Corredor da T-7, em Goiânia, está 17% mais caro e longe do fim

Seinfra informa que houve um reajuste de mais de R$ 5 milhões ao valor inicial do contrato | Foto: Wesley Costa

Postado em: 20-11-2020 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Seinfra informa que houve um reajuste de mais de R$ 5 milhões ao valor inicial do contrato | Foto: Wesley Costa

Eduardo Marques 

Com valor inicial do contrato de R$ 30.475.085, 25, as obras do corredor de ônibus da Avenida T-7 começaram em fevereiro de 2015 e só devem ser terminadas em dezembro de 2020 no valor de R$ 35.588.615,69, pelo menos é o que garante a Prefeitura de Goiânia, uma alta de quase 17% contratual. Contando com recursos do Governo Federal, o corredor tem uma extensão de 10,5 quilômetros num trajeto que atinge 12 bairros e, conforme a prefeitura, impacta 182 mil pessoas. 

O projeto prevê ainda a implantação de ciclovias no canteiro central, ciclofaixas no leito das vias e ciclorrotas, também no leito das vias, onde carros também podem circular, na extensão que vai da Praça da Bíblia até o Terminal Bandeiras.

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De acordo com a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Seinfra), a rede de drenagem e a sinalização vertical estão totalmente concluídas e já foram instalados 20 abrigos de ônibus. Até o dia 12 de dezembro devem estar instalados outros 10. Está sendo feito o replanilhamento de materiais da rede de lógica, mas todos os dutos já estão passados, precisando passar a fibra óptica, comprar e instalar a parte de vigilância. Os semáforos inteligentes, 90% estão sendo concluídos, também estão sendo instalados pela Secretaria Municipal de Transporte e Mobilidade (SMT).

Segundo a pasta, a parte civil está 85% concluída e a parte de equipamentos: 30%. Apesar dos transtornos causados no comércio e moradores da região, a prefeitura afirma que a benfeitoria deve trazer melhorias para o trânsito da região. Haverá outros corredores exclusivos construídos no mesmo modelo que o da Avenida T-7. 

O corredor também vai dispor de um sistema semafórico inteligente que pretende dar maior fluidez ao trânsito de pessoas e veículos. Estão previstos 37 cruzamentos em todo o corredor e a nova tecnologia será feita através de câmeras com a função de laço detector virtual, verificando a contagem de veículos e sua ocupação.

Para o titular da Seinfra, Dolzonan da Cunha Mattos, o problema é que a obra, por ser dentro da cidade e conter a revitalização de calçadas, gera problemas com moradores, que querem adequações do projeto com a moradia o que dificulta a realização. “Temos que ver caso a caso e isso demora. Em toda a extensão, que vai do Terminal Bandeiras até a Praça Cívica, falta concluir rede de drenagem, pavimentação e calçadas e implantar os semáforos inteligentes”. 

Atraso na obra

Comerciantes e moradores reclamam sobre o atraso na obra. O produtor musical Geovani Fernandes, morador da Vila Alpes, afirma que a prefeitura se apropriou de parte de sua chácara, mas até o momento não foi ressarcido. Ele acredita na benfeitoria do projeto, mas reclama da demora. “O prejuízo na verdade recai sobre a população que precisa tanto dessa via, pois ela é muito importante para o trânsito. Então nos sentimos prejudicados pelo atraso da obra, devido trânsito que pegamos para chegar aqui até hoje, mas ela virá para beneficiar a população”, diz. 

Quatro corredores de ônibus

A prefeitura de Goiânia está desenvolvendo o processo de licitação para o projeto de quatro corredores de ônibus na Capital, que são nas avenidas 85, 24 de Outubro, Independência e T-63 (que deve ser refeito). De acordo com o Secretário de Infraestrutura e Obras Públicas, Dolzonan Mattos, os novos corredores devem seguir o mesmo modelo da Avenida T-7.

O corredor da Avenida T-7 já estava previsto no Plano Diretor em vigor e começou a ser construído em 2015. “É uma obra que vem se arrastando há muito tempo, mas conseguimos convencer a empresa a continuar na empreitada”. Dolzonan ainda afirma que as obras de drenagem e ciclovias do canteiro central da T-7 estão concluídas.

Na Praça Tamandaré, o novo calçamento é composto por ladrilhos hidráulicos de alta resistência. O piso pigmentado de vermelho, de dimensões 40×40 cm, foi instalado em todo entorno da praça. A nova calçada do espaço tem paraciclos, novas lixeiras, novos abrigos nos pontos de ônibus e rampas de acesso para cadeirantes, além de piso tátil para deficientes visuais. 

Plano Diretor prevê 30 KMs de novos corredores

O texto do Plano Diretor de Goiânia, em tramitação na Câmara Municipal, prevê 30 quilômetros de novos corredores para o transporte coletivo, entre exclusivos, preferenciais e estratégicos, de acordo com a minuta do projeto. As obras previstas no Plano Diretor funcionam como uma orientação para o futuro da cidade e pretendem beneficiar os usuários do transporte público coletivo.

Os 15 corredores exclusivos serão construídos no Campus UFG; Anhanguera; Goiás BRT Norte-Sul; Leste – Oeste; Marginal Leste; Mutirão; Noroeste; Perimetral Oeste; Pio XII; Santa Maria; Avenida T-7; Avenida T-8; Avenida T-9; Avenida T-63; e corredor da Avenida 85. Cinco já foram construídos nas Avenidas Anhanguera, Goiás, Goiás Norte, Avenida 84 e Rua 90.

Quanto aos corredores preferenciais para ônibus, estão previstos no Parque Atheneu; Castelo Branco; Setor Universitário; Avenida Independência; Segunda Radial; Rua C-104; Avenida Veneza e 24 de Outubro; Setores Pedro Ludovico, Central e São Francisco; um na BR-060; nas GOs-060 e 0-70; e um na Gyn-24. 

Na minuta do projeto constam sete corredores estratégicos, na Avenida Perimetral Norte; Marginal Barreiro e seu prolongamento; Marginal Botafogo, na Capim Puba; Marginal Cascavel; corredor Marginal Leste; corredor Perimetral Oeste e na Avenida T-8.

O Plano Diretor de 2007 orientou a ocupação urbana ao longo dos corredores de transporte, com a ideia de o cidadão ter fácil acesso à moradia, ao comércio local e estar próximo de serviços públicos.

Histórico

O lançamento das obras na Avenida T-7, em fevereiro de 2015, foi marcado por vaias e aplausos principalmente por parte dos comerciantes. Na época, eles alegaram que ela impactaria o fim do estacionamento na região. A justificativa foi a potencial perda de clientes, em detrimento à construção do corredor preferencial do transporte coletivo. A equipe de reportagem foi ao local ontem verificar o temor deles, porém o problema persiste. 

Os comerciantes, que já haviam sidos recebidos pelos técnicos da Prefeitura na Companhia Metropolitana de Transporte Coletivo (CMTC), afirmaram não terem sido atendidos nas suas reivindicações, que seria a mudança de projeto. Eles citaram problemas com comércio nas Avenidas 85 e T-63 depois da implantação dos corredores e queriam que fosse transferido para a Avenida Itália. Projeto do então prefeito Paulo Garcia (PT). 

Na época, os comerciantes ainda alegaram que o volume de tráfego de automóveis era maior que o dos ônibus, o que não justificaria o corredor. A construtora que venceu as licitações foi a Jofege Pavimentação e Construção. (Especial para O Hoje) 

  

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