Aparecida de Goiânia tem 17 locais com risco de alagamento e desmoronamento

Relatórios da Defesa Civil mostram locais mais críticos. População vive com medo e descaso - Foto: Wesley Costa

Postado em: 21-10-2020 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Relatórios da Defesa Civil mostram locais mais críticos. População vive com medo e descaso - Foto: Wesley Costa

Eduardo Marques

Dados divulgados pela Defesa Civil de Aparecida de Goiânia revelam que há 17 locais que apresentam áreas de risco no município. Já os pontos de alagamento são 23 localidades. População que mora nesses locais vive à beira das erosões e estão sujeitas ao perigo com achegada das chuvas e riscos de temporais. 

A Defesa ressalta que os pontos de alagamento têm relação com água acumulada no leito das ruas e no perímetro urbano por fortes precipitações pluviométricas, em cidades com sistemas de drenagem deficientes. Já, de risco são zonas consideradas impróprias ao assentamento humano por estarem sujeitas a riscos naturais ou decorrentes da ação humana. Ou ainda região onde existe a possibilidade de ocorrência de eventos adversos.

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O órgão monitora os locais e informa via relatórios os setores da administração pública pertinentes. Com essas informações, busca-se prevenir situações de perdas materiais e humanas na véspera da volta das chuvas à região Centro-Oeste. 

Uma dessas áreas está localizada entre o Setor Tocantins e o Parque São Jorge, na rua X-64 à beira do Córrego Santa Rita. Moradores temem ficar sem suas casas no próximo período de chuvas. A área é uma ocupação sobre um bueiro celular triplo e está em Área de Proteção Ambiental (APP).

O local tem risco de alagamentos e desmoronamento dos imóveis. A cratera erodida ainda é utilizada para descarte de resíduos sólidos e esgoto, que torna a área insalubre. A reportagem do O Hoje esteve no local em abril do ano passado e constatou que a cratera aumentou desde então. Na época, a Região Metropolitana estava sendo atingida por chuvas fortes e 90% de toda chuva esperada para aquele período havia caído nos primeiros 15 dias do mês.

Enchentes

Na ocasião, os moradores do bairro relataram perda de eletrodomésticos por causa da água que invadiu as casas à beira do córrego. Alguns deles temiam que os alagamentos causassem choques elétricos dentro de suas próprias residências. Com a volta do período chuvoso, o perigo da força destrutiva das enchentes volta a aterrorizar os residentes.

Crianças que moram no local brincam à beira da erosão e estão sujeitas ao perigo da área. Moradores da região temem que elas possam sofrer acidentes por conta da erosão.  Eles dizem também que temem perder as suas casas nas próximas chuvas. Outro alerta que moradores fazem é em relação a falta de consciência por parte da população, quando descarta resíduos na erosão.

Ontem, a reportagem voltou ao local para averiguar a situação dos moradores que estão vivendo nessa área. No entanto, a cada dia que passa o problema só aumenta. O barracão do aposentado Cassimiro Silva Bastos, de 68 anos, está entre essas construções críticas que está próxima de desabar. Seu rosto cravado com olheiras demonstra preocupação cotidiana. Ele relata que a enorme cratera ameaça ruir as casas das famílias que passam dificuldades em morar em um lugar isolado pelo poder público.

“Aqui falta tudo: água, luz, telefone e quando chove nem carro consegue vir até aqui”, diz. Preocupado com as famílias que lá vivem, ele teme que a cratera ‘engula’ os barracões. “Essa cratera todo ano aumenta mais. Inclusive, quando chove ela vai abrindo ainda mais. Meu barracão só está aproximando dela”, relata. 

Quando chove, a situação piora. “A água desce levando tudo que tem na frente. Esse entulho que está aqui na porta, o pessoal joga lá em cima e a água vem e carrega tudo aqui para baixo e cai dentro do córrego. A rua toda vira uma enxurrada e ninguém consegue passar”, conta.

Para o aposentado, o problema não estaria tão crítico se tivesse sido resolvido a tempo. “Isso aqui não era para estar assim se o governo tivesse tapado esse buraco quando ele estava pequeno. Nada foi feito e agora a gente está aqui, com medo e correndo risco de vida”, afirma. 

Outra erosão 

Outro ponto crítico na cidade está localizado na Rua Aruanã no Jardim Bela Vista. Segundo a Defesa Civil, há processo erosivo de grandes dimensões no fundo das residências, que teve origem com a danificação ponto de lançamento das águas pluviais, a erosão avança em direção aos imóveis.

Outra preocupação é em relação os alagamentos. Uma residência já foi atingida por uma forte enxurrada, causando, prejuízos materiais. O local possui uma declividade acentuada, portanto as águas pluviais são escoadas superficialmente para o local, o que causa grande preocupação uma vez que o ponto para captação das águas pluviais no local tem uma grande abertura, e não possui grades de proteção, o que expõem os pedestres ao risco durantes as chuvas. Por diversas vezes já foi informado a Secretaria de Infraestrutura e solicitado a instalação da devida proteção, porém o problema persiste. 

Ainda no Jardim Bela Vista, na Avenida Angélica, devido à declividade do terreno, toda água advinda da parte mais alta do setor é direcionada involuntariamente para o local, além da inexistência do sistema de drenagem das águas pluviais, situações que provoca alagamentos nas chácaras. Percas materiais.

Na Rua das Orquídeas no Jardim Rosa do Sul, o órgão afirma no estudo que os moradores das residências sofrem com graves alagamentos devido à insuficiência do sistema de drenagem e a declividade dos terrenos. Transtornos e percas materiais.

Na Rua Marata, no Parque Montreal, conforme relatório da Defesa Civil, há alagamento da via, as águas pluviais empossam no muro do imóvel uma vez que trata-se de uma rua sem saída, as enxurradas adentram residências, provocando transtornos e vários danos materiais e financeiros. Em obra paliativa na área foi instalado uma barreira para desvios das águas pluviais. O que minimizou a intensidade dos alagamentos.

No Jardim Tiradentes, na rua 21 de Abril, segundo estudo apresentado pela Defesa Civil em 2019, há os seguintes problemas: as residências na área mais baixa do setor, local das moradias com declividade acentuada, ocupações da margem do córrego, histórico de ocorrência de alagamento em virtude das águas pluviais advindas da parte mais alta do setor serem direcionadas involuntariamente para a área.

A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Aparecida para comentar sobre os problemas de pontos de risco e de alagamento, mas até o fechamento da edição não se manifestou. (Especial para O Hoje)   

 

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