Explosão no Líbano deixa mais de 100 mortos; hospitais entram em colapso

País enfrenta a mais grave crise financeira desde o fim da guerra civil, em 1990. Destruição do porto de Beirute deve dificultar a chegada de ajuda humanitária - Foto: Reprodução

Postado em: 05-08-2020 às 09h10
Por: Redação
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País enfrenta a mais grave crise financeira desde o fim da guerra civil, em 1990. Destruição do porto de Beirute deve dificultar a chegada de ajuda humanitária - Foto: Reprodução

Marcella Vitória

A grande explosão no Líbano ocorrida nesta terça-feira (04) deixou milhares de vítimas, sendo mais de 4.000 feridos e mais de 100 mortos, segundo a Cruz Vermelha Libanesa. O país vive hoje os efeitos da mais grave crise econômica desde o fim da guerra civil, em 1990, o que lhe traz dificuldades para lidar com os atingidos. 

Corre-se o risco de não conseguir lidar com a enorme demanda de serviços médicos para os feridos. Segundo o professor do Departamento de Relações Internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Maurício Santoro, não há como atender os feridos diante da situação econômica atual do Líbano, que já tem os serviços públicos entrando em colapso. 

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Desde fevereiro, o país registrou apenas 65 mortes e 5.062 casos confirmados de Covid-19, de acordo com o painel global sobre a pandemia mantido pela Universidade John Hopkins, nos Estados Unidos. Apesar do sucesso em conter a disseminação do vírus, há duas semanas o número de mortes aumentou repentinamente, onde foi decretado um lockdown de duas semanas, iniciado em 27 de julho.

Caos

Santoro afirma que os hospitais libaneses já vivem um cenário de “escassez de remédios e insumos básicos”, além de já estarem sobrecarregados. O prefeito de Beirute chegou a chorar ao vivo na televisão, comparando o episódio à bomba de Hiroshima.

Pacientes feridos chegaram a ser rejeitados por prontos-socorros. O maior hospital da cidade, St. George, teve as janelas destruídas e está com o telhado em pedaços. Pacientes internados na unidade se feriram, e os pais de crianças com câncer tiraram seus filhos às pressas dos leitos. 

Uma fonte da área de segurança disse que vítimas foram levadas para tratamento fora da cidade, pois os hospitais de Beirute estavam lotados de feridos. 

Dificuldade de ajuda

Segundo o cientista político, a libra libanesa (moeda oficial) desvalorizou 40% nos últimos seis meses, o que empurrou metade da população para baixo da linha de pobreza, situação agravada pela pandemia. A destruição parcial de seu único porto de grande porte também terá consequências na economia. 

O coordenador da graduação de Relações Internacionais da Ibmec-RJ, José Niemeyer, alega que uma tragédia dessa proporção deve garantir ao Líbano a solidariedade da comunidade internacional, como a Médicos Sem Fronteiras e a ActionAid. Porém, a destruição do porto de Beirute deve dificultar a chegada dessa ajuda. 

Maurício Santoro diz que há uma questão grave na logística, pois o país depende das importações e o principal ponto de entrada delas é justamente o porto de Beirute. Não há outro meio capaz de exercer esse papel logístico, então o recebimento de comida e remédios, por exemplo, será dificultado. 

O cientista político conclui que há a possibilidade de vir por terra através de Israel, e que mesmo sendo algo tecnicamente possível, é politicamente complicado. 

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