Obra do BRT vira local de descarte de lixo em Goiânia

Até operação de o BRT ser decidida na Justiça, pista fica refém da consciência da população - Foto: Wesley COsta

Postado em: 22-09-2020 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Obra do BRT vira local de descarte de lixo em Goiânia
Até operação de o BRT ser decidida na Justiça, pista fica refém da consciência da população - Foto: Wesley COsta

Igor Caldas

Enquanto a pista do BRT não é concluída, a obra inacabada continua sendo utilizada para descarte irregular de resíduos e estacionamento pela população. A decisão sobre a operação no trecho entre o Terminal Recanto do Bosque e Isidória está nas mãos da Justiça e se não cair nas mãos das empresas que já operam o transporte público na Capital, pode levar até seis meses para começar a operar. Até lá, se houver falta de fiscalização e de consciência da população, o uso indevido da pista pode continuar.

Prazo para término da obra do BRT Norte-Sul está firmado para outubro deste ano, mas o titular da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Seinfra), Dolzonan Mattos admite que os atrasos da obra devem fazer com que esse prazo não seja cumprido.

Continua após a publicidade

Se o novo prazo ficar para dezembro deste ano, a Prefeitura de Goiânia não deve cumprir o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado com o Ministério Público Federal em Goiás que estipulou o prazo final de conclusão para outubro. Por meio de nota, a Seinfra informa que diante do atraso da obra do BRT Norte-Sul na Avenida Goiás, a Secretaria está agendando audiência com o Ministério Público Federal para tratar sobre o assunto.

No Setor Jardim Balneário Meia Ponte, na Avenida Genésio de Brito restos de móveis como camas e sofás foram largados ao relento ao lado de uma das estações do BRT. Ao longo da extensão da via em direção à Região Central da cidade foi encontrado mais entulho deixado pela população e carros estacionados na pista vazia.

Mesmo que a obra termine no novo prazo estipulado, a pista pode continuar a ficar sem uso, sendo alvo de depredações e estacionamento até o próximo ano. A deliberação de quando e como a operação dos ônibus vai ocorrer depende de uma decisão do Tribunal de Justiça de Goiás. A licitação destinada às empresas interessadas em operar no corredor está suspensa desde fevereiro, quando houve conflito de interesses do consórcio de empresas que já operam no transporte público em Goiânia em relação a operação do BRT.

Entre o velho e o novo

O usuário do transporte coletivo, que é o mais prejudicado no processo, fica entre dois cenários difíceis de encarar. Se a decisão judicial for favorável à continuidade da licitação de chamamento público para empresas interessadas, de caráter internacional, o período de tempo entre a retomada do processo licitatório e a operação do BRT pela empresa vencedora pode demorar até seis meses, com operação do novo modelo de transporte, com veículos trazidos por essa nova empresa, até maio de 2021.

O outro cenário, que possibilita a operação mais antecipada do BRT é de a decisão judicial favorecer as empresas concessionárias que já atuam em Goiânia. Neste caso, o cidadão vai necessitar esperar que, no mínimo a frota de veículos já usados pelo consórcio seja ajustada para conseguir operar de forma apropriada ao longo do corredor do BRT.

Ao contrário dos ônibus convencionais, os veículos que trafegam pelo corredor do BRT possuem porta de acesso invertida, do mesmo lado do motorista. Na hipótese da frota das concessionárias operarem no corredor, a altura do embarque e desembarque também deve ser alterado porque esses ônibus operam pegando passageiros que aguardam nas paradas de ônibus e terminais, em nível mais baixo de altura do que as plataformas do BRT.

 Planejamento prevê frota de 72 veículos

A operação do BRT estava planejada em duas linhas de eixo, uma para a Região Norte, indo até a Praça Cívica e outra para a Região Sul do trecho, até o Terminal Rodoviário com apoio de linhas de reforço. A frota das linhas em 2030 foi estimada em 72 veículos, com 63 articulados e nove no estilo padrão. Em horário de pico, pela manhã, foi estimado o volume máximo de 12.500 passageiros entre os terminais Cruzeiro e Correios no sentido Norte-Sul.

A reportagem entrou em contato com o consórcio RedeMob e SET para questionar sobre a hipótese da decisão judicial beneficiar as empresas que já operam em Goiânia na operação do BRT para saber se fariam o percurso com a mesma frota de ônibus que já operam na Capital. O consórcio respondeu que não comenta ações judiciais.

Obras

A primeira licitação para a implantação do corredor BRT em Goiânia foi feita em novembro de 2014, com valor de R$ 242,4 milhões. O prazo de conclusão dos trabalhos era de dois anos. No entanto, a obra teve início apenas em março de 2015 e não caminhou por muito tempo. Em outubro de 2016 houve a primeira paralisação por falta de repasse de verbas da Prefeitura de Goiânia.

O retorno dos trabalhos aconteceu apenas em março de 2017 depois que a Prefeitura de Goiânia repassou R$ 6 milhões. Mas em julho de 2017 a obra foi paralisada novamente por ser questionada por órgãos fiscalizadores que fez com que a Caixa Econômica Federal, e depois a administração do município de Goiânia parassem de repassar verbas para a construção do corredor.

Após o desenrolar destes fatos, um acordo foi firmado para excluir entre a Prefeitura de Goiânia e o Consórcio BRT para exclusão do trecho do Terminal Cruzeiro até o Terminal Isidória. Uma nova licitação foi aberta para esta parte da obra. Houve novo retorno dos trabalhos em março de 2018 com previsão de conclusão da construção do corredor até o Terminal Isidória em outubro de 2020.

A licitação para o trecho do corredor do BRT entre o Terminal Cruzeiro, em Aparecida de Goiânia e o Terminal Isidória em Goiânia já foi concluída e a previsão de entrega para o referido trecho está para dezembro de 2021.  (Especial para O Hoje)  

Veja Também