Mais de 27 mil idosos já foram curados da Covid-19 em Goiás

Foram 31,2 mil pessoas com idade igual ou superior a 60 anos que se contaminaram em Goiás - Foto: Reprodução

Postado em: 10-10-2020 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Foram 31,2 mil pessoas com idade igual ou superior a 60 anos que se contaminaram em Goiás - Foto: Reprodução

Daniell Alves 

Embora mais vulneráveis ao Coronavírus, cerca de 27 mil idosos foram curados da Covid-19 em Goiás. O recorte foi feito pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-GO) a pedido do O Hoje. Foram 31,2 mil pessoas com idade igual ou superior a 60 anos de idade que se contaminaram. Destas, 27,4 mil estão recuperadas. Cada paciente curado sai do hospital com mais sede de viver, mas precisam respeitar o isolamento social. 

O caso mais recente é inédito. Uma idosa de 104 anos, Elza Rios, conseguiu se recuperar da doença em Goiânia. Ela ficou durante 20 dias sendo tratada e saiu do isolamento na última segunda-feira (5). O tratamento foi feito no Instituto de Longa Permanência para Idosos, que fica localizado no Setor Sul. 

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Em entrevista ao Jornal O Hoje, uma das cuidadoras de Elza no Instituto, a geriatra Zélia Santana, explica que a equipe médica usou plasma convalescente – parte líquida do sangue de quem já teve Covid – para ajudar na recuperação de Elza. Ela foi diagnosticada com Coronavírus no dia 16 de setembro. Os sintomas foram febre, um pouco de falta de ar e queda na saturação de oxigênio. “Fizemos um tratamento que é recomendado pelo Hospital Albert Einstein, onde fizemos os exames de sangue para avaliar nível de inflamação e acometimento pulmonar. Iniciamos com antibióticos e anticoagulante – o paciente com Coronavírus aumenta o risco de ter trombose”, ressalta. 

Como a centenária tinha acometimento pulmonar, foi utilizado o plasma de convalescente. Segundo a geriatra, dona Elza evoluiu bem com esse protocolo. “Hoje ela está fora do isolamento e ainda usa oxigênio para dormir, além do coagulante”. Posteriormente serão realizados novos exames para avaliar o quadro da idosa. “O mais importante agora é realmente o tratamento com fisioterapia para que ela retorne à funcionalidade, além de suplementos na alimentação”, finaliza. 

O caso de dona Elza não é o único no Estado. Em Buriti Alegre, distante 180 quilômetros da Capital, outra centenária também venceu a doença no último mês. Trata-se de Guilmar Helena de Oliveira, de 105 anos. Ela passou 12 dias internada na Santa Casa de Misericórdia. Um dos médicos que cuidou da idosa, Renato Dias, explicou que a família da paciente havia levado ela para o Centro de Saúde da cidade com sintomas da doença e em seguida ela foi transferida para a Santa Casa. 

Após o tratamento, os pacientes são recebidos com amor e carinho pelos familiares. Na cidade de Aparecida de Goiânia, o casal de idosos Alice Santana de Jesus, 63, e Evilásio Francisco Costa, 67, tiveram alta do Hospital Municipal de Aparecida (HMAP). Eles foram internados por causa da Covid-19, mas se recuperaram. A saída deles foi festejada pelos profissionais da unidade, que se posicionaram em uma espécie de corredor para se despedir dos pacientes, com mensagens de encorajamento e conscientização.

Alice deu entrada no Hmap e ficou internada por três dias na UTI e cinco dias na enfermaria. Já Evilásio, ficou na unidade por nove dias. Os dois estavam emocionados com a alta hospitalar e agradecidos com a despedida organizada pelos servidores. “Muita alegria de Deus. Se vocês souberem o amor que eu vou levando de vocês. Estou saindo com vida. Que Deus abençoe a cada um”, disse dona Alice emocionada.

Emoção 

No município de Anápolis, outro paciente foi às lagrimas após saber que estava curado da doença. Em vídeo divulgado nas redes sociais pelo prefeito do município, Roberto Naves, o aposentado Luís Carlos Arantes, 56 anos, aparece emocionado ao saber que teria alta do hospital. Ele ficou 12 dias internado no Hospital Nossa Senhora do Carmo. Nas imagens, quando ouve a pergunta “Vamos para casa?”, Luís Carlos, que está sentado na cama, começa a chorar.

A vitória contra a doença também foi comemorada no último mês pelo idoso Cylas Ribeiro de Paula, 90 anos. Ele ficou 14 dias internado no Hospital Regional São Marcos, na cidade de Itumbiara. E, para alegria de todos, se curou da Covid no mesmo dia de seu aniversário. A equipe médica da unidade até organizou uma festa para celebrar a notícia. 

Já o casal de idosos Cirsa Pimentel Machado, 67 anos, e Edgar Batista Machado, 72, ficaram internados juntos por mais de duas semanas no mesmo hospital para se livrarem da doença. Para alegria da família, os dois receberam alta da unidade no mesmo dia. Eles comemoram a superação e conheceram o bisneto, que nasceu enquanto eles estavam em coma. 

Tratamento 

Em Goiânia, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), 63% dos pacientes apresentaram tosse, 54% febre, 38% desconforto respiratório, 35% dispneia (falta de ar), 33% dor de garganta, 27% diarreia e 11% vômitos. 

A SES explica que o tratamento é feito após a realização da anamnese, que é a coleta de todas as informações sobre sintomas dos pacientes. Se for um caso simples, com sintomas mais leves e que não exija internação, o paciente recebe alta e faz o tratamento e a quarentena em casa. A expectativa é que esse atendimento seja feito entre 15 e 18 minutos, para evitar que pessoas com nível menor de infecção fiquem na unidade de saúde, mas que possam retornar logo para suas casas.

Caso o paciente necessite da realização de exames para a conclusão do diagnóstico, isso é feito dentro da própria unidade de saúde. No entanto, informa, não existe tratamento específico para infecções causadas pelo Coronavírus. É indicado repouso e consumo de bastante água, além de algumas medidas adotadas para aliviar os sintomas, conforme cada caso, como, por exemplo: uso de medicamento para dor e febre e umidificador no quarto e banhos quentes.

Isolamento social 

Os idosos, mais do que nunca, precisam seguir o isolamento social, pois assim é possível impedir a proliferação do vírus pela cidade, explica José David Urbaez, secretário da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). “Se nós estamos em um apartamento, por exemplo, sem dúvida alguma o indivíduo doente tem um enorme poder de contagiar quem está naquela casa”. 

Segundo ele, para diminuir as chances de contágio, o diagnosticado com a doença deve ficar confinado em um cômodo da casa. “É uma situação difícil e desagradável porque as pessoas não podem ter nenhum tipo de contato com os familiares, uma vez que o espaço pequeno tem uma chance maior de transmitir o vírus”, diz.  (Especial para O Hoje)

 

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