Feirantes lutam para ampliar área

Local ainda é incerto, uma vez que a Prefeitura de Goiânia afirma que ampliação está em tramitação

Postado em: 26-09-2020 às 09h55
Por: Sheyla Sousa
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Local ainda é incerto, uma vez que a Prefeitura de Goiânia afirma que ampliação está em tramitação

Daniell Alves

Após serem afetados pelas obras do BRT de Goiânia, os mais de 500 comerciantes de um bloco da Feira Hippie não devem atuar neste fim semana na Avenida Independência como queriam. A prefeitura disse que iria ampliar o espaço para montagem das bancas, mas o processo de autorização está em andamento. Atualmente, os comerciantes trabalham de forma provisória em regiões paralelas graças à obra na Praça do Trabalhador. A Associação dos Feirantes da Feira Hippie busca um acordo com o Paço para que uma parte da Avenida Independência seja utilizada pelos feirantes.

O presidente da Associação, Waldivino da Silva, afirmou que já seria possível a realização das atividades na Independência neste fim de semana. Ele explica que 636 pessoas foram diretamente afetadas pelas obras. “Buscamos por semanas negociar com os responsáveis para que pudessem ceder uma parte da Independência para que as pessoas pudessem trabalhar para garantir um final de ano mais digno”, conta.

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Segundo ele, os feirantes irão ocupar a região de maneira provisória e devem retomar assim que a obra for concluída. “Usaremos barracas popularmente conhecidas como pé de pato para não ter que furar o solo, teremos o apoio da SMT [Secretaria Municipal de Trânsito] para fazer a sinalização corretamente de forma que fique bom para todos”, diz.

Embora Waldivino afirme que os trabalhos serão expandidos para a Independência, a prefeitura de Goiânia não confirma a informação. Em nota, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho, Ciência e Tecnologia (Sedetec) informou que o processo para autorização dos feirantes utilizarem a Avenida Independência para armarem as bancas nos finais de semana “está em tramitação e ainda não retornou ao órgão para a sua deliberação final”.

Protocolo geral

A realização da Feira foi autorizada em julho por meio do Decreto Municipal nº 1313, que se refere às Feiras Especiais cadastradas junto à Sedetec. Segundo a Prefeitura de Goiânia, é imprescindível que os feirantes sigam o Protocolo Geral para todas as atividades econômicas em funcionamento. É obrigatório o uso de máscara facial, disponibilização de preparações alcoólicas a 70% para higienização das mãos e garantir a ventilação natural nos espaços são algumas das normas estabelecidas. Além do Protocolo Geral, os feirantes também devem seguir o Protocolo Específico para Feiras Especiais definidos pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS).

O documento dispõe sobre a permissão do funcionamento desde que garantidas as distâncias mínimas de 2 metros entre barracas, lateralmente, e corredores de circulação de no mínimo 3 metros. Caso o feirante atue com serviços de alimentação, também deve seguir os protocolos definidos para bares, restaurantes e similares.

Atuação de feirantes em Aparecida ainda é incerta

Questionado pela reportagem sobre a atuação dos comerciantes em Aparecida de Goiânia, Waldivino afirma que ainda não está definido. “Ela não tá definida ainda não. A gente tem uma conversa com a Prefeitura de Goiânia para levar feirantes para Aparecida. Estamos resolvendo questões internas da região. Não tem nada decidido, estamos à procura da área. A Quadra C foi destruída com o BRT e estamos tentando um acordo para essas mais de 500 famílias trabalharem”, afirma ele.

No último mês, o presidente havia informado que a novidade deve fazer com que as vendas cresçam, já que os comerciantes tiveram queda nos lucros desde o início da pandemia do novo Coronavírus. Ele afirmou, contudo, que a Feira não mudará de local, como foi cogitado anteriormente. Os feirantes passarão a fazer dois pontos. Desse modo, a Capital deve ficar com a Feira Hippie aos finais de semana: sábado e domingo, enquanto Aparecida receberia o polo de moda entre quarta e sexta-feira.

Patrimônio cultural

Foi aprovado na reunião da Comissão de Constituição, Justiça e Redação um projeto de lei que declara a Feira Hippie patrimônio cultural imaterial da cidade de Goiânia. De autoria da vereadora Priscilla Tejota (PSD), o projeto tem como objetivo reconhecer a importância da feira como parte da história da cidade, das famílias e da cultura goianiense. “Agradeço o apoio dos vereadores pela aprovação deste projeto. Trata-se do reconhecimento não apenas economicamente da feira, mas de todo trabalho de um povo, capaz de criar e consolidar uma atividade tão arraigada com a cidade, a ponto de se tornar símbolo dela”, destacou a parlamentar.

A Feira Hippie de Goiânia possui mais de 6 mil barracas e é considerada a maior feira ao ar livre do Brasil e da América Latina. Após a aprovação na CCJ, o projeto será encaminhado para a apreciação em plenário.

O patrimônio cultural de uma sociedade é o fruto de uma escolha a partir daquilo que as pessoas consideram ser mais importante, mais representativo da sua identidade, da sua história, da sua cultura, ou seja, são os valores, os significados atribuídos pelas pessoas a objetos ou práticas culturais e até a lugares, que os tornam patrimônio de uma coletividade.

De acordo com o artigo 216 da Constituição Federal, constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza imaterial, tomados em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade, que inclui os espaços destinados às manifestações artístico-culturais.

Feira Hippie

A história da Feira Hippie começou na década de 60, quando hippies expunham suas peças artesanais no Parque Mutirama. Posteriormente, eles foram para a Praça Universitária, seguindo para a Praça Cívica, depois para a Avenida Goiás e por último para a Praça do Trabalhador, onde funciona até hoje. A Feira surgiu a partir do encontro de pessoas que se identificavam com o Movimento Hippie, nas décadas de 60 e 70, comercializando bijuterias artesanais, pinturas, objetos artísticos e antiguidades.

Já nas últimas décadas começou a abrir espaço para outras formas de mercadoria, se adequando às novas necessidades da população, porém, sem perder sua característica de estilo de vida. Atualmente, na Feira Hippie é possível encontrar artesanatos, exposição de artistas plásticos, eletrônicos, calçados, roupas, artigos regionais e ainda comidas típicas.

O funcionamento da Feira inicia na sexta-feira, após as 18 horas, e encerra somente às 15 horas do domingo. Quão grande é a procura, os feirantes tiveram que se adequar para atender a todos. (Especial para O Hoje) 

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