Em Aparecida de Goiânia, dois a cada 10 bairros estão sem asfalto

Aproximadamente 20% do município de Aparecida de Goiânia não possui pavimentação| Foto: Wesley Costa

Postado em: 14-08-2020 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Aproximadamente 20% do município de Aparecida de Goiânia não possui pavimentação| Foto: Wesley Costa

Igor Caldas

Pavimentação parcial de bairros em Aparecida de Goiânia aflige moradores. Alguns bairros do município ainda não foram asfaltados. É o caso do Setor dos Bandeirantes, Jardim Himalaia, Vila Romana, Vila Delfiori, Jardim das Cascatas. Aproximadamente 20% do município não possui pavimentação. Moradores lamentam falta de ações do poder público que já prometeu asfalto nessas regiões.

O comerciante Francisco Costa dos Santos, morador do bairro Vila Romana, afirma que a pavimentação dos bairros em Aparecida tem sido usada como moeda de troca eleitoreira. “O governo vêm, asfaltam um pedaço do bairro vizinho, faz inauguração e garante alguns votos. Estão vendo que não precisa asfaltar tudo para ganhar votos”, lamenta.

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Desde 1995, Francisco mora no bairro, mas já perdeu as esperanças de ver as vias asfaltadas. “A Prefeitura diz que a obra de pavimentação já foi licitada e começa em setembro, mas até agora não vi nenhuma movimentação. Depois de tantas promessas, só vou acreditar quando não tiver mais poeira”.

O comerciante declara que a quantidade de poeira é muito grande e sua casa nunca fica limpa. “Nem se fechar janelas, portas, vedar tudo não impede o pó de sujar tudo”. Todos os anos, as famílias que moram nestes bairros sofrem com a lama na época da chuva e a poeira na estiagem. Especialistas afirmam que a grande variação de temperatura e a poeira por falta de precipitação aumentam o risco de doenças respiratórias e disseminação de vírus, deixando essas famílias ainda mais vulneráveis em tempos de pandemia.

A Secretaria de Infraestrutura de Aparecida de Goiânia (Seinfra) informa que continuam sendo executadas, neste momento, as obras de pavimentação asfáltica nos setores Parque Ibirapuera, Aeroporto Sul, Jardim Himalaia, Goiânia Park Sul, Jardim Miramar e Jardim Boa Esperança (1ª etapa).

A Seinfra comunica, também, que já foram licitadas as obras de construção das galerias pluviais no setor Jardim das Cascatas, e a Secretaria fará a pavimentação asfáltica.

Sobre os bairros Vila Romana e Vila Delfiore, a Seinfra esclarece que segue elaborando projetos e orçamentos para a primeira etapa de pavimentação nos setores. Após a conclusão dos projetos, eles serão encaminhados à Caixa Econômica Federal, para aprovação. Em relação ao setor Quinta da Boa Vista, a Seinfra explica que, para um bairro receber pavimentação asfáltica, ele precisa contar com rede de água tratada já instalada.

Doenças

A pneumologista Fernanda Miranda de Oliveira, afirma que a propagação de todas as doenças transmitidas por partículas sólidas e gasosas podem aumentar em período de baixa temperatura, inclusive do vírus Sars-Cov-2. “As doenças transmitidas por aerossóis de modo geral têm sua disseminação aumentada nos meses de inverno”. Ela explica que isso acontece porque a baixa umidade do ar mantém as partículas suspensas por mais tempo, os níveis de poluição atmosférica aumentam e as pessoas tendem a ficar por mais tempo em ambientes fechados.

Um dos principais fatores que aumenta o número de casos de doenças e infecções respiratórias neste período é a poeira. Como há a diminuição da umidade do ar por causa da queda na precipitação, a poeira se forma com mais facilidade no ambiente externo e quando entra em casa, carrega elementos que causam reações alérgicas. Segundo a médica alergista, Maria Letícia Chavarria, para evitar problemas de saúde respiratórios na época de estiagem, deve-se manter a casa sempre arejada e higienizada. Isso se torna muito difícil em lugares onde não há pavimentação.

