Com aumento de casos de coronavírus em Goiânia, medo e desemprego desaceleram compras

No contexto de pandemia, reabertura do comércio ainda está com volume de vendas tímido| Foto: Wesley Costa

Postado em: 23-07-2020 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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No contexto de pandemia, reabertura do comércio ainda está com volume de vendas tímido| Foto: Wesley Costa

Igor Caldas

Os serviços não essenciais voltaram a funcionar desde o dia 14 de julho, mas a venda presencial no comércio permanece tímida. Com aumento de casos de Coronavírus em Goiânia, representantes do setor acreditam que a clientela está com medo de ir às ruas para fazer compras. A diminuição das vendas em geral pode chegar a até 40% em relação ao mesmo período do último ano. A Capital teve 1.305 novos casos de Covid-19 nas últimas 24 horas, sendo 17 mortes.

O presidente da Câmara de Lojistas de Goiânia (CDL Goiânia), Geovar Pereira, destaca que nos primeiros dias da reabertura o comparecimento da clientela foi satisfatório. “Se basearmos nas vendas de loja de rua e de shoppings, o primeiro dia da abertura foi muito bom a demanda estava reprimida, mas com o aumento dos casos de Covid-19 em Goiás, elas voltaram a cair”.

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Lojas preparadas

Apesar do crescimento da doença, Geovar afirma que as lojas estão preparadas para receber os clientes durante a pandemia. “Goiás está constantemente no vermelho e a situação está trazendo certo temor para a população, embora as lojas estejam bem preparadas e obedecendo a protocolos de saúde”, afirma.

Uma grande rede de lojas de calçados que tem presença forte em shoppings e lojas de rua da Capital está seguindo à risca os protocolos de saúde para a volta às atividades. O local funciona com lotação máxima de 20 clientes, o uso de máscara é obrigatório, há sinalização para fluxo de pessoas e álcool em gel disponível em vários pontos. Esse contexto já faz parte do novo cotidiano dos lojistas.

Para Uenis Ferreira, gerente da unidade da loja de calçados localizada na Praça do Bandeirante, no Centro de Goiânia, o fator que mais contribuiu com a queda das vendas foi a diminuição de renda familiar. “Muitas pessoas perderam o emprego e tiveram que parar de gastar, principalmente no setor hoteleiro e de restaurantes”. Uenis ainda afirma que muitas pessoas que perderam renda, vão às lojas para quitar dívidas de prestações. “As pessoas que perdem o emprego não querem deixar acúmulo de dívidas”.

Medo do desemprego

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no início do mês de julho, o desemprego bateu recorde pela 4º semana seguida em todo país, aumentando em cerca de 2 milhões de postos de trabalho perdidos. O presidente da CDL Goiânia ressalta que a perda de renda é um dos fatores mais agravantes na queda do consumo.

“Se a renda familiar cai, o consumo vai despencar também. Se um auxílio de R$ 600 ajuda a impulsionar o mercado como está acontecendo, imagina a perda de um posto de trabalho de R$ 1 mil ou R$2 mil”, pondera Geovar. De forma geral, o presidente da CDL Goiânia acredita que a diminuição de vendas em relação ao último ano chega a 40%. “Esse número é uma média porque alguns setores não foram muito afetados”, afirma.

Geovar ressalta que o consumo das pessoas despencou porque as famílias estão preocupadas em relação ao futuro. “Muitas pessoas estão temerosas com o amanhã porque no contexto de pandemia tudo é muito incerto, muitos estão com medo de perder o emprego e a incerteza se reflete no número de vendas”. O presidente da CDL Goiânia ressalta que o auxílio governamental da suspensão de contratos está sendo fundamental para que a economia não colapse. “Se os contratos não pudessem ser suspensos com o pagamento dos funcionários feitos pelo governo, seria o caos”, diz.

O casal Bruno Mendes e Ana Cláudia da Silva está sem trabalhar, mas ainda frequenta o comércio. “A gente vai às lojas principalmente para pagar contas de dívidas que fizemos antes da pandemia, mas a gente acaba olhando e comprando alguma coisa”, afirma Bruno. Ele trabalha como músico e organizador de eventos e não tem expectativa de voltar a trabalhar tão cedo. “Meu ramo vai ser um dos últimos a voltar à atividade”, lamenta.

Multa por descumprimento pode chegar a R$ 4,7 mil  

Se os protocolos gerais e específicos forem desobedecidos pelos estabelecimentos, serão aplicadas penalizações de sanções cabíveis, em especial a aplicação de multa no valor de R$ 4,7 mil. Uso da máscara continua sendo obrigatório para quem sair de casa.

Deve-se ter atenção ao controle da entrada de clientes por loja ou estabelecimento e manter no máximo um cliente para cada 12 m² de área de venda. O controle da entrada e saída de pessoas no interior deve ser feito por meio de barreira física, senha ou outro método eficaz. Deve ser vedado o acesso de pessoas que não estejam utilizando máscaras de proteção facial cobrindo nariz e boca.

Outra exigência é a sinalização dos sentidos de circulação e marcações no chão de dois em dois metros entre pessoas nas áreas comuns. Quando possível, deve-se implantar corredores de uma via só, para coordenar o fluxo de clientes nos estabelecimentos. Conforme estabelecido pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho, Ciência e Tecnologia horários para atendimento presencial deverão ser reduzidos e diminuição das áreas de estacionamento com sinalização para vagas intercaladas.

Também foi estabelecido, por meio de decreto, horários de escalonamento do comércio e de serviços, que voltam a funcionar a partir do último dia 14. Alguns estabelecimentos estão funcionando em horário normal, como hotéis, construção civil e laboratórios, academias, por exemplo. Outras atividades têm horário de início de funcionamento, sem restrição de fechamento como padarias, supermercados, escritórios, concessionário e salões de beleza.

Os shoppings podem ficar abertos do meio-dia às 20h. No entanto, o comércio agropecuário, de rua e da Região da 44 têm restrição para abertura e fechamento (9h às 17 h). Bares e similares estão atendendo em horário normal com restrição para encerramento das atividades até a meia-noite.

Diaristas, prestadores de serviço de manutenção têm três horários distintos para início das atividades, 6h30, 8h30 ou após 10h30. O setor que não está citado no decreto deve seguir o horário das 9h até às 17 h. (Especial para O Hoje)

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