Pesquisa investiga transmissão de Covid-19 entre pessoas e animais

Estudo brasileiro é o primeiro do tipo em um país tropical e está sendo realizado pela UF-PR | Foto: Reprodução.

Postado em: 25-10-2020 às 14h30
Por: Nielton Soares
Imagem Ilustrando a Notícia: Pesquisa investiga transmissão de Covid-19 entre pessoas e animais
Estudo brasileiro é o primeiro do tipo em um país tropical e está sendo realizado pela UF-PR | Foto: Reprodução.

A Universidade Federal do Paraná
(UF-PR) quer saber qual o risco de transmissão da Covid-19 entre humanos e
animais de estimação. Para obter a resposta, a instituição coordena uma
pesquisa nacional que vai avaliar cerca de mil animais, cujos donos tiveram
diagnóstico positivo para o novo Coronavírus, confirmado por exame
laboratorial. 

Sob coordenação do professor
Alexander Welker Biondo, os pesquisadores farão testes gratuitos, por swab
(coleta de amostra viral de orofaringe e nasofaringe) e sorológico, em cães e
gatos em cinco capitais brasileiras: Curitiba (PR), Belo Horizonte (MG), Campo
Grande (MS), Recife (PE) e São Paulo (SP).

Serão dois momentos de avaliação,
com amostras biológicas coletadas com intervalo médio de sete dias, entre
animais cujo tutor esteja em isolamento domiciliar, com diagnóstico confirmado.

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Voluntários

Para ter mais informações sobre
participação na pesquisa, o interessado pode enviar um e-mail para
[email protected]. Além de cumprir todos os requisitos, deve informar seu número
de celular, e-mail, nome do tutor e do animal e especificar se é cão ou gato. A
equipe do projeto entrará em contato o mais rapidamente possível. Os
selecionados serão orientados sobre procedimento para a coleta de amostras.

Eles também serão informados
sobre os aspectos envolvidos no estudo e, caso concordem com o protocolo da
pesquisa, devem assinar o termo de consentimento livre e esclarecido e
responder a um questionário para determinar as características ambientais e
outros fatores associados à infecção nos animais.

Resultados

Os resultados dos testes serão
informados aos tutores ou familiares através de contato telefônico e pela
emissão de laudo eletrônico, que será enviado por e-mail ou aplicativo de
comunicação. Em caso positivo, os demais animais da residência também serão testados
. Além disso, os familiares serão orientados a estabelecer o acompanhamento
veterinário por 14 dias, intensificando medidas de higiene e proteção
individual e coletiva.

Itália

O estudo brasileiro será o
primeiro do gênero em um país tropical, já que algo semelhante só foi
desenvolvido na Itália, segundo a UFPR. Segundo o professor Biondo, aquele país
trabalhou com uma amostra de 817 animais. Nenhum foi positivo no PCR, mas 3.4%
dos cães e 3.9% dos gatos apresentaram anticorpos contra o SARS-CoV-2. “Até o
final de 2020, esperamos ter [no Brasil] em torno de mil amostras nas cinco
capitais estaduais”, afirmou o pesquisador.

A definição do número amostral
levará em conta o total de indivíduos positivos no trimestre anterior à coleta,
considerando aproximadamente 10% do total de casos em humanos.

Minas

A pesquisa, financiada pelo
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e
Ministério da Saúde tem, em Belo Horizonte, a colaboração da Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG), por meio do Laboratório de Epidemiologia de
Doenças Infecciosas e Parasitárias do Departamento de Parasitologia.

Na avaliação do professor David
Soeiro, coordenador do estudo em MG, considerando os recentes relatos sobre a
detecção do novo Coronavírus em animais de estimação e a grande proximidade
entre eles e seus tutores, é importante elucidar aspectos da história natural
da doença, como o possível ciclo zooantroponótico em estudo multicêntrico para
a vigilância de Sars-CoV-2 em pets. As amostras obtidas no projeto serão
preservadas de modo a também estabelecer um banco para estudos posteriores.

Primeiro caso

Neste mês foi diagnosticado, em
uma gata, de Cuiabá (MT), o primeiro caso de covid-19 em animal no país .
Diante do caso, o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de Mato
Grosso (CRMV-MT) emitiu nota na qual destaca que não há evidências científicas
de que animais de companhia são fonte de infecção para humanos.

No documento, o CRMV-MT, lembrou
que a Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) e a Organização Mundial da
Saúde (OMS) emitiram pareceres afirmando que não há evidências e estudos
significativos comprovando que animais possam transmitir a covid-19.

Assim, segundo o Conselho, como
não há evidência científica de que animais sejam vetores mecânicos ou possam
carregar o vírus, ou que o vírus possa se replicar nos animais. “O que
observa-se, desde o surgimento da pandemia, é que os poucos animais com a
infecção podem ter sido infectados por humanos, por meio do contato direto, e
não o inverso”, acrescenta a nota. (ABr)

 

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