Segunda-feira, 01 de julho de 2024

Seca faz rio baixar e revela poluição no Meia Ponte

A vazão média do rio no ponto de monitoramento II chegou a ficar em 4.957 litros por segundo - Foto: Reprodução

Postado em: 02-10-2020 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Seca faz rio baixar e revela poluição no Meia Ponte
A vazão média do rio no ponto de monitoramento II chegou a ficar em 4.957 litros por segundo - Foto: Reprodução

Igor Caldas

A baixa vazão revela um problema que atinge o curso d’água do rio Meia Ponte, poluição. Lixo e esgoto ficam à mostra e dividem espaço com animais que ainda resistem na sujeira. Após baixa precipitação de chuvas no início da Primavera, uma onda de calor intensa e histórica com baixa umidade abateu o Estado e toda região Centro-Oeste. As chuvas que anunciaram a nova estação deste ano não tiraram o rio Meia Ponte do Alerta Crítico I, quando a vazão de escoamento fica menor ou igual a 5.500 mil litros por segundo.

A vazão da principal fonte de abastecimento da Região Metropolitana deve continuar a cair até a estação chuvosa. De acordo com a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), mais ações serão tomadas e apesar de estar em estado de alerta, a situação do abastecimento ainda é melhor que a de anos anteriores, mas requer cuidados e uso racional da água pela população. Em setembro do último ano, a vazão do rio Meia Ponte ficou inferior a dois mil litros por segundo.

Continua após a publicidade

Após o alívio rápido das chuvas no fim de setembro, um episódio de calor histórico e umidade relativa do ar abaixo do recomendado fizeram com que os termômetros ultrapassassem 40ºC esta semana em algumas cidades do Estado. De acordo com a Semad, não há previsão de chuvas até o dia 10 de outubro. A onda de calor histórico é causada por uma bolha de ar quente que gera movimentos descendentes na atmosfera e resulta em calor extremo e tempo seco. O fenômeno climático da estiagem com baixa umidade no solo agrava ainda mais a situação.

Após medição realizada na última quinta-feira (1), quando a vazão média do Rio Meia Ponte em seu ponto de monitoramento II chegou a ficar em 4.957 litros por segundo, oficialmente a bacia do rio Meia Ponte, que abastece a Capital e Região Metropolitana, está em Nível Crítico I e deve continuar a cair até o início da próxima estação chuvosa. Isso significa que nos últimos 17 dias a vazão de escoamento foi menor ou igual a 5.500 litros por segundo.

A variante ocorre mesmo após a chuva que anunciou a primavera no fim do último mês. Novas ações já começaram a ser adotadas pela Semad, como manter a vazão de 2.000 litros por segundo para o abastecimento público da Região Metropolitana de Goiânia e manter as campanhas publicitárias sobre uso racional do recurso hídrico nas TVs, Rádios, jornais e Mídias Sociais.

Fiscalização

O órgão deve continuar as reuniões com os usuários da bacia para articular junto as administrações do município e associações de produtores rurais que atuam dentro da bacia hidrográfica para intensificar campanhas de orientação e fiscalização dos usuários. Estas medidas integram o Nível Crítico I instituído pela Deliberação nº 015/2020, aprovada pelo Comitê da Bacia Hidrográfica (CBH) do rio Meia Ponte.

A atual vazão do rio Meia Ponte ainda está melhor do que em anos anteriores. Em 2019, a vazão média já havia atingido o Nível Crítico III, quando fica menor ou igual a 3.000 litros por segundo, ao fim do mês de agosto. A população, no entanto, deve continuar a tomar certos cuidados para manter economia da água, evitar desperdícios e fazer uso consciente do recurso.

Níveis de atuação

A deliberação da CBH do Meia Ponte instituiu os níveis de criticidade da vazão do rio e as ações a serem tomadas pelo governo de Goiás, por meio da Semad, que já decretou, no dia 3 de junho, situação de risco de emergência hídrica por 210 dias na bacia hidrográfica do Alto Rio Meia Ponte. O órgão definiu ações de garantia do uso prioritário da água. O principal objetivo é evitar o racionamento no abastecimento da Região Metropolitana de Goiânia e Anápolis.

Se a vazão do rio Meia Ponte chegar ao Nível Crítico II, vazão de escoamento menor ou igual a 4.000 L/s, deverá haver redução de 25% dos volumes diários outorgados que realizam captação direta no rio ou dispensados de outorga para todas as finalidades de usos, das águas superficiais e subterrâneas, exceto Abastecimento Público e Dessedentação Animal;

A vazão para abastecimento público da Região Metropolitana também deve ser mantida em 2.000 litros por segundo e redução gradativa da vazão remanescente até o mínimo de 1.000 litros por segundo. Além disso, deve-se manter a articulação para a continuidade da campanha sobre uso racional nas mídias e junto à sociedade.

Neste caso, o Plano de Racionamento de uso da água aos órgãos reguladores AGR/ARG, conforme Resoluções nº 110/2017 AGR e 001/2019 ARG, em função da redução dos volumes captados pela Saneamento de Goiás (Saneago) deve ser apresentado.

 Incêndio deixa Anápolis sem abastecimento

Vários bairros do município de Anápolis ficaram sem água nesta quinta-feira (1). De acordo com a Companhia de Saneamento de Goiás, um incêndio em vegetação atingiu a rede elétrica e interferiu no sistema de abastecimento de água potável de Anápolis, próximo a região do Piancó.

Segundo a companhia, a energia foi parcialmente restabelecida ainda na manhã de ontem. A Saneago comunica ainda que o prazo previsto para normalização do sistema de água será na tarde de hoje. Apesar disso, algumas instabilidades do abastecimento hídrico podem persistir nas regiões mais altas da cidade.

A informação foi concedida na manhã desta quinta-feira (1) pela engenheira e gerente da Saneago, Tânia Valeriano. De acordo com a engenheira, o incêndio causou um problema elétrico na subestação e deixando apenas duas das quatro bombas utilizadas para o abastecimento de cerca de 80% da cidade em funcionamento.

Tânia Valeriano ainda alerta a população para que faça o uso comedido e consciente de água na cidade. Com a alta temperatura na estação da estiagem, o consumo tende a ser maior e pode levar mais tempo para que os reservatórios estejam plenamente abastecidos para a distribuição e abastecimento. (Especial para O Hoje)

  

Veja Também