Cartórios registram aumento de 31% de óbitos por doenças cardiovasculares

Período é referente ao início da quarentena, 16 de março; doenças cardiovasculares é a fatalidade que mais faz vítimas no Brasil e no mundo – Foto: Reprodução.

Postado em: 26-06-2020 às 18h30
Por: Nielton Soares
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Período é referente ao início da quarentena, 16 de março; doenças cardiovasculares é a fatalidade que mais faz vítimas no Brasil e no mundo – Foto: Reprodução.

Os cartórios de registro civil
registraram aumento de 31% no número de mortes por doenças cardiovasculares
entre 16 de março, quando os estados começaram a decretar a quarentena por
causa da pandemia da Covid-19, a 31 de maio, em comparação com o mesmo período
de 2019.

Os dados fazem parte do novo
módulo do Portal da Transparência, lançado nesta sexta-feira (26), que reúne os óbitos por
doenças cardíacas. O módulo foi desenvolvido pela Associação Nacional dos
Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil) em parceria com a Sociedade
Brasileira de Cardiologia (SBC).

Porém, o levantamento da SBC
mostra que os óbitos por infarto e Acidente Vascular Cerebral (AVC) registraram
queda de 14% e 5% respectivamente, no período analisado, o que, na avaliação do
presidente da entidade, Marcelo Queiroga, pode estar diretamente relacionado ao
aumento do número de mortes em domicílio e à dificuldade do diagnóstico exato.

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“A forte correlação positiva
entre o aumento de mortes cardiovasculares por causas inespecíficas e
domiciliares corrobora essas explicações, pois pode sugerir que pelo menos
algumas das mortes por infarto e AVC ocorreram em casa, impedindo o diagnóstico
correto”, disse Queiroga.

O presidente da Sociedade
Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista, Ricardo Costa,
lembra que as doenças cardiovasculares, que são as que mais matam no Brasil e
no mundo, continuam acontecendo. “Estamos vivendo situação preocupante. A
mortalidade pode estar sendo aumentada pelo não tratamento ou pelo tratamento
muito retardado, pela não procura dos indivíduos infartados por um atendimento
da maneira adequada”.

Segundo Costa, na segunda
quinzena de março, quando as medidas de isolamento social foram implantadas de
maneira mais ampla, foi observada uma redução em torno de 50% na realização de
procedimentos de emergência como a angioplastia.

“Nas primeiras semanas de abril,
observamos uma redução em torno de 70%. A principal hipótese é que pacientes
mesmo com sintomas de infarto estavam deixando de procurar atendimento médico
de emergência por conta do receio de serem contaminados pelo novo Coronavírus”,
disse Costa, destacando que muitos pacientes acabavam morrendo em casa ou
chegavam com um quadro cardíaco grave no atendimento.

O presidente da SBC alerta para a
necessidade de as pessoas buscarem atendimento médico para outras doenças que
não apenas a covid-19. “Assim, é necessário realizar campanhas públicas para
conscientizar sobre a importância do cuidado cardiovascular, mesmo durante esse
período desafiador. É de notar que os efeitos deletérios sobre eventos
cardiovasculares podem durar mais que a própria pandemia, pois as prevenções
primárias e secundárias estão sendo adiadas nesse contexto”, disse Queiroga. (Agência
Brasil)

 

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