Pandemia frustra expectativa de Natal na 44, em Goiânia

Região deve receber 1,8 milhão de visitantes no fim de ano, quase a metade no movimento para a data - Foto: Wesley Costa

Postado em: 11-11-2020 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Região deve receber 1,8 milhão de visitantes no fim de ano, quase a metade no movimento para a data - Foto: Wesley Costa

Eduardo Marques

Sentindo os efeitos do novo coronavírus, entidade que representa os lojistas da Região 44 estima receber 1,8 milhão de visitantes no fim de ano, quase a metade no movimento no mesmo período dos anos anteriores.

Segundo o vice-presidente da Associação Empresarial da Região da 44 (AER44), Lauro Naves, a retomada será lenta para este fim de ano, que costumava receber em média nos meses de novembro e dezembros dos últimos anos cerca de 3 milhões de visitantes. “Tivemos uma retomada lenta por conta do cumprimento do protocolo do governo de cumprir a exigência de 60% da capacidade da Região da 44. Estamos recebendo, em média, de 90 a 100 ônibus por semana”, diz. 

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O ano de 2020 foi atípico e ninguém tem dúvidas quanto a isso. Milhares de trabalhadores perderam seus empregos, renda bruta da população diminuiu e empresas fecharam as portas. Como efeito disso, a crise financeira se instalou no Brasil. Na Região da 44, em Goiânia, não foi diferente. 

Em relação ao valor total de vendas, ele espera que neste fim de ano elas somem R$ 1,8 bilhão. Para ele, isso se deu em razão à crise provocada pela pandemia da Covid-19. “O interior do Brasil também está sentindo todo esse impacto da pandemia e as vendas só não foram menores porque conseguimos fazer o uso das vendas on-lines, que contribuíram para que a crise não fosse tão forte”. 

Lauro conta que no início da pandemia foram contabilizadas 20 mil demissões. Após a retomada dos trabalhos, houve admissão de sete mil, com expectativa de recontratar todo o número perdido até julho de 2021. “No início da pandemia, o setor demitiu 20 mil pessoas. Desse número, nós conseguimos readmitir sete mil. Mas temos a expectativa é que até julho do ano que vem recontratamos o mesmo número que foi demitido”, diz na expectativa. 

Durante os primeiros meses da Covid-19 foi imposta alternativa on-line de venda dos produtos. O vice-presidente da AER44 explica que para o fim de ano ela será como forma de reposição de mercadorias. “O cliente compra o produto na loja física, mas ele usará a ferramenta on-line para repor a mercadoria. Esperamos que as vendas pela internet serão esporádicas para este fim de ano”, diz.

Ele garante que a Região da 44 está preparada para receber visitantes e que lojistas estão cumprindo as medidas sanitárias de prevenção a Covid-19. “A Região da 44 tem mantido os protocolos sanitários e estamos prontos para receber os visitantes”.

De acordo com o presidente da AER44, Crhystiano Câmara, a retomada gradual da 44 tem sido a grande salvação para milhares de trabalhadores e profissionais autônomos que tiram todo ou parte de seu sustento do local. “Além dos lojistas e vendedores, há uma enorme quantidade de trabalhadores autônomos que dependem da 44. São carregadores de mercadoria, guias de excursões, motoristas, modelos, assessores de moda, costureiras, enfim, muita gente que vive da movimentação que temos aqui no polo”, destaca.

Volta aos poucos

Após quatro meses de fechamento e outros três de funcionamento parcial, sem a vinda das caravanas de compras, a retomada das atividades na Região da 44 representou um grande alívio para milhares de trabalhadores autônomos que dependem da movimentação do polo confeccionista. 

Mas a empresária Dany Rodrigues Nobre, de 55 anos, não está otimista com as vendas para o fim de ano. “Não estou muito otimista, pois já era para estar vendendo bem, no entanto ainda está muito parado”, conta. Para não perder vendas, ela afirma que a loja está investindo na plataforma on-line. Contudo, ela sente os efeitos da pandemia. “Já diminui o quadro de funcionários. Para mim atrapalhou em todos os nossos negócios. Abalou muito as nossas finanças,” lamenta.

Profissionais como Leandro de Jesus, 43 anos, também conhecido como “Galego”, que há oito anos trabalha como carregador de mercadoria na 44. “Foi difícil aguentar esses meses que a Região não funcionou. Em casa, é só eu trabalhando. A sorte é que minha esposa conseguiu o Auxílio Emergencial, foi o que nos salvou nesses meses que não tinha movimento na Região”, revela o trabalhador autônomo que espera recuperar parte do prejuízo nestes dois últimos meses do ano.

A guia e empresária Priscila dos Santos, 36 anos, está animada para recuperar parte do prejuízo ocasionado pelas medidas restritivas impostas para combate à pandemia da Covid-19. Ela conta que também há oito anos organiza excursões para a Região da 44 e devido ao fechamento do polo confeccionista precisou dispensar os dois motoristas de ônibus que contratava para fazer a rota entre Vitória da Conquista, na Bahia, e Goiânia. 

“Eles tinham carteira assinada, mas sem poder fazer as excursões não consegui mantê-los. Fiz acordo e os dispensei. Mas felizmente, agora com a volta das excursões pude recontratá-los”, comemora Priscila, que conseguiu se manter fazendo excursões para a Região do Brás, na cidade de São Paulo.

Ela revela inclusive que Goiânia perdeu muitos turistas de compras para o polo comercial paulista. “Lá ficou bem menos tempo fechado e acabou sendo a alternativa para muitas sacoleiras que vivem do comércio de roupas”, diz. Mas apesar da retomada das atividades, a guia conta que ainda há limitações. “Lá na Bahia tem restrições, eu não posso vir com todas as poltronas do ônibus ocupadas, só a metade, pois tem que ter o distanciamento. Além do mais, nos interiores por onde passo, ainda tem muita gente com medo de vir”, explica Priscila.

O empresário Deivid Moreira, de 34 anos, diz que apesar das dificuldades impostas pela pandemia, ele está confiante para as vendas no fim de ano. “Apesar das dificuldades que estamos enfrentando devido à pandemia e com a falta de tecido, estamos confiantes. Ele conta que houve redução de empregos. 

Empresários esperam baixa quantidade de vendas  

Em uma enquete da Câmara de Dirigentes Lojistas de Goiânia (CDL) realizada entre as empresas associadas, foram citadas como grandes dificuldades enfrentadas, neste período, a aquisição de sistemas (45%) e a falta de habilidade com ferramentas tecnológicas (25%). A sondagem também revelou que os empresários acreditam que, após a pandemia, seus maiores enfrentamentos serão a baixa quantidade de vendas (44%) e baixo capital de giro (22%).

Com a retomada da economia e as boas expectativas de vendas, apontadas nas últimas pesquisas de intenções de compras, o setor comercial busca inovação e tecnologia. Isso porque, o cenário de enfrentamento da pandemia acelerou a tendência de hábitos digitais do consumidor e dos processos financeiros e tecnológicos.

Por outro lado, sabe-se que o consumidor da atualidade está cada vez mais digital, realizando suas compras via sites de e-commerce e marketplaces. Segundo Wanderson Lima, gerente de negócios da CDL Goiânia, o empresário precisa estar atualizado com as novas tecnologias e saber utilizar soluções automatizadas que o auxiliem na gestão dos negócios. (Especial para Ohoje)

 

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