Professor que propôs o isolamento intermitente sofre ameaças nas redes

Ataques decorrem do estudo que o docente apresentou para Caiado que aponta risco de 18 mil mortes caso isolamento social não aumente em Goiás| Foto: Reprodução/ UFG

Postado em: 01-07-2020 às 07h45
Por: Redação
Imagem Ilustrando a Notícia: Professor que propôs o isolamento intermitente sofre ameaças nas redes
Ataques decorrem do estudo que o docente apresentou para Caiado que aponta risco de 18 mil mortes caso isolamento social não aumente em Goiás| Foto: Reprodução/ UFG

Eduardo Marques

O professor Thiago Rangel, da Universidade Federal de Goiás (UFG), tornou-se vítima de ataques nas redes sociais por ter apresentado um estudo que sugere o fechamento intermitente do comércio, com 14 dias de autorização para abrir e 14 dias com portas fechadas, até setembro. O objetivo do seu estudo é evitar que se concretize a projeção de 18 mil mortes causadas pelo novo coronavírus nos próximos meses. Com a adesão do isolamento intermitente, o estudo destaca que o número de mortes cairia para 4 mil. Por causa do conteúdo da proposta que apresentou, Thiago virou alvo de montagens com seu rosto e frases que buscam desmoralizá-lo.

Em uma das publicações, há a foto do professor com a frase: “O futuro da sua família depende dele. Você o conhece? Ele é o responsável pelo lockdown em Goiás”. Devido aos ataques que o docente recebeu, a diretoria do Sindicato dos Docentes das Universidades Federais (Adufg-Sindicato) publicou uma nota de repúdio contra a violência. “O Adufg-Sindicato não aceita os ataques e defende que os responsáveis respondam nas esferas administrativa, civil e criminal”, diz trecho da nota.

Continua após a publicidade

Ainda no texto, o sindicato destaca que o professor atua no Instituto de Ciências Biológicas (ICB) e foi o primeiro docente da universidade a ter um artigo publicado na revista norte-americana Science. “No combate à pandemia, certamente ajudou a salvar milhares de vidas, uma vez que faz parte do grupo responsável pela implementação de um modelo de simulação epidemiológico, que se vale de métodos matemáticos e computacionais e geram projeções temporais da expansão da Covid-19. Esse trabalho serve para subsidiar a tomada de decisão em saúde considerando o atual cenário da pandemia no Estado de Goiás”, segue a nota.

Além disso, a Adufg destaca que “apoia incondicionalmente os professores e pesquisadores das universidades federais goianas, que estão absolutamente comprometidos com a ciência e com a busca de soluções para o enfrentamento da pandemia. O sindicato também reafirma seu compromisso com a missão de incentivar, disseminar e compartilhar o trabalho desenvolvido pela comunidade acadêmica no sentido de fortalecer a luta que as universidades têm travado na linha de frente de combate ao coronavírus”.

A UFG também publicou nota em apoio ao professor e ao trabalho que o mesmo desempenha dentre da instituição. “A Universidade Federal de Goiás (UFG) repudia de forma veemente qualquer tipo de difamação no sentido de desacreditar o trabalho científico de pesquisadores que trabalham arduamente colaborando pelo bem estar social. A comunidade da UFG está perplexa diante dos ataques que professores da instituição têm sofrido em virtude de estudos publicados que reforçam a necessidade de isolamento social para o combate à Covid-19.” 

O estudo

O estudo foi anunciado no último dia 29 de junho, mesma data do novo decreto assinado pelo governador Ronaldo Caiado (DEM), que recomendou aos municípios o isolamento intermitente. O estudo levou em consideração a projeção de mortes que o novo coronavírus poderá causar até setembro, caso o isolamento siga em baixa. Serão 18 mil mortes. A média do isolamento registrada no Estado até o momento é de 36%, sendo que a recomendada é de 70%. O cenário ainda aponta que o número de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) necessários para tratar os paciente, em julho, teria que ser de 2 mil. O Estado anunciou, ainda na última segunda-feira (29), que chegará aos 600 leitos.

Veja Também