Viação Reunidas suspende operação no transporte público coletivo, em Goiânia

Os colaboradores da empresa estão sem receber os benefícios e salário desde maio. Foto - Divulgação

Postado em: 15-06-2020 às 12h20
Por: Redação
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Os colaboradores da empresa estão sem receber os benefícios e salário desde maio. Foto - Divulgação

Marcella Vitória

A Viação Reunidas (VR), uma das concessionárias do transporte coletivo de Goiânia e região metropolitana, suspendeu temporariamente sua operação após quase 90 dias mantendo os serviços e operando com prejuízo. As atividades da empresa e todos seus funcionários pararam no último sábado (13).

Cerca de 400 funcionários se reuniram na garagem da empresa, de mãos dadas, e rezaram para que uma solução seja encontrada o mais rápido possível, para que nenhum perca seus emprego. Eles estavam sem receber salários e vale alimentação desde maio.

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“A empresa é responsável, atua com profissionalismo, enxuta, com números transparentes, uma vez que é S/A (sociedade anônima) e publica seus balanços auditados regularmente, que, inclusive, estão à disposição da imprensa ou de quem desejar conhecer e analisar nossa realidade.  Portanto, o problema existente não se trata de má de gestão, muito pelo contrário,” relata Henrique Vinícius da Paz, diretor executivo da Viação Reunidas. 

Tal situação já havia sido levantada pelo Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo e Passageiros de Goiânia e Região Metropolitana (SET), segundo a determinação do Governo do Estado através do Decreto no 9.638, de 20 de março de 2020, que definia a circulação de apenas passageiros sentados.

Sem recursos para realizar o pagamento de funcionários e fornecedores, a Viação não viu outro caminho até haver uma análise favorável de crédito bancário já solicitado, ou um dos planos de recuperação do sistema em discussão com o poder público terem efetividade.

O presidente do SET, Adriano Rodrigues Oliveira, explica: “Em virtude da drástica redução na demanda, que chegou em 80% após o primeiro decreto do Governo do Estado definindo a quarentena, as empresas perderam sua capacidade de pagamento, uma vez que a receita foi fortemente comprometida com a diminuição de passageiros e a determinação de somente transportar somente passageiros sentados. Com a reabertura parcial das atividades da cidade esse índice se manteve baixo, em cerca de 30-40% do fluxo usual antes da pandemia. Esse é apenas um dos motivos que fizeram com que a Reunidas chegasse a esse momento crítico”.

Através do Plano Emergencial, o próprio Governo do Estado comprovou a real situação de dificuldade econômico-financeira das empresas através de auditoria da Controladoria Geral do Estado (CGE), que foi aprovado pelos demais órgãos de controle, bem como Ministério Público e Defensoria Pública.

Os números apresentados pelas empresas e auditados pela CGE comprovaram a dificuldade delas darem andamento à prestação de serviço no modelo em que foi imposto. “Estávamos esperançosos com a Plano Emergencial do Governo do Estado. Do valor que o Estado de Goiás apontou de déficit de custeio operacional das empresas – R$ 23 milhões e meio – a parte destinada à Reunidas seria de 2 milhões e meio, referentes somente a março e abril, sem contar maio e parte de junho. Se esse recurso tivesse saído, não teríamos chegado neste momento,” avalia Henrique.

“A proposta feita pelo Estado de Goiás foi desenvolvida para dar uma resposta à população e fortalecer o transporte público coletivo. Infelizmente ainda não temos uma confirmação da viabilidade pela Justiça. Outros caminhos estão sendo buscados, mas sem a agilidade necessária para o socorro imediato. Esse trabalho do Governo reforça a visão, que tem de ser de todos, de que o Transporte Coletivo é um serviço público, essencial, e direito de todo cidadão e responsabilidade dos governos”. Tudo que as empresas podem fazer, está sendo feito, mesmo que aos olhos do cidadão ainda não seja o suficiente,” conclui Oliveira. 

A Viação Reunidas já comunicou à CMTC a suspensão do trabalho.

Continuidade do atendimento

A Viação Reunidas opera nas regiões oeste e noroeste. São transportados pela VR cerca de 1.120.000 passageiros/mês (em tempos normais, agora com a pandemia são cerca de 370 mil passageiros/mês), em 110 linhas na região que compreende os municípios de Goiânia, Trindade, Goianira, Abadia de Goiás, Guapó, Brazabrantes, Santo Antônio de Goiás, Nova Veneza. O que corresponde a mais 200 bairros atendidos.

A empresa Rápido Araguaia irá assumir e executar os serviços da área atendida pela VR, enquanto não há linha de crédito bancário aprovada ou uma solução vinda do poder público.

 

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