Apesar de pontos novos, déficit de abrigos é alto em Goiânia

Região Metropolitana de Goiânia tem 6.776 pontos de ônibus, mas 4.995 paradas não possuem abrigo| Foto: Wesley Costa

Postado em: 12-10-2020 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Região Metropolitana de Goiânia tem 6.776 pontos de ônibus, mas 4.995 paradas não possuem abrigo| Foto: Wesley Costa

Igor Caldas

Prefeitura de Goiânia investiu mais de R$ 1 milhão em 57 abrigos de pontos de parada de ônibus ao longo do corredor T-7, mas muitas pessoas ainda esperam o transporte coletivo ao relento, sobretudo nas áreas periféricas da Capital. Em outros locais, os abrigos ultrapassados podem oferecer riscos aos usuários, pois são feitos de concreto, são antigos e podem estar com a estrutura danificada.

Mais de 70% dos pontos de parada de ônibus na Grande Goiânia não possui abrigos. No total, são 6.776 pontos de embarque desembarque e destes, 4.995 não possuem abrigo, de acordo com dados de levantamento da Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC) solicitados pelo jornal O Hoje. As duas maiores cidades da Região Metropolitana concentram a maior parte dos pontos de embarque e desembarque. Em Goiânia, há um total de 3.727 pontos de paradas de ônibus e Aparecida de Goiânia conta com 1.363.

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Áreas nobres

Até mesmo em áreas nobres da cidade, a falta de abrigo se torna um problema para o usuário do transporte público. Um ponto de ônibus da Rua 135, no Setor Marista, não oferece abrigo para os passageiros que aguardam o transporte coletivo. Por volta das 16 horas, muitas pessoas começam a se aglomerar na calçada a espera de retornarem para casa depois do expediente de trabalho. Em tempos de chuva, não tem onde se abrigar e na estiagem têm que aguentar o sol escaldante direto na cabeça.

Novos abrigos 

Os novos abrigos de pontos de parada de ônibus instalados no Corredor T-7 é o modelo ideal de estrutura que deveria garantir conforto nos mais de seis mil pontos de embarque e desembarque da Região Metropolitana de Goiânia porque possui características que garantem acessibilidade às pessoas com deficiência de limitação motora e conta com cobertura de isolamento termoacústica.

Seria necessário um investimento de R$ 120 milhões para universalizar este modelo de abrigo em toda Grande Goiânia. As administrações dos municípios, que são legalmente responsáveis pela manutenção, realocação ou instalação de abrigos poderiam dividir a aplicação do investimento proporcional à quantidade de pontos de embarque e desembarque em cada uma das 20 cidades que compõem a Região Metropolitana de Goiânia.   

Acessibilidade

Além dos novos abrigos de pontos de parada de ônibus, o secretário de Infraestrutura e Obras Públicas de Goiânia (Seinfra), Dolzonan Mattos, afirma que mais de 21 quilômetros de calçadas acessíveis com pisos táteis e pisos de alerta direcionais para pessoas com deficiência visual, rampas de acesso para dar comodidade para aqueles deficientes com dificuldade de locomoção estão sendo instaladas no Corredor T-7 desde o último mês.

O titular da Seinfra ainda revela que a obra do Corredor T-7 vai contemplar a recuperação do asfaltamento e iluminação pública em toda sua extensão. O custo da obra é superior a R$ 30 milhões e ela foi iniciada em fevereiro de 2015, mas foi paralisada por falta de repasse da Prefeitura e retomada na atual gestão. 

Responsabilidade sobre abrigos é dos municípios 

De acordo com uma deliberação da CMTC de 2018, abrigos e pontos de parada de ônibus têm sido sucateados ao longo do tempo devido à falta de manutenção. Documento da Câmara Deliberativa de Transportes Coletivos (CDTC) confirma que apesar da atribuição da gestão de infraestrutura do transporte coletivo ser da CMTC, o órgão não recebe recursos dos municípios para executar manutenção dos abrigos instalados ou promover edificação de novos abrigos.

Diante dessa justificativa, a CDTC deliberou pela falta de recursos por parte dos municípios, que sequer participam do quadro societário da CMTC, fica estabelecido que a administração das cidades que integram a Rede Metropolitana de Transportes Coletivos (RMTC) passarão a ser responsáveis por promover a manutenção, realocação ou instalação de abrigos, quando necessário.

A deliberação ainda estabelece que os municípios poderão executar um convênio com a CMTC para realização de levantamentos técnicos sobre o estado de cada ponto de parada instalados pela RMTC e seus respectivos abrigos para realizar diagnóstico sobre e propositura de ações de requalificação ou instalação de novos abrigos.

De acordo com a Companhia, o abrigo mais comum em Goiânia, de cor azul ou com cobertura laranja com cinco lugares, custa cerca de R$ 9 mil. Já o modelo mais robusto, como os que estão instalados na Praça Universitária, em Goiânia, com estrutura de metal, painéis de vidro, espaço para cadeirantes e cinco lugares para acomodar pessoas sentadas custam cerca de R$ 18 mil.

Custo de R$ 25 mil

No último ano, Aparecida de Goiânia apostou em um novo modelo de abrigo de ônibus, diferente dos que estão sendo instalados no Corredor T-7. Cada novo abrigo de ônibus instalado pela Prefeitura de Aparecida teve o custo de R$ 25 mil. Os novos pontos de Aparecida têm uma estrutura menos rígida, com um painel de vidro e acomoda quatro pessoas e também possui espaço para cadeirantes, possui barras nos acentos e é cercado de piso tátil.

A instalação das estruturas de paradas de ônibus faz parte de uma das ações do Projeto de Mobilidade Urbana executado pelas secretarias de Infraestrutura Mobilidade e Defesa Social e Desenvolvimento Urbano (Seinfra). (Especial para O Hoje)

  

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