Segunda-feira, 22 de julho de 2024

Alta no preço da cesta básica pesa no bolso do goianiense

Os maiores vilões dos supermercados de Goiânia são óleo de soja, leite integral, manteiga e arroz agulinha| Foto: Wesley Costa

Postado em: 09-09-2020 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Os maiores vilões dos supermercados de Goiânia são óleo de soja, leite integral, manteiga e arroz agulinha| Foto: Wesley Costa

Igor Caldas

A cesta básica ficou mais pesada no bolso do goianiense e itens tiveram alta de preço nas prateleiras no mês de agosto. Os maiores vilões dos supermercados de Goiânia que compõem os ingredientes da cesta básica são óleo de soja, leite integral, manteiga e arroz agulinha, comas maiores altas de preço no mês de agosto, segundo a Pesquisa Nacional de Cesta Básica de Alimentos divulgada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio Econômicos (DIEESE).

De acordo com a pesquisa, o óleo de soja teve alta em todas as 17 capitais onde a pesquisa é realizada, com variação máxima de preço em 31,81%. O levantamento aponta as demandas externas e internas como causa da cotação elevada de soja e derivados.  Em Goiânia, a manteiga registrou elevação de preço em 5,73% e o preço do arroz agulinha aumentou 10,56%.

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Em Goiânia, a cesta custou R$ 483,15, com alta de 2,18% na comparação com julho. No ano, o preço do conjunto de alimentos aumentou 6,25% e, em 12 meses, 20,97%. O tempo médio de trabalho necessário para adquirir os produtos da cesta, em agosto na cidade de Goiânia, foi de 101 horas e 43minutos, maior do que em julho, quando ficou em 99 horas e 33 minutos.

Para driblar os preços, Antônio Alves Pereira fica de olho nas ofertas anunciadas nos aplicativos dos supermercados de Goiânia. “Eu busco os preços mais baratos pelo celular e traço um itinerário para fazer compras em vários lugares diferentes”. Ele acredita que dessa forma consegue atenuar o aumento dos gastos dos produtos. “Se no mês que eu estou fazendo as compras, acho algum preço muito fora do normal, deixo para comprar no mês seguinte”, declara.

O aumento de preço que mais assustou Antônio este mês foi do óleo de soja. “No mês passado eu achei o preço do litro do óleo muito caro e deixei para comprá-lo neste mês. Me lasquei, o preço do produto saltou de R$ 4,85 para aproximadamente R$ 7”, lamenta.

Outras capitais

Os dados foram levantados pela Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos (tomada especial devido à pandemia do Coronavírus), realizada pelo DIEESE. O levantamento revela que, em agosto, os preços do conjunto de alimentos básicos, necessários para as refeições de uma pessoa adulta (conforme Decreto-lei 399/38) durante um mês, aumentaram em 13 das 17 capitais pesquisadas. Em outras quatro cidades, o custo da cesta básica diminuiu.

Quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto referente à Previdência Social (alterado para 7,5% a partir de março de 2020, com a Reforma da Previdência), verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional em Goiânia comprometeu, em agosto, na média, 49,98% do salário mínimo líquido para comprar os alimentos básicos para uma pessoa adulta. Em julho, o percentual foi de 48,92%.

Salário

Com base na cesta mais cara, que em agosto foi a de São Paulo (R$ 539,95), o DIEESE estima que o salário mínimo necessário devesse ser igual a R$ 4.536,12, o que corresponde a 4,34 vezes o salário mínimo vigente de R$ 1.045. O cálculo é feito com base na consideração de que uma família seja composta de quatro pessoas, com dois adultos e duas crianças.

A pandemia do Coronavírus fez com que o DIEESE suspendesse a coleta presencial de dados da Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos em 18 de março. Desde então, a entidade executa uma tomada especial de preços à distância para verificar o preço da cesta básica em 16 das 17 capitais onde o levantamento é realizado.

Demanda internacional por soja aumenta  

Se por um lado a soja e derivados está cara para os consumidores internos, por outro, o produtor do grão deve ampliar o plantio da oleaginosa no Brasil com rentabilidade jamais vista antes.  A safra de soja do Brasil 2020/21 foi estimada na última sexta-feira (4) em recorde de 131,7 milhões de toneladas. Goiás é o terceiro maior produtor do grão no país. O crescimento da demanda internacional pela oleaginosa altera os preços no mercado interno.

O número representa um crescimento de quase 6% ante à última temporada revisado para cima pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no mês passado, de acordo com pesquisa da Reuters. A pesquisa, realizada com 12 analistas e instituições, revelou ainda o aumento de um milhão de toneladas na projeção média quando comparada ao levantamento anterior da Reuters, publicado em 30 de julho.

Houve pouca alteração na projeção média de área plantada, de 38,11 milhões de hectares. Na pesquisa anterior, contudo, o número de participantes era inferior, já que o momento de plantio estava mais distante. A área plantada histórica e o otimismo com a safra ocorrem em uma temporada em que o setor registra recordes em época de pré-plantio, como acontece no ritmo de vendas antecipadas e rentabilidade esperada.

A soja é campeã de exportação do Brasil, líder global no mercado do grão. Sobre o recorde de vendas antecipadas, a consultoria Safras & Mercado publicou nesta sexta-feira uma atualização que posiciona a produção vendida em 65 milhões de toneladas, ou quase metade do total estimado. O volume comercializado de forma antecipada é superior à safra do terceiro maior produtor global, a Argentina, que deve colher 53,5 milhões de toneladas, de acordo com a avaliação do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA).

Previsão

A produção de soja para a safra 2020/2021 do Brasil deve alcançar 132,17 milhões de toneladas. É o que revela o levantamento divulgado na última sexta-feira (4) pela consultoria Safras & Mercado, que elevou ligeiramente sua projeção ante o número divulgado em julho, de 131,7 milhões de toneladas.

Caso a projeção para a safra que será plantada a partir deste mês seja confirmada, o País deve colher 5,5% a mais, ante o recorde da temporada anterior. A estimativa de uma nova safra histórica é baseada em crescimento do plantio de 1,8%, para 37,94 milhões de hectares (ante 37,8 milhões na última projeção) e em vendas antecipadas que já atingem quase 50% na média de produção nacional.

Transações antecipados

De acordo com a consultoria, transações antecipadas para 2020/21 avançaram de 43,3% no início do último mês para 49,3%. Com a próxima projeção de safra em 132,17 milhões de toneladas, o total já comprometido por parte dos produtores chega a aproximadamente 65 milhões de toneladas, antes mesmo do início do plantio.

O volume do grão produzido no Brasil vendido de forma antecipada chega a ser superior à safra da Argentina (terceiro produtor global) na última temporada, com agricultores aproveitando o dólar forte frente à moeda nacional, que ajuda na remuneração e deixa o produto nacional mais barato para importadores. (Especial para O Hoje)

 

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