Petrobras aumenta preço da gasolina e mantém diesel

Há 28 dias os preços dos combustíveis praticados pela Petrobras sofrem alterações | Foto: Wesley Costa

Postado em: 24-01-2021 às 23h59
Por: Sheyla Sousa
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Há 28 dias os preços dos combustíveis praticados pela Petrobras sofrem alterações | Foto: Wesley Costa

Eduardo Marques

A Petrobras elevou semana passada o preço médio do litro da gasolina vendida para distribuidoras em R$ 0,15, sobre a média vigente de R$ 1,84, segundo informações da própria companhia. A Petrