão a restrição de horários, controle de acesso de carros, proibição de estacionamento, restringir a vinda de todas as caravanas, lavagem e desinfecção de ruas, calçadas e empreendimentos. Já o presidente da Federação do Comércio de Goiás (Fecomércio), Marcelo Baiocchi, diz que não há certeza do que abre, mas que a definição mais importante é que haverá um calendário de abertura para todas as atividades.

Segundo Marcelo, houve um grande avanço para a reabertura. “Está definido que abrirão vários segmentos no próximo sábado. Podem surgir até mais do que os principais apontados, como shoppings, comércios varejistas e profissionais liberais”. De acordo com ele, o mais importante é que será colocado um calendário. Havendo uma data de todas as aberturas.

Marcelo lembrou ainda que a previsibilidade era de uma demanda antiga do segmento. Além do calendário, também será definido o que será preciso para abrir. Ou seja, junto do protocolo padrão (de máscara, higienização, álcool em gel, etc), cada categoria terá um protocolo específico para funcionar. “Todos terão regras e deverão seguir para não fechar”, concluiu. (Pedro Moura é estagiário do Jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian)

 

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