Cemitérios de Goiânia têm baixa visitação no Dia dos Finados

Quantidade de ambulantes era grande, mas de visitantes foi muito abaixo do costume para a data - Foto: Wesley Costa

Postado em: 03-11-2020 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Quantidade de ambulantes era grande, mas de visitantes foi muito abaixo do costume para a data - Foto: Wesley Costa

Igor Caldas

Em meio à pandemia, movimento de visitação do maior cemitério público de Goiânia cai, mas presença de ambulantes é grande.  Normalmente o feriado do dia 2 de novembro atrai multidões ao Cemitério Parque. No entanto, comerciantes e visitantes afirmam que o público diminuiu em aproximadamente 70%, quando comparado com anos anteriores.  Os cemitérios da Capital receberam aproximadamente 80 mil visitantes em 2019. 

Há mais de dez anos comercializando itens no Dia dos Finados, Dásio da Silva Carvalho comercializa velas e flores em uma barraca montada na frente do Cemitério Parque, em Goiânia. Ele garante que o movimento de visitação caiu aproximadamente 70%. “A gente já esperava a queda do movimento por causa das restrições da pandemia, mas me impressionei com o baixo número de pessoas deste ano”, declara.

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De acordo com Dásio, o público vem diminuindo ao longo dos anos. “A tradição sempre foi dos mais velhos virem aos cemitérios no Dia dos Finados. Ao longo dos anos a gente nota que vem diminuindo a visitação”.O comerciante acredita que este ano, a pandemia do coronavírus forçou grande parte do público visitante a ficar em casa. “Como a maioria que vem todos os anos é idosa, de grupo de risco, acabaram ficando em casa e deixando o movimento do cemitério fraco para este ano”, conclui.

Visitantes

A família de Ederlei Gomes da Rocha marca presença todos os anos no Cemitério Parque para prestar homenagem aos que já faleceram. Eles se impressionaram com o baixo movimento de público no local. “Nem parece que é Dia de Finados! Normalmente aqui fica lotado de gente, mas a pandemia impediu muita gente de vir homenagear os que já se foram”, afirma Ederlei.

De acordo com ele, no Dia de Finados é característico ver mutirões de limpeza nas sepulturas. “Todos os anos a gente vê muitas pessoas limpado as sepulturas, é uma coisa linda, esse ano está muito triste”, lamenta. Ederlei acredita que o baixo movimento de público nos cemitérios neste feriado é mais uma consequência da pandemia do novo Coronavírus. “Por causa do risco de se contaminar, muita gente ficou em casa, principalmente os mais velhos”, lamenta.

A esposa de Ederlei, Sandra Gomes, admite que a família não permitiu que seu irmão fosse ao cemitério. “Ele é mais velho e está no grupo de risco, queria vir, mas a gente convenceu ele a ficar em isolamento para não se arriscar”, relata. 

Depredação

Ederlei ainda afirma que além da diminuição do número de visitantes no Cemitério Parque, o local sofre com o abandono do Poder Público. “É muito triste ver muitas sepulturas depredadas e até mesmo abertas. Isso aqui está abandonado, nem o mato a prefeitura poda mais”, lamenta. O visitante cita a construção do muro pela Prefeitura de Goiânia. “Há muito tempo estão construindo esse muro, mas eu acho que não deve adiantar muito”, diz.

Sepulturas violadas

Há cerca de 10 dias a equipe de reportagem conversou com Eunice Valadares de Souza que encontrou a sepultura dos filhos depredada no Cemitério Parque. Ela sofreu a maior dor que uma mãe pode sofrer com a perda de uma filha e um filho juntos. Na última ocasião em que foi ao local prestar homenagem aos filhos, no início do mês de outubro, Eunice diz ter sofrido uma dor superior à que sentiu quando seus filhos faleceram.

“Fui com o meu neto acender uma vela nos túmulos de meus filhos e quando cheguei, as sepulturas estavam abertas”, relata a mãe, em lágrimas. Eunice afirma que ficou doente com a situação. “Depois desse dia eu sinto uma dor forte e constante na cabeça que não passa. Adoeci com esse desrespeito absurdo”, lamenta. A mãe não crê que a construção do muro vá inibir a depredação.

Muro

A construção do muro que deveria servir para proteger o Cemitério Parque de vandalismos não foi concluída. O local ainda é utilizado para descarte de resíduos e entulho e os túmulos continuam sendo alvos de ações de vândalos. Famílias que vão visitar seus entes queridos que já faleceram correm o risco de encontrar sepulturas reviradas.

Há anos a depredação no Cemitério Parque é constante. Vários relatos sobre ossos expostos, lixo e até caixões de crianças abertos já foram denunciados em diversos veículos de imprensa. Para tentar coibir os atos de vandalismo no cemitério, a Prefeitura de Goiânia iniciou as obras do novo muro e calçamento em torno do Cemitério Parque em julho deste ano.

O local foi um dos primeiros cemitérios a serem construídos em Goiânia, onde há mais de 200 mil sepultamentos. O novo muro terá 2,2 metros de altura e 1,9 mil metros de comprimento, além de 4 mil metros de calçamento com acessibilidade. O objetivo da construção é dar maior segurança ao local e preservar a memória. O prazo para conclusão da obra era para no fim de outubro. 

Em Aparecida, visitas ocorreram por agendamento 

O Comitê de Prevenção e Enfrentamento ao novo Coronavírus do município determinou que a visitação nos três cemitérios fossedistribuída em 10 dias seguindo as regras estabelecidas pela Vigilância Sanitária.  A visitação dos cemitérios para o feriado de Finados foi distribuída entre o período de 24 de outubro a 2 de novembro. 

No entanto, para visitar os cemitérios do município da Região Metropolitana, o público necessitou agendar. Cada agendamento permitiu a visitação com até três pessoas por vez e foi feito por meio do site da Prefeitura de Aparecida de Goiânia. No último ano, 65 mil pessoas visitaram os cemitérios de Aparecida de Goiânia no feriado de 2 de novembro, Dia de Finados.

Vendedores ambulantes que comercializam flores, velas, água mineral, álcool em gel e máscaras, seguiram as mesmas regras que são determinadas para as feiras no município. Para montar as barracas eles tiveram que solicitar autorização junto à Secretaria Municipal de Planejamento e Regulação Urbana. As regras estabelecem que as barracas e tendas deviam ser dispostas em fileira de única na via e obedecer o distanciamento mínimo de um metro e meio entre elas.

Tempo de permanência e suspensão de cultos

Os visitantes que compareceram aos cemitérios em Aparecida de Goiânia tiveram que obedecer a um tempo de permanência estabelecido pelas regras da Vigilância Sanitária do município. De acordo com as normas, o tempo de visita não podia ultrapassar 30 minutos. As celebrações religiosas, missas, rezas e cultos também foram suspensos e uso de máscara foi obrigatório durante a visitação. (Especial para O Hoje) 

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