Obra da Avenida Leste Oeste é embargada por falta de cuidados em relação à Covid-19

Grave e iminente risco de vida aos operários foram motivos para embargo das obras da Leste-Oeste| Foto: Wesley Costa

Postado em: 02-07-2020 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Obra da Avenida Leste Oeste é embargada por falta de cuidados em relação à Covid-19
Grave e iminente risco de vida aos operários foram motivos para embargo das obras da Leste-Oeste| Foto: Wesley Costa

Igor Caldas

A obra da Avenida Leste-Oeste foi embargada pela Superintendência Regional do Trabalho de Goiás (SRT-GO) por estar com diversas irregularidades no trato com os operários. De acordo com a averiguação, as infrações trabalhistas estavam incorrendo em grave e iminente risco de vida aos operários e a obra não estava em cumprimento com as medidas preventivas da Covid-19. As galerias estão localizadas no trecho Leste da obra contratado com previsão de término em contrato até outubro de 2020. Se continuar embargada por muito tempo, deve sofrer atraso.

O embargo da obra deve durar até que a empresa contratada pela administração municipal realize as adequações necessárias. Além disso, foi gerado 25 autos de infração, chegando à R$ 7 mil cada. Quem deve responder pelas multas é a construtora responsável pela obra.  A SRT-GO enviou relatórios para o Ministério Público do Trabalho (MPT-GO) para que outras medidas sejam tomadas em relação às irregularidades.

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Em entrevista à imprensa, o auditor fiscal Roberto Mendes revelou as perigosas condições de trabalho que os operários estavam sendo submetidos. “Quando nossa equipe chegou ao local da obra foi averiguado grave eminente risco que configura o embargo da obra”. O auditor afirma que o embargo foi motivado por três questões distintas. Uma delas é a situação de risco relacionado às escavações de galerias pluviais. Segundo Roberto Mendes, os trabalhadores poderiam ser soterrados em um eventual desmoronamento das valas dos taludes.

Soterramento

Roberto aponta que os funcionários da obra estavam trabalhando em até 6 metros de profundidade nas galerias pluviais. O material retirado para a execução das galerias era colocando ao lado dos taludes junto com a circulação de máquinas pesadas nas proximidades. De acordo com o auditor fiscal do trabalho, não havia nenhum laudo atestando que essas condições eram seguras para trabalhar.

A situação também aponta falta de sinalização e bloqueio das vias no trecho onde a obra estava sendo executada, gerando riscos para os trabalhadores e os moradores da região. Tanto transeuntes como motos, carros e bicicletas poderiam cair nas valas acidentalmente. 

Trabalhadores operavam sem condições de higiene 

O terceiro fator que motivou o embargo está relacionado à falta de cumprimento das normas de prevenção da Covid-19. Segundo Roberto Mendes, os operários não estavam sendo orientados para cumprir as medidas de prevenção à doença viral e não havia sequer água ou sabão nos banheiros à disposição para a correta higienização das mãos.

“Apesar de ser uma construtora antiga, com bastante conhecimento no mercado, executando uma obra de mais de R$ 160 milhões, as condições de trabalho dos operários eram muito ruins”. Os trabalhadores estavam dividindo garrafas térmicas, bebendo água no bico, com alto risco de contaminação. Não havia água nem sabão para lavar as mãos e os refeitórios não ofereciam condições mínimas de distanciamento.

Em nota, a Prefeitura de Goiânia afirma que a empresa responsável pela obra atendeu todas as exigências solicitadas e já fez a defesa e aguarda o retorno dos fiscais para dar continuidade aos serviços. O secretário de Obras da prefeitura, Dolzonan Mattos, afirma que o pedido foi protocolado via e-mail porque os órgãos não estão atendendo de forma presencial por causa das novas condições de isolamento intercalado.

A assessoria de comunicação da Seinfra afirmou que apesar do embargo, os trabalhadores da obra não estavam ausentes e que eles estariam lá porque precisavam ser vistos pelos fiscais do Ministério Público do Trabalho de Goiás. A equipe do jornal O Hoje esteve no local onde as galerias pluviais ofereciam riscos aos operários, mas não havia trabalhadores na obra.

Tramo Leste corresponde à via entre a Rua 74, no Centro, e a GO-403, em Senador Canedo. A via vai seguir o antigo leito da Estrada de Ferro de Goyaz, em direção à região central, passando pelas regiões do córrego do Palmito, pela rodovia BR-153, Bairro Feliz, Setor Negrão de Lima, Parque de Exposições Agropecuárias, na Nova Vila, Marginal Botafogo, chegando até a Praça do Trabalhador.

A obra teve início em 1997, mas a Avenida Leste-Oeste nunca foi concluída porque o trajeto previsto foi feito de forma incompleta. O projeto para a grande avenida é que ela fosse uma alternativa de ligação entre as saídas dos municípios de Trindade, em uma de suas extremidades, e da cidade de Senador Canedo, na outra.

Marginal Botafogo

As obras de construção da ponte da Avenida Leste-Oeste sobre a Marginal Botafogo também fazem parte do tramo leste. Segundo o projeto, as pistas da Avenida Leste-Oeste sobre a Marginal formam dois elementos em concreto armado, estruturalmente justapostos, com 13 metros de largura e 53 metros de comprimento.

A obra possui duas faixas de segurança de 1,5 metros, duas faixas de rodagem de 3,5 metros, uma faixa de pedestres de 2 metros, duas barreiras guarda-rodas de 0,4 metros e uma barreira guarda corpo de 0,2 metros rígidos, de concreto armado, totalizando uma largura constante de 13 metros. (Especial para O Hoje) 

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