Famílias despejadas de área da Prefeitura são alvos de nova ação policial neste sábado

Em nota, a Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e Habitação (Seplanh) disse que não solicitou nenhuma ação de desocupação no Residencial São Marcos nesse sábado (4)| Foto: Reprodução

Postado em: 05-07-2020 às 09h30
Por: Redação
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Em nota, a Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e Habitação (Seplanh) disse que não solicitou nenhuma ação de desocupação no Residencial São Marcos nesse sábado (4)| Foto: Reprodução

Eduardo Marques

Aproximadamente 15 famílias foram alvos de policiais militares no Residencial São Marcos, região oeste de Goiânia, na noite desse sábado (4). Os familiares são os mesmos membros da ocupação que foram desalojados por meio de determinação administrativa da prefeitura de Goiânia, na sexta feria (3). Posicionados no mesmo local, mas sem suas barracas, que foram demolidas, eles temem ser forçados a sair sem ter para onde ir.

Um morador, que não quis revelar o nome com medo de represálias, afirmou ter ouvido um agente da Polícia PM dizer a um Guarda Civil Metropolitano (GCM), por telefone, que o esperava para terminar o que começou na sexta. Era por volta das 21h45 quando a Ronda Ostensiva Municipal (Romu), da GCM, chegou ao local.

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Em nota, a Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e Habitação (Seplanh) disse que não solicitou nenhuma ação de desocupação no Residencial São Marcos neste sábado (4). Informou, ainda, “que a ação programada pela pasta para desocupação de área pública municipal destinada a construção de Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) foi realizada na manhã da sexta-feira (3), momento no qual foi oferecido acolhimento às famílias por equipes da Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) em unidades mantidas pela pasta, o que não foi aceito pelas famílias”.

Sobre a presença de agentes da Romu no local, a GCM ressaltou que “ela se deu por solicitação da Polícia Militar do Estado de Goiás, que recebeu denúncia via COPOM (Centro de Excelência no Atendimento de Emergências) de tentativa de invasão de área pública”. No entanto, chegarem ao local, ainda segundo a nota, PMs constataram tratar-se de área pertencente ao município e solicitaram apoio de agentes municipais “visando manter a ordem pública no local”.

Na sexta

A autorização para a retirada dos moradores partiu da Seplanh. As famílias afirmam que não foram notificadas e teriam sido, inclusive, ameaçadas no momento do despejo.

Segundo moradores, a GCM agiu com truculência durante a ação, tendo, inclusive, ameaçado de voltar com o reforço da PM, “caso não houvesse colaboração”. Ao Mais Goiás eles relataram agressões e o uso de spray de pimenta.

No dia, a Seplanh afirmou que essa foi uma ação legal por defesa de áreas públicas destinadas à coletividade. A ação teve o apoio das Secretarias Municipais de Assistência Social (Semas) e de Infraestrutura (Seinfra) e da Agência da Guarda Civil Metropolitana de Goiânia (AGCMG).

Também conforme alegado pela secretaria, em vistoria em 5 de junho, auditores constataram que a área havia sido ocupada com construções erguidas com lonas e madeiras. A secretaria relatou ainda que a notificação para demolição das estruturas e desocupação foi lavrada no mesmo dia e entregue às famílias.

Além disso, por meio de nota, a Seplanh informou que realizou a ação visando desocupar área pública municipal “invadida por 10 famílias” e que seria destinada à construção de Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei), localizada no Residencial São Marcos. “A Semas ofereceu apoio às famílias guardarem seus pertences em um depósito da Comurg, abrigo nas casas de acolhimento do Município, almoço e cestas básicas. Também foi verificado se estavam inscritos no Cadastro Único e na Habitação. Nenhuma família aceitou os encaminhamentos da Assistência Social, que permanece articulando a desocupação”, diz o documento.

Em relação as acusações contra a GCM, a mesma firmou que, durante o momento da demolição de um dos barracos, foi necessário o uso do spray de pimenta para conter os moradores. Entretanto, de acordo com relatos dos agentes públicos, nenhum ato de agressão foi realizado. 

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