PC diz que usuário do IFood que chamou entregador de macaco não estava em Goiás

Caso ocorreu em 25 de outubro em condomínio de Goiânia; usuário disse que não receberia entrega porque entregador era negro | Foto: Reprodução/Redes sociais

Postado em: 29-12-2020 às 22h20
Por: Raphael Bezerra
Imagem Ilustrando a Notícia: PC diz que usuário do IFood que chamou entregador de macaco não estava em Goiás
Caso ocorreu em 25 de outubro em condomínio de Goiânia; usuário disse que não receberia entrega porque entregador era negro | Foto: Reprodução/Redes sociais

A delegada Sabrina Teles, responsável pela investigação do
crime de racismo contra entregador do iFood em Goiânia, apurou que, segundo a
localização de GPS, o usuário que realizou o pedido não estava em Goiás. Caso
ocorreu no dia 25 de outubro em um condomínio da capital.

Segundo informações da PC, os dados de cadastro da conta,
como e-mail, nome, endereço e número de documentos, são todos falsos. O CPF
utilizado para a criação da conta pertence a uma criança de 3 anos.

Relembre o caso

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O entregador de uma hamburgueria de Goiânia foi vítima de
racismo no último dia 25 de outubro. Na ocasião, uma suposta moradora do
condomínio Aldeia do Vale enviou mensagens para o estabelecimento pedindo que
eles enviassem um entregador branco: “Eu não vou permitir esse macaco”.

Os funcionários da hamburgueria relataram que como
não havia o endereço completo da cliente, entraram em contato para pegar o
número da quadra e do lote. Quando a funcionária pede para que a moradora
autorize a entrada do entregador, ela se recusa.

“Esse preto não vai entrar no meu condomínio”,
escreveu em uma mensagem e logo após ela pede para “mandar outro motoboy que
seja branco”. A funcionária então responde que não tolera racismo e que ela não
receberia o pedido, já a cliente responde que “não uso restaurante judaico”.

Nota do condomínio

Em nota assinada pelo presidente da Associação dos Amigos do Aldeia do Vale (Saalva), Sérgio Cecílio, esclarece que no último dia 29 de dezembro, a Polícia Civil divulgou que, de acordo com as investigações, o autor do crime de racismo não estava em Goiás no momento da ofensa e que os dados documentais utilizados por ele para fazer o pedido no aplicativo são de terceiros. 

“O crime fora praticado em 25 de outubro deste ano. Na mesma semana, a administração do residencial já havia identificado em seu sistema interno de cadastro, que os dados do autor do crime, fornecidos pela autoridade policial, não eram de nenhum morador, prestador de serviço ou visitante.  Nas redes sociais, a informação fora recebida com desconfiança.”

Segundo o informe, o nome do condomínio foi divulgado negativamente, sendo atacado com manifestações de ódio nas mídias sociais, assim como seus moradores. Acuados, muitos moradores chegaram a ficar com medo de sair de casa durante dias, em detrimento da proliferação de ataques nas mídias sociais, e manifestação violenta nos dias que sucederam o episódio. 

“Chegar ao fim do ano com a elucidação dos fatos é motivo de satisfação, reforço na confiança nas autoridades e na expectativa de que a justiça está sendo feita e que a verdade prevalecerá. O respeito a todas as pessoas, independente de credo, gênero ou raça, é princípio de toda a comunidade que vive no residencial, cuja administração prontamente se colocou à disposição das autoridades para investigação desde o primeiro momento, justamente por não compactuar com o crime de racismo”, conclui.

  

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