Black Friday: cuidado com golpes e endividamento

Mesmo com pandemia, Black Friday deste ano deve superar em 20% edição de 2019 | Foto: Wesley Costa

Postado em: 19-11-2020 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Mesmo com pandemia, Black Friday deste ano deve superar em 20% edição de 2019 | Foto: Wesley Costa

Eduardo Marques

Marcada para o próximo dia 27 de novembro, a Black Friday deste ano será impulsionada pelo comércio eletrônico, o e-commerce. A expectativa é de que as vendas pela internet movimentem R$ 4,64 bilhões na economia brasileira, valor 20% maior do que os R$ 3,87 bilhões alcançados na Black Friday de 2019. Mas em se tratando de comércio eletrônico e de Black Friday todo cuidado é pouco. 

Para não ser enganado, o advogado especialista em direito do consumidor Plauto Holtz alerta aos consumidores que fiquem atentos e não se deixem levar pela emoção. Ele destaca que o ano de 2020 é atípico, por conta da pandemia do novo Coronavírus, o que requer olhares ainda mais atentos para evitar o comprometimento do orçamento familiar.

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“A economia está muito fragilizada, a gente não sabe como as coisas vão se suceder, então tem de tomar muito cuidado agora. É consumir com a razão, e não com a emoção. Não se deixar levar pela euforia momentânea, porque se não a conta pode sair cara”, analisa.

Uma das dicas que o advogado fornece para quem fará compras na Black Friday é verificar com antecedência os preços dos produtos, para evitar a armadilha do ‘desconto do dobro’. “É importante verificar com antecedência os preços dos produtos, para evitar a armadilha do “desconto do dobro”. Registre, por meio de fotos ou prints, os preços praticados. Além disso, tenha calma ao comprar. Compre com a razão, e não com o coração, pois a conta pode ser grande. Tenha juízo no bolso”, comenta.

O gerente de pesquisa e cálculo do Procon-Goiás Gleidson Tomaz alerta aos consumidores para não caírem na ‘maquiagem dos preços’. “A principal dica é ficar atento aos preços praticados antes. Normalmente quando o consumidor vai comprar algum produto ele já vai monitorando aquele valor. Então é interessante que ele guarde as informações, faça pesquisas, printe a tela, para que no dia da Black Friday eles não aumentaram o preço para não dar o falso desconto ao consumidor. Se alguém perceber essa maquiagem de preços, pode realizar a denúncia ao órgão”. 

Sem dúvidas a maioria dos consumidores irá optar por compras online – isso já acontecia em outras datas como essas, mas agora a tendência é aumentar ainda mais. Por isso, é preciso tomar cuidado com golpes. “Não acesse links de sites desconhecidos. Eles podem ter mecanismos que roubam dados e senhas. Além disso, minha dica é dar preferência aos sites que tenham aquele famoso cadeado do lado esquerdo ao endereço eletrônico”, aconselha o advogado.

E-comerce 

Em Goiás, o comércio varejista também aposta suas fichas no e-commerce. O mercado quer superar os números do 1º semestre, considerados já animadores. De janeiro a junho deste ano, o comércio eletrônico em todo o Brasil registrou 90,8 milhões de pedidos, conforme apurou a plataforma de opinião de consumidores Ebit | Nielsen. A estatística aponta para um crescimento de 39% em relação aos pedidos registrados no 1º semestre de 2019.

Presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Goiás (FCDL-GO), Valdir Ribeiro acredita que a expansão do e-commerce no Brasil neste ano reflete as adequações que o mercado fez para não perder vendas em meio à pandemia da Covid-19. Para Valdir, as restrições na fase mais aguda da crise, quando os comércios tiveram de fechar as portas, foram determinantes para a popularização das vendas pela internet.

Estoques

O diretor de operação de uma rede de lojas de eletrodomésticos em Goiânia, Rildo Pereira explica que desde o início da pandemia, a indústria teve dificuldade de reposição de estoque. Com o advento da Black Friday, ele espera que as vendas on-line também possam alavancar o faturamento. “Agora para a Black Friday, a indústria está conseguindo repor bem o estoque e nós recebemos o suficiente para atender a ocasião da data. Então, por isso que esse otimismo vem acontecendo”.

Rildo espera que haja um crescimento de vendas de 15% a 20% em relação a 2019 durante o período de novembro na loja que trabalha. “Tem aí um consumo que caiu muito na pandemia. Agora na Black Friday esperamos que haja um incentivo a mais para que as pessoas possam ir as compras”, diz ansioso. 

A diarista Elaine Fernandes está ansiosa pela data para conseguir comprar os produtos, porque, na opinião dela, há de fato o devido desconto anunciado pela loja. “Estou esperando chegar o dia para poder comprar. Eu nunca tive frustração com os valores quando escolho comprar nessa data. Toda vez que fui deu certo”, comemora. 

O jovem Igor do Carmo também espera que as lojas consigam promover desconto para que os consumidores tenham maior facilidade para adquirir os produtos. “Tem que vir os preços bons. Às vezes tem uns valores acessíveis, mas há outros que são só ilusão, mas na maioria das vezes a gente acha um produto bom mais em conta”. 

Mesmo com pandemia, Black Friday deve ser maior  

Se os varejistas esperam aumentar as vendas durante a campanha, os consumidores parecem estar ávidos pelas promoções. É o que mostra a pesquisa divulgada pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Goiânia (CDL Goiânia), realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), em parceria com a OfferWise Soluções em Pesquisa. Segundo o estudo, 61% dos entrevistados afirmam que pretendem fazer compras na Black Friday esse ano, um crescimento de 24% em relação ao ano passado. 

Considerando apenas os consumidores que farão compras na Black Friday, 63% justificam dizendo que este é um momento oportuno para comprar produtos que estão precisando com preços mais baixos, ao mesmo tempo, 37% afirmam que irão aproveitar para antecipar as compras dos presentes de Natal em promoção. Por outro lado, entre os que não farão compras, 24% alegam estar sem dinheiro, enquanto 20% estão desempregados.

A expectativa de aumento das vendas também aparece na pesquisa. Um terço daqueles que estão dispostos a comprar na Black Friday afirmam que pretendem adquirir mais produtos que em 2019 (34%), ao passo em que 29% querem comprar um número menor de itens e 23% a mesma quantidade.

Mesmo assim, a pesquisa mostra que o consumidor está cauteloso, uma vez que 36% pretendem gastar menos este ano, enquanto 29% irão desembolsar o mesmo valor e 27% planejam gastar mais.

Considerando aqueles que pretendem aumentar os gastos na edição de 2020, 35% justificam dizendo que economizaram ao longo do ano para isso, enquanto 25% afirmam terem mais itens para comprar este ano. Em contrapartida, os consumidores que pretendem diminuir os gastos querem, sobretudo, economizar (48%), estão com orçamento apertado (26%) e têm a intenção de evitar dívidas (26%). (Especial para O Hoje) 

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