Segunda-feira, 01 de julho de 2024

Alta temperatura seca lagoa do Parque Jerivá em Goiânia

Moradores do bairro alegam que a Prefeitura de Goiânia retirou a água e os peixes do lago antes que secasse completamente - Foto: Igor Caldas

Postado em: 06-10-2020 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Alta temperatura seca lagoa do Parque Jerivá em Goiânia
Moradores do bairro alegam que a Prefeitura de Goiânia retirou a água e os peixes do lago antes que secasse completamente - Foto: Igor Caldas

Igor Caldas

O clima desértico da Capital fez um lago no Parque Jerivá secar, localizado entre a Rua Anicuns e Rua Belo Horizonte, na divisa dos Setores Vila Vera Cruz, Vila Fernandes e Centro-Oeste. De acordo com moradores, o fenômeno acontece todos os anos na época da estiagem. No local, a lona que compõe o fundo da lagoa está exposta. Moradores do bairro alegam que a Prefeitura de Goiânia terminou de retirar a água e os peixes do lago, antes que secasse completamente.

Cézar Cruvinel, morador do bairro há 40 anos acredita que o lago seca todos os anos porque faltou planejamento na implantação do parque. Ele afirma que a lagoa foi construída longe da nascente que não cessa de brotar água, mesmo na época da estiagem. “Eu me lembro de jogar bola aqui e essa nascente sempre tinha água, em qualquer época do ano”, recorda.

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A obra de implantação do parque foi financiada por duas construtoras, em regime de compensação ambiental. A aplicação de recursos na implantação do Parque Jerivá aconteceu como compensação ambiental pela construção das torres do Residencial Brisas do Parque, um condomínio residencial que foi construído ao lado do parque.

O mecanismo financeiro tem o objetivo de compensar os efeitos de impactos ambientais que não são mitigáveis. A forma de compensação ambiental pode ser aplicada tanto no ato do licenciamento ambiental de um empreendimento ou atividade potencialmente poluidora, ou quando ocorre um dano ambiental efetivo.

O responsável pelo empreendimento, atividade ou dano ambiental tem que firmar um termo de compromisso com a Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma), onde deve financiar a implantação e manutenção das unidades de conservação, com investimento de um valor que não seja menor que 0,5% do custo total do empreendimento.

O parque possui 22.272,28 metros quadrados, localizada na Região Campinas, em área de preservação ambiental, e tem no seu entorno bairros como Setor Centro-Oeste, Vila Vera Cruz, Vila Fernandes, Vila São Luiz, Vila Perdiz, Urias Magalhães e Nossa Senhora Aparecida e outros. Antes da intervenção, a área do parque era ocupada por edificações que foram demolidas para sua implantação.

Baixa umidade

O calor excessivo e a baixa umidade relativa do ar devem seguir no início desta semana em todo Estado. Em algumas cidades o índice ficou abaixo dos 12%. Mas previsões apontam que a partir de quinta-feira (8), uma frente fria vai começar a se formar na região Sul do Brasil. O fenômeno climático vai atrair a umidade da região Norte e vão se deslocar e subir o País.

De acordo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), os termômetros na Capital ultrapassaram os 40ºC o último domingo. O órgão lançou um aviso de perigo para Goiânia sobre a onda de calor que abate a Capital com temperaturas 5ºC acima da média normal.

O órgão também emitiu alerta de perigo sobre a baixa umidade do ar no domingo (4). O índice ficou abaixo de 12%, o que coloca a Capital em estado de emergência. A condição de extrema seca pode afetar a saúde, principalmente para quem sofre de doenças pulmonares. O risco de incêndios florestais também fica alto na combinação de tempo seco e temperatura elevada.

Chuvas

Apesar da aproximação da massa de ar frio, o Gerente do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas do Estado de Goiás (Cimehgo), da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), André Amorim, afirma que a chuva deve cair no Estado apenas a partir do dia 10 de outubro, quando a frente fria começa a avançar sobre a região.

Drenagem de Parque não é ineficiente 

A drenagem foi um dos pontos considerados durante o processo de implantação desta Unidade de Conservação. Segundo informações da Prefeitura de Goiânia, foi planejado o reuso da água para abastecimento do lago. A obra executada consistiu na construção do lago artificial cujo abastecimento é feito por afloramentos existentes na área, que anteriormente sofriam com aterros constantes dos resíduos de construção civil.

No local foi adotado o sistema de drenagem urbana sustentável com captação da água pluvial dos telhados do condomínio residencial e armazenamento em uma caixa de retenção, que tem a água bombeada e direcionada para uma valeta de infiltração, instalada na cabeceira do lago. Somente o excedente, ou seja, o volume não infiltrado é encaminhado para a galeria de água pluvial existente, evitando enchentes e a sobrecarga das redes públicas.

No entanto, o morador antigo do bairro, Cézar Cruvinel, afirma que o projeto de drenagem feita no Parque Jerivá não impede a ocorrência de enchentes na época da chuva. “Aqui inunda tudo. Não dá para ver nem a beirada do lago”, afirma. Ele ainda conta que uma ambulância já chegou a entrar no lago porque a inundação deixava-o invisível. Cézar diz que os problemas de enchentes nunca foram resolvidos no bairro.

Por meio de nota, a Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma) afirma que o lago do Parque Jerivá é artificial, por isso, em época de estiagem, a água desaparece pelo fato de o lençol freático que o abastece diminuir a sua vazão. Servidores da Amma limparam a área abrangida pela água, retiraram os sedimentos do fundo.

A Amma ainda diz que a única alternativa é esperar as chuvas chegarem para que a normalidade do volume de água no lago volte. “Nesse período do ano até rios são atingidos pela seca. E lá é um lago artificial”, diz a nota. (Especial para O Hoje) 

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