Baixo volume de chuvas previstas para o fim de semana não deve aliviar o calor em Goiânia

A massa de ar quente deve começar a perder força hoje (18) e pode levar às primeiras chuvas em Goiás no início da próxima semana| Foto: Wesley Costa

Postado em: 18-09-2020 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Baixo volume de chuvas previstas para o fim de semana não deve aliviar o calor em Goiânia
A massa de ar quente deve começar a perder força hoje (18) e pode levar às primeiras chuvas em Goiás no início da próxima semana| Foto: Wesley Costa

Igor Caldas

Além do calor extremo que aflige a Capital, uma névoa de fumaça e fuligem paira sobre a cidade. O tempo seco e focos de incêndios são apontados por meteorologistas como agravantes da concentração de poluentes, fumaça e fuligem que o período de 118 dias sem chuvas trouxe aos ares de Goiânia. A concentração de gases tóxicos traz prejuízos à saúde do goianiense. Há possibilidade de chuva no início da próxima semana, mas o baixo volume de precipitação não deve aliviar as intempéries.

De acordo com o gerente do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas do Estado de Goiás (Cimehgo), André Amorim, a névoa seca se forma naturalmente, mas os focos de incêndio do Parque Altamiro de Moura Pacheco e de outros pontos da cidade agravaram o problema. “Ela [névoa seca] vai tomando forma ao longo do período de estiagem e aos poucos vai se intensificando com os dias seguidos sem chuvas”.

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Possibilidade de chuva

A massa de ar quente deve começar a perder força hoje (18) e pode levar às primeiras chuvas em Goiás no início da próxima semana. A possibilidade é de pancadas de chuvas isoladas entre segunda e terça-feira. No entanto, o volume de precipitação será mínimo e a névoa causada pelas queimadas e tempo seco no Capital deve continuar.

André diz que as possíveis alterações meteorológicas que devem ocorrer na próxima semana têm origem em uma frente fria que segue em direção à região Sudeste do País. No entanto, mesmo com a perda da força da massa de ar quente que paira sobre o Centro-Oeste a precipitação de chuvas em Goiânia não deve ultrapassar três milímetros. “Em alguns pontos, a chuva só vai ameaçar, mas não vai cair”, afirma

O gerente do Centro de Informações Meteorológicas diz que partir de hoje (18), o bloqueio atmosférico que mantém a densa massa de ar quente e seco sobre o estado deve começar a perder força. Quando isso acontecer, uma frente fria vai arrastar umidade. Isso vai levar instabilidade em algumas áreas no Centro-Sul de Goiás com possibilidade de chuvas fracas. A previsão recai sobre os municípios como Senador Canedo, Aparecida de Goiânia e parte de Goiânia.

No entanto, Amorim ressalta que a precipitação de chuva causada pela aproximação da frente fria vai ter volume muito pequeno e por isso não vão solucionar problemas como o tempo seco e queimadas registradas no Estado. Desde o primeiro dia de setembro até a última terça-feira (15) houve 1.549 registros de focos de incêndio em Goiás.

O número é quase o dobro do registrado em todo mês de setembro de 2019, quando foram registrados 872 focos de incêndio. Os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). O gerente  afirma que as chuvas fortes, com intensidade e grande volume só devem cair no início da estação das chuvas, na segunda quinzena de outubro.

Perigo

O grande número de queimadas e incêndios aumenta a concentração de gás carbônico na atmosfera e pode ser perigoso. O ar atmosférico tem uma concentração ideal de 21% de gás oxigênio, 78% de nitrogênio e o restante desse volume é de gás carbônico, vapor d’água e outros gases. Quando a eliminação de gás carbônico ocorre, ele substitui o oxigênio na atmosfera. Quanto maior o teor de gás carbônico, menor o de oxigênio e fica cada vez mais difícil de respirar.

Segundo um estudo do Consumer Product Safety Commission (Comissão de Segurança de Produtos ao Consumidor), do governo dos Estados Unidos, os efeitos danosos da concentração de gás carbônico na saúde dependem não só da do seu volume na atmosfera, mas também do período de exposição e do estado de saúde de cada pessoa atingida.

A cartilha do órgão afirma que a maior parte das pessoas não sente nenhum sintoma causado pela exposição prolongada aos níveis de gás carbônico de aproximadamente 1 a 70 ppm. No entanto, alguns pacientes que possuem problemas cardíacos podem sentir um aumento da dor no peito. Se os níveis do gás se elevarem e permanecerem acima de 70 ppm, os sintomas se vão se mostrando mais perceptíveis e a pessoa atingida pode ter dores de cabeça, fadiga e náuseas. Em concentrações sustentadas de gás carbônico acima de 150 a 200 ppm, desorientação, inconsciência e até morte podem acontecer. (Especial para O Hoje)

Mês de setembro registra 100 focos de incêndio por dia 

Entre os meses de janeiro e setembro foram registrados 7.387 focos de incêndio em todos os municípios goianos. Segundo o Corpo de Bombeiros Militar de Goiás (CBM), somente no mês de agosto foram registrados 2.175 focos.“Em setembro foram localizados 1.319 focos até o momento, a cada dia cerca de 100 queimadas são registradas”, disse.

Um dos biomas brasileiros mais afetados pelas queimadas durante o ano de 2020 é o Cerrado, considerado o segundo bioma que mais tem registrado queimadas no país, ficando atrás apenas da Amazônia. De acordo com um levantamento realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe), cerca de 28,2% do total de 14.764 focos registrados no país, ocorreram no Cerrado.

Para o ambientalista e presidente da Associação para Recuperação e Conservação do Meio Ambiente, Gerson Neto, as queimadas que estão devastando os biomas podem trazer grandes consequências, aumentando os problemas na qualidade do ar e nas mudanças climáticas. Ainda de acordo com Gerson, com a consolidação das queimadas, a fauna e a flora locais acabam por desaparecer. “Os animais são os mais prejudicados, além de sucumbirem às chamas, seus alimentos acabam ficando escassos”, explicou.

Parque Altamiro de Pacheco

Um grande incêndio tem consumido o Parque Estadual Altamiro de Moura Pacheco, nos três primeiros dias de incêndio, o fogo devastou mais de 56 hectares de área preservada. Segundo o chefe da Unidade de Conservação (UC), Marcelo Pacheco, o incêndio teve início em algumas propriedades rurais no entorno do parque. A expectativa era de que os focos fossem controlados totalmente ainda na manhã do último domingo (13). No entanto, o incêndio só foi controlado ontem.

Outra área de preservação que está sendo tomada pelo fogo é o Parque Estadual da Serra Dourada, localizado entre Cidade de Goiás e o município de Mossâmedes. Segundo o Corpo de Bombeiros, o fogo atingiu 546 alqueires em um período de três dias. De acordo com o diretor do parque, Maurício da Veiga Já como, o fogo também teve início na última sexta-feira (11).

Interior

Há dias, um incêndio consome a zona rural entre os municípios de Ipameri e Urutaí, na Região Sudeste de Goiás. De acordo com os bombeiros, militares de Catalão e de Caldas Novas foram enviados ontem (17) para trabalhar no enfrentamento ao fogo. A ação conta com o apoio de produtores rurais locais.

O fogo começou na última terça-feira (15) em um incêndio que atingiu uma retroescavadeira, transportada por uma locomotiva. O vagão seguiu viagem enquanto as chamas se espalharam por toda extensão da ferrovia. O incêndio atingiu cerca de 20 propriedades rurais entre os municípios. O Exército também foi chamado para auxiliar no combate ao incêndio, com uso de abafadores. (Pedro Moura é estagiário do Jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian)

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