Retorno da educação infantil pode ser autorizado nesta segunda (19)

Poderão funcionar escolas que atendam crianças de 0 a 5 anos com até 30% da capacidade | Foto: Wesley Costa.

Postado em: 19-10-2020 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Poderão funcionar escolas que atendam crianças de 0 a 5 anos com até 30% da capacidade | Foto: Wesley Costa.

Manoela Messias

A publicação do decreto que libera aulas em escolas de ensino infantil e de eventos sociais que estava previsto para ocorrer nesta sexta-feira (16) foi adiado e deve ser divulgado hoje. De acordo com o Paço a medida não deve prejudicar as escolas uma vez que a Prefeitura informou que a previsão, desde o início, era que o retorno oficial só ocorresse a partir de amanhã, 20.

Após intensa discussão acerca do retorno das aulas presenciais, o Centro de Operações de Emergência (COE) de Goiânia autorizou, na terça-feira (13), a reabertura parcial de berçários e escolas de educação infantil para crianças de 0 a 5 anos, desde que as unidades tenham ocupação máxima de 30%. Conforme nota divulgada pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), após duas semanas será reavaliado o cenário epidemiológico para verificar se haverá a manutenção das flexibilizações. Se os casos de Covid-19 aumentarem nos 15 dias após a reabertura das escolas, ela poderão fechar novamente.

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Segundo o superintendente de Vigilância em Saúde Yves Mauro Ternes, todas as regras vão ser fiscalizadas nas escolas e também pela Secretaria Municipal de Educação (SME). “Essas flexibilizações foram possíveis porque o cenário epidemiológico é favorável à retomada dessas atividades econômicas. Temos observados a redução do número de óbitos e das internações por Covid-19 no município. Além disso, a taxa de ocupação de leitos de UTI e enfermaria entre 50 e 60%”, disse o superintendente.

Cumprimento às regras

Goiânia tem, atualmente, 526 instituições privadas que oferecem ensino infantil e 180 delas são associadas à Associação das Instituições Particulares de Ensino de Goiás (Aipeg). A entidade afirma que nem todas as unidades de ensino irão retomar as aulas presenciais nesta semana, porém as que abrirem as portas terão todo o aparato de segurança exigido para manter as crianças seguras.

“Estamos prontos para a retomada desde agosto. Como é um protocolo completamente complexo, mas já estávamos acostumados com uma fiscalização bem sobre as escolas particulares, por isso já cumprimos praticamente todo o protocolo”, afirma Paulo Pedrosa, primeiro secretário da Aipeg.

Ele, que também é dono de uma rede de escolas que atende alunos do berçário ao ensino médio, conta que já equipou as instituições com equipamentos automáticos para assepsia com álcool em gel e termômetros automáticos para aferição de temperatura dos funcionários e dos alunos.

Milla Reis é diretora de um berçário no bairro Nova Suíça. A unidade de ensino já está toda equipada com tapetes sanitizantes, face shield para os colaboradores e demais itens exigidos para que a reabertura aconteça de forma segura. “Muitas normas que constam no decreto nós já cumpríamos, como por exemplo, o uso de dispensers nos ambientes, a higienização de colchonetes a cada troca das crianças e o uso de luvas para trocar os pequenos. A maior mudança será quanto ao trabalho diário para motivar os alunos a terem a cultura do uso do álcool 70% e ensinar a lavar as mãos mais vezes”, explica. 

Pais estão divididos sobre a volta às aulas 

De acordo com um levantamento realizado pelo Instituto Datafolha, 79% dos brasileiros acreditam que o retorno presencial das atividades escolares no país pode resultar num agravamento da pandemia do novo Coronavírus. A pesquisa mostrou que na opinião de 59% dos entrevistados, a retomada das aulas presenciais tente a piorar muito a situação, enquanto para 20%, um pouco. Outros 18% afirmaram que não causará efeito e 3% disseram não saber. Em junho, a mesma pesquisa foi realizada. De lá para cá a posição dos brasileiros oscilou positivamente dentro da margem de erro, que é de dois pontos percentuais. 

Segundo a diretora do berçário, antes da pandemia o local atendia 54 crianças. Com o retorno, até o momento, apenas pais de 11 alunos garantiram que irão levar os filhos para retomar as atividades. “Esses pais que estão trazendo os filhos tomaram a decisão porque conhecem a escola, sabem que estamos tornando nosso ambiente ainda mais seguro para os filhos. Acredito que muitos outros pais irão assistindo esse retorno para, com base nisso, tomarem sua decisão, por isso não descartamos que mais crianças possam voltar”. 

Nas escolas do Paulo a situação não foi muito diferente. A Covid-19 fez com que as turmas de até 3 anos de idade foram fechadas. Com isso 230 crianças tiveram as atividades canceladas. A expectativa dele é que cerca de 10% dessas crianças retornem para as salas de aula. “Esse será um novo recomeço para todos nós. Essa retomada do ensino já deveria ter sido colocada em prática, uma vez que essas crianças pequenas acabam, muitas vezes, não tendo com quem ficar já que os pais há meses retornaram ao trabalho”, explica.

Divergência

Mesma opinião tem a jornalista Polyana Oliveira, mãe do pequeno Theo, de 3 anos. Ela garante que, assim que a escola do filho reabrir as portas, o nome do garoto estará na lista dos que comparecerão ao primeiro dia de aula. “É muito difícil, para os pais, conciliar trabalho e atividade escolar dos filhos, e para os filhos, a distância e a falta de convivência também afeta o desenvolvimento e resultado da criança. Segurança total ainda não temos, e acredito q se tratando de crianças os protocolos não devam funcionar, mas a vida precisa continuar”, pontua.

Para ela, a volta à instituição de ensino, mesmo às vésperas das férias de fim de ano, poderá trazer resultados para o filho. “Acredito que compensar educacionalmente não vai, mas no caso do meu filho que ainda é muito pequeno, a ressocialização é necessária. Na idade que ele está eu nem me preocupo tanto com o ensino, mas o contato no ambiente escolar faz toda diferença para o desenvolvimento da criança”. Afirma.

A opinião da empresária Camila Souza, mãe do Davi, de 5 anos, diverge da jornalista. Para ela, esse retorno ainda é cercado de medos e requer muita cautela. “É como se estivéssemos levando o filho para a escola pela primeira vez. Eles já estão desacostumados com essa rotina da sala de aula. Eles precisam se readaptar a essa realidade para que o ensino flua dentro da escola. Além disso, eu ainda tenho muito medo acerca do vírus e não consigo acreditar que este seja um ambiente seguro para o meu filho”, conta.

Para ela, mesmo que a instituição de ensino respeite todos os protocolos estipulados, o medo da convivência do filho com outras pessoas ainda é grande. “O Davi já tem um histórico de saúde problemático, o que fez com que o quadro de imunidade dele seja baixa demais. Além disso, nessa idade, eles não tem essa noção de ficar longe, de não colocar a mão na boca, não compartilhar objetos etc”, explica a empresária que acredito não ser esse o momento ideal para que os pequenos retornem às salas de aula. (Especial para O Hoje) 

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