Escalonamento regional do comércio não barra circulação de pessoas, em Aparecida

O objetivo é aumentar o índice de isolamento social no município, considerado a mais efetiva no controle da doença| Foto: Wesley Costa

Postado em: 09-06-2020 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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O objetivo é aumentar o índice de isolamento social no município, considerado a mais efetiva no controle da doença| Foto: Wesley Costa

Igor Caldas

O escalonamento regional do comércio em Aparecida de Goiânia teve início ontem (8). Supermercados, lojas de rua, escritórios e empresas em geral das macrozonas Vila Brasília e Alto Paraíso seguiram a portaria e ficaram sem funcionar. Hoje (9) será a vez das macrozona da Zona da Mata e Garavelo fecharem as portas. No entanto, a medida não impede o deslocamento de pessoas para as regiões com atividades em funcionamento. Segundo o próprio prefeito Gustavo Mendanha, os comércios de rua da cidade estão mais cheios do que antes da pandemia.

O objetivo do escalonamento regional é aumentar o índice de isolamento social no município, considerado a medida mais efetiva no controle da doença pela Organização Mundial da Saúde (OMS).  Aparecida tem hoje 36% de isolamento social. As pessoas aproveitaram o momento de abertura do Garavelo na tarde da última segunda-feira para fazerem compras. A Avenida Igualdade que é considerada um dos maiores centros comerciais do município estava funcionando a todo vapor, com comparecimento massivo de consumidores.

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Laura Martins mora na macrozona Vila Brasília e não acredita que o escalonamento regional seja suficiente para controlar a doença no município que está entre as cidades com maior número de casos no Estado. “Esse método não impede que as pessoas que morem em regiões fechadas, procurarem pelo comércio em outras regiões, ajudando o vírus a circular”. Ela defende que o fechamento parcial não adianta nada. “Ou fecha tudo de uma vez ou mantém aberto”.

A trabalhadora toma a si mesmo como exemplo para a justificativa. Ela trabalha em Goiânia onde tem que enfrentar ônibus lotados para transitar entre a Capital e Aparecida. “Os ônibus  que estão sempre cheio de gente são um local de alto risco de contaminação. Do que adianta fechar o comércio sendo que as pessoas continuam a transitar no transporte público lotado?”, questiona. Ela afirma que a diminuição na frota dos ônibus e a proibição das vans escolares de transitar no transporte público poderiam ajudar a manter os ônibus menos lotados.

Maior região comercial

Com 14 mil empresas, a Vila Brasília é a maior região comercial do município e estava escalonada para fechamento na segunda-feira. Já o Alto Paraíso tem cerca de mil estabelecimentos comerciais. Segundo o secretário da Fazenda, André Rosa, a alternância de fechar sempre uma região grande e outra menor, é proposital e deve garantir todos os dias o acréscimo de pelo menos mais 20% na taxa de isolamento social.

Fiscais da Prefeitura de Aparecida estiveram na região da Vila Brasília e do Alto Paraíso na tarde da última segunda para garantir a adesão dos comerciantes ao escalonamento. A maior parte dos comerciantes aderiu à medida. Pelo menos treze estabelecimentos foram flagrados em descumprimento da portaria 035/2020 e foram interditados. Eles foram orientados a fechar as portas para cumprir à medida.

As empresas que descumprirem as regras de escalonamento podem sofrer sanções, variando de interdição preliminar (sendo obrigadas a fechar as portas no dia da escala) a uma multa no valor aproximado de R$ 580. Em último caso, se o estabelecimento insistir em abrir as portas no dia errado, a punição poderá ser a cassação do alvará de funcionamento do local.

No entanto, o secretario da Fazenda do município, André Luis Rosa, esclarece que, nesta semana, a fiscalização terá caráter orientativo e pedagógico. Mas que a partir da próxima semana, o comerciante que for flagrado em descumprimento da portaria de escalonamento regional será autuado e multado. 

Escalonamento regional depende de conscientização

O escalonamento do comércio de Aparecida foi fundamentado em uma experiência israelita. De acordo com o Secretário da Fazendo do município, André Luís Rosa, o modelo pode funcionar se os funcionários do comércio de uma região fechada não saírem de casa e seus moradores também, fazendo com que ocorra “um processo de educação e conscientização muito forte”. Sob essas condições, estima-se que pelo menos 15% a 20% de toda a população de Aparecida deve ficar em casa por dia.

André ressalta que o escalonamento é válido também para os shoppings e as galerias comerciais. Na última segunda-feira (8), vez da região da Vila Brasília e Alto Paraíso, o Buriti Shopping se manteve fechado. Depois de 78 dias fechado, o Buriti Shopping, em Aparecida de Goiânia, voltou a funcionar na última sexta-feira (5), após ficar fechado por 78 dias. O decreto de flexibilização da prefeitura permitiu que o centro comercial da cidade reabrisse com 80% das lojas em atividade. No dia da reabertura houve movimentação de clientes no local, com formação de filas em algumas lojas com o distanciamento sendo respeitado. De acordo com a administração do centro de compras, quase seis mil pessoas passaram pelo shopping.

Segundo o último boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde de Aparecida de Goiânia, na manhã do último domingo (7) havia 702 infectados pelo novo Coronavírus na cidade. Desse total, 333 pessoas ainda não se recuperaram da doença e 22 estavam internadas. As demais estavam cumprindo isolamento domiciliar. A cidade tem 15 óbitos causados pela Covid-19.

A maior parte dos casos confirmados está entre mulheres (396). Homens correspondem a 306 contaminados. Em relação à faixa etária, os casos atingem mais pessoas entre 31 e 40 anos, com 166 confirmações. Em seguida, vem os com idade entre 41 e 50 anos, com 157 casos confirmados; e entre 21 a 30 anos, com 153 casos.

Dos pacientes com quadro de Covid-19 confirmado, 156 apresentam algum tipo de comorbidade – como diabetes, hipertensão, entre outros. Já 167 dos infectados fazem parte dos profissionais da Saúde. No município, 5,4 mil amostras já haviam sido tomadas para realização de testes. Os exames realizados pela prefeitura são do tipo RT-PCR, que é considerado um dos melhores padrões para esse diagnóstico. De todos os exames com resultados prontos já realizados pela prefeitura de Aparecida, 87% são negativos e 13% são positivos. (Especial para O Hoje) 

  

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