A médica explica que o problema da poeira se torna pior em ambientes internos, pois as pessoas alérgicas têm hipersensibilidade que agrava o quadro de problemas respiratórios. “A poeira faz mal, principalmente em ambientes internos. O organismo tem uma reação de forma exagerada aos elementos que causam alergia, o corpo perde o controle e gera uma inflamação que pode vir em forma de um quadro gripal, de rinossinusites alérgicas ou até mesmo asma”.

A alergista afirma que o organismo sofre com a tentativa de se adaptar a variação de temperatura que temos na época da estiagem. O organismo sofre com essa variação.  “A baixa umidade causa desidratação das mucosas que fica com mais dificuldade de funcionar corretamente”, explica.

A médica ainda diz que o quadro de saúde no período de estiagem se torna mais complicado, principalmente para pessoas alérgicas. Ela explica que o organismo dessas pessoas reage de forma exagerada às mudanças climáticas repentinas. “Na reação alérgica, o sistema de defesa biológica reage mais do que necessário às substâncias de origem natural, que podem induzir uma reação de hipersensibilidade”, revela a alergista.

Clima deve seguir quente e árido em Aparecida 

De acordo com as previsões climáticas do Instituto Nacional de Meteorologia, o clima de Aparecida de Goiânia deve continuar quente e árido nos próximos dias. As manhãs continuam amenas com mínimas variando entre 19 ° C até 20 ° C até a próxima segunda-feira (17), mas as máximas continuam altas com variação de 31 ° C a 34 ° C no mesmo período.

Quando a umidade relativa do ar fica abaixo de 30%, o Instituto considera a região como “alerta amarelo” alertando para perigo potencial. Segundo o gerente do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas do Estado de Goiás (Cimehgo), André Amorim, as próximas precipitações devem ocorrer apenas em meados de outubro. “As temperaturas devem começar a se elevar gradativamente, mas ainda estamos com as manhãs mais frias”, declara.

Coronavírus

As baixas temperaturas não afetam a propagação do vírus como foi pensado no início da pandemia. No entanto, a pneumologista Fernanda Miranda de Oliveira acredita que a propagação do vírus Sars-Cov-2 pode aumentar com a baixa umidade do ar, característica do período da estiagem.

“As doenças transmitidas por aerossóis de modo geral têm sua disseminação aumentada nos meses de inverno. Isso acontece porque a baixa umidade do ar mantém as partículas suspensas por mais tempo, os níveis de poluição atmosférica aumentam e as pessoas tendem a ficar por mais tempo em ambientes fechados”, explica.

A diretora de vigilância epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Grécia Carolina Pessoni, afirma que ainda não há comprovação científica de que o clima seco e frio aumente a propagação do Sars-Cov-2. No entanto, alerta que o cuidado com a prevenção de outras infecções respiratórias comuns neste período do ano pode ser uma arma contra a Covid-19. “As infecções respiratórias se tornam um fator de risco para a doença causada pelo Coronavírus e se manter saudável é muito importante”, declara.

Grécia diz que se os sintomas respiratórios persistirem deve-se buscar atendimento em uma unidade de saúde. “Enquanto a pessoa tiver sintomas leves como febre baixa e tosse, é melhor se recuperar em casa. Mas se os sintomas persistirem por mais de três dias, é importante buscar testes de Covid-19 antes que os sintomas se agravem”, conclui.

Ela ainda pontua que quando a umidade do ar fica abaixo de 30%, as vias respiratórias ficam mais ressecadas e a irritação das mucosas é maior. “Principalmente as crianças sofrem mais com doenças respiratórias nesta época. Além disso, outros vírus circulam com mais facilidade no tempo seco”, explica. (Especial para O Hoje)

  

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