Com retorno tímido, escolas de Goiás recebem alunos

Eduardo Marques

Após a divulgação da nota técnica que prevê regras para retomada das aulas presenciais em Goiás, representantes das escolas privadas garantem que a volta tem acontecido de maneira gradual. Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino de Goiânia (Sepe) afirma que a maioria das instituições particulares está pronta para retornar, mas a adesão será tímida.

Ao O Hoje, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) da Capital informou que até o momento só voltaram algumas escolas de ensino infantil e berçários. A pasta esclarece que não houve reflexo nenhum e o número de óbitos e casos confirmados de Covid-19 estão reduzindo a cada dia.

As 29 escolas infantis que conseguiram liminar na Justiça para reabertura não dependiam da autorização do governo porque já possuem a liberação judicial, mas apenas cinco dias que pleitearam o retorno abriram as portas até agora. 

“Eu acredito que essa adesão vai acontecer de maneira gradual e tímida. Na medida em que as escolas forem abrindo, as outras também vão sempre procurando a orientação para cumprir com todo o protocolo e as medidas sanitárias. O protocolo é amplo, complexo e as escolas já estudaram ele”, diz o presidente Flávio Roberto de Castro, presidente do Sepe.

Novo normal

Mas o professor frisa que os alunos estão se adaptando ao novo normal. “A educação é como qualquer outro segmento. Ela vai passar por adaptação no começo. É tudo muito novo. Os alunos estão na memória com aquela escola antes da pandemia, que tinha um número maior de alunos. E não tinha essas restrições. No início, eles têm manifestado estranheza, até pelo uso de máscara, número menor de pessoas nas salas de aula, uma série de restrições”.

Umas das instituições que informou que está pronta para retomada é uma escola localizada no Setor Bueno. A diretora Vanessa Vieira disse que as aulas presenciais da educação infantil retornaram dia 21 de outubro e as do ensino fundamental dia 27, mas as aulas on-line continuam. 

“As famílias puderam optar por quem queria vir presencial ou quem gostaria de continuar on-line. No primeiro dia de aula, vieram poucas crianças, bem poucas mesmo. Aí no segundo, já veio mais um pouquinho. Nós temos mais crianças presenciais do que remotamente”, diz.

Ela explicou que a escola adota todas as medidas sanitárias de combate ao novo Coronavírus. “Ao entrar na escola é medida a temperatura. Tem os tapetes sanitizantes. Nós borrifamos as mochilas e as lancheiras das crianças. Nós estamos cumprindo o protocolo da Secretaria de Saúde rigorosamente. Não foi difícil para nossa escola cumprir o protocolo, porque ela é muito aberta, possui uma área verde muito grande e trabalhamos com poucas crianças por turma”, garante. 

Apesar da escola já estar preparada para o retorno das aulas presenciais, a diretora conta que houve uma pré-consulta com os pais anteriormente. “Fizemos enquete com os pais para a volta às aulas presenciais. Exatamente para não causar burburinho, não evidenciar o medo. Nós preferimos mostrar que a escola está totalmente preparada para recebê-los”. 

Alegria contagiante

A diretora Vanessa comemora o retorno presencial e diz que os alunos e professores ficaram contentes. “Está uma alegria contagiante, tanto por parte das crianças, das famílias, quanto dos nossos funcionários. Estamos realmente com uma grande satisfação. Esse o isolamento social, por ter se estendido por muito tempo, causou muitos danos para as crianças e adultos. E nós estávamos com muitas saudades das crianças. O retorno presencial fez muito bem aos professores”. 

Ela diz que as crianças e os funcionários estão cumprindo com os protocolos de segurança sanitária. “Quanto ao uso de máscara, as crianças obedecem muito mais do que os adultos. Não estamos tendo problema algum. Aliás, a criança cobra do pai. Quando o pai vem buscar a criança, ela entra no carro e se o responsável não estiver usando a máscara de forma adequada, a criança adverte: ‘Papai, não é assim. A professora falou que não pode colocar o nariz de fora da máscara’”.

Outra instituição que também retornou as aulas presenciais em Goiânia fica localizada no Setor Campinas. A diretora pedagógica Ludmylla Carvalho frisou que as aulas retornaram no dia 4 de novembro e eles estão conseguindo respeitar os 30% da capacidade da escola que foi instituído pelo Centro de Operações de Emergências (COE) para Enfrentamento ao Coronavírus. 

Ela explica que as salas de aula são amplas. “Nós não estamos fazendo tabela, escala de alunos, porque nesse percentual, todos os nossos alunos podem ter sim assegurado, caso queiram o retorno das aulas presenciais”. 

A professora Ludmylla explica que a escola atende as determinações de prevenção a Covid-19. “Está acontecendo sem nenhum estresse. Por exemplo, os alunos chegam ao colégio todos de máscara, passam os pés em tapetes sanitizantes, imediatamente tem a temperatura aferida. Em seguida passam álcool em gel nas mãos e no braço, só assim entra na sala de aula. A cada duas horas eles trocam as suas máscaras”. 

Volta das aulas presenciais já dura uma semana 

Por meio de uma nota técnica publicada na última quarta-feira (4), a Secretaria Estadual de Saúde (SES) liberou o retorno das aulas presenciais em escolas de todo o Estado e em todos os níveis de ensino, desde que obedeçam a medidas de segurança. As atividades nas escolas estavam proibidas desde março, quando Goiás registrou os primeiros casos de novo coronavírus. As escolas particulares puderam retomar as aulas quando quiserem, desde quinta-feira (5), conforme a nota elaborada em conjunto com o Centro de Operações de Emergências (COE) para Enfrentamento ao Coronavírus.

A Secretaria de Estado de Educação (Seduc) disse que irá debater nesta semana a nota técnica da SES. A pasta informou que se reunirá com o Ministério Público, Defensoria Pública, Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego) e representantes de pais e estudantes.

A ideia é discutir o retorno com segurança ao “ensino aprendizagem para os estudantes como está ocorrendo em todo o período de pandemia de Covid-19”, segundo a nota publicada pela Seduc. A pasta também destacou que “Goiás é um dos poucos estados da federação a manter o calendário escolar durante a suspensão de aulas presenciais e, com isso, o ano letivo se encerra normalmente no dia 19 de dezembro”.

A Prefeitura de Goiânia permitiu o retomo das aulas presenciais na rede privada desde 20 de outubro. Contudo, as escolas públicas do ensino infantil devem voltar a partir dessasegunda-feira (9). À época, a Secretaria Municipal de Educação (SME) informou que o retorno obedeceria a rígidos protocolos operacionais e administrativos de segurança elaborados conforme orientações das autoridades sanitárias municipais. A nota técnica estabelece algumas condições para retorno das aulas presenciais. Uma das restrições é a limitação de no máximo 30% da capacidade da instituição. A retomada também seria realizada de forma gradual e facultativa e também deliberada de acordo com as instituições. (Especial para O Hoje)