Feirantes cobram reabertura do Mercado Aberto da Paranaíba, em Goiânia

Prefeitura da Capital sinalizou para doação de 200 cestas básicas para os comerciantes, mas não entregou; permissionários estão a quase 90 dias sem trabalhar - Foto: Wesley Costa/OHoje.

Postado em: 05-06-2020 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Prefeitura da Capital sinalizou para doação de 200 cestas básicas para os comerciantes, mas não entregou; permissionários estão a quase 90 dias sem trabalhar - Foto: Wesley Costa/OHoje.

Igor Caldas

Mercado Aberto da Avenida Paranaíba hospeda pessoas em situação de rua durante a crise de Coronavírus, mas permissionários do local passam por dificuldades. De acordo com representante dos comerciantes, não houve nenhuma contrapartida ou auxílio do poder público que sinalizou doação de cerca de 200 cestas básicas, mas nunca foram entregues. No desespero pela sobrevivência, alguns trabalhadores instalaram barracas para tentar comercializar roupas do lado de fora do mercado.

A representante dos feirantes do Mercado Aberto da Paranaíba, Aldenir Pereia Costa, conhecida como Dida, afirma que a prefeitura prometeu auxílio aos comerciantes com entrega de cestas básicas há cerca de dois meses, mas até hoje nada foi feito. “Exigiram que nós recolhêssemos vários dados para enviá-los em um prazo estipulado por eles. Só conseguimos cadastrar 218 trabalhadores”. Dida diz que há pelo menos 500 comerciantes que dependem do local para sobreviver.

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Ela ainda declara que os comerciantes que trabalham no espaço não são contra a assistência social às pessoas em situação de rua, mas cobram uma contrapartida justa da Prefeitura de Goiânia.  “Estamos sem trabalhar faz quase 90 dias. A maior parte do pessoal vende no almoço para pagar a janta”.  A feirante acredita que o número de feirantes deve ter caído. “Acho que muita gente teve que mudar de ramo porque trabalhar é questão de sobrevivência”, diz.

Os trabalhadores defendem a volta das atividades no local por considerarem que a flexibilização não causaria aglomerações. “As barracas aqui ficariam espaçadas em cinco metros uma das outras. A Prefeitura liberou o comércio das feiras de hortifruti onde barracas são instaladas em espaços muito mais estreitos”, afirma Elizabeth Alves Correa, que está há quase três meses sem trabalhar. “Desde que me tornei feirante, nunca passei por uma dificuldade tão grande como agora”, lamenta.

Maria das Graças Leite, conhecida como Graça, também trabalha no Mercado Aberto da Avenida Paranaíba. Ela revela que muitos trabalhadores solicitaram o auxílio emergencial do governo federal, mas menos da metade conseguiu.  “Estamos com a corda no pescoço, alguns não tiveram alternativas e tiveram que levar seus produtos para tentar vender na rua, como ambulantes”, diz Graça. 

Auxílio em análise 

O número de pessoas com o pedido do auxílio emergencial em análise subiu de 10,9 milhões na segunda (1º) para 11 milhões nessa terça-feira (2), disse o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães. Desse total, 5,7 milhões de cadastros estão em primeira análise e outros 5,3 milhões em segunda ou terceira análise, quando o cadastro foi considerado inconsistente e a Caixa permitiu a contestação da resposta ou a correção de informações.

Alguns feirantes são a favor da transferência das pessoas em situação de rua para outro local, pois temem atritos quando a volta das atividades do mercado aberto for anunciada. “A Semas deveria transferir esse pessoal da área para evitar o risco de uma situação delicada quando a gente for voltar a trabalhar”, declara Valdir Luiz Marcelino.

Valdir se mostra sem expectativas da volta das atividades comerciais no local serem liberadas em breve. “Levando em conta que não vamos voltar a trabalhar logo, a prefeitura nos deve assistência com relação às cestas básicas que eles prometeram”. O comerciante afirma que o retorno só deverá acontecer quando a administração decidir em conjunto com outros setores da sociedade.

Então tem o Cepal do Setor Sul que é a menos de 1 km da Praça Cívica e lá eles poderão ficar por mais tempo sem que prejudique os feirantes do mercado aberto.  Eduardo Batista Dutra. 

Hotéis podem ser opção para abrigar população de rua 

O Estado fez recentemente contratos com alguns hotéis para receber equipes médicas do Estado. Questionado sobre a hipótese Se houver interesse da Prefeitura em alojar a população de rua em estabelecimentos hoteleiros, a Associação Brasileira de Indústria Hoteleira do Estado de Goiás (ABIH-GO) se posicionou de forma positiva, mas ressalta que deve haver preocupação em seguir protocolos de saúde nesses estabelecimentos.

O presidente da ABIH em Goiás, Fernando Carlos Pereira, ressalta que alguns hotéis que fecharam acordo com o Estado não eram associados, mas recebeu apoio da ABIH em forma de treinamentos por meio de protocolos de saúde que devem ser seguidos para tornar o ambiente hoteleiro um local livre de contaminação. “A preocupação não é apenas com a via econômica do setor, mas também com o comprometimento de tornar esses locais seguros, não importando a quem eles serviriam durante a pandemia”.

Sobre receber a população de rua em hotéis de Goiânia, Fernando diz que a questão depende do interesse da Prefeitura de Goiânia e dos proprietários de hotéis. De acordo com ele, 95% dos estabelecimentos hoteleiros estão fechados e em regime de suspensão de contratos e a volta parcial pode ser favorável em alguns casos. 

Ele ressalta que a medida não é lucrativa, mas ajudaria principalmente os pequenos estabelecimentos. “Se interessar aos proprietários e à prefeitura, nós da ABIH-GO daremos todo apoio em treinamentos e orientações de protocolos, independente da associação dos envolvidos com a entidade”, afirma.

A Secretaria Municipal de Assistência Social de Goiânia (Semas) ofereceu 20 barracas para abrigar moradores de rua. A estrutura está montada no Mercado Aberto, da Avenida Paranaíba e serve como ajuda para essas pessoas a se protegerem durante a pandemia do Coronavírus. Segundo a Semas, as primeiras 100 famílias a serem assistidas já fazem parte do cadastro do órgão. 

A seleção foi feita com preferência dada às pessoas com comorbidades, portadoras de alguma necessidade especial e idosos. Cada barraca acomoda até duas pessoas e é equipada com colchonetes e cobertores. A ideia é que a população de rua tenha um local de apoio provisório enquanto não são encaminhados a alguma casa de apoio. Um levantamento do órgão realizado no final de 2019 apontou que cerca de 450 pessoas moram nas ruas de Goiânia.

A Semas, junto com a Organização das Voluntárias de Goiás (OVG), está oferecendo café da manhã e almoço para cerca de 400 pessoas. Os alimentos são distribuídos no Mercado Aberto, junto às barracas. Doações podem ser feitas no banco de doações da Semas, na Rua 25 do Setor Aeroporto. Podem ser doados materiais de higiene, cobertores, travesseiros, roupas e alimentos. A Secretaria afirma que estuda outros lugares na Capital para montar estruturas semelhantes e atender a mais moradores de rua. (Especial para O Hoje)

 

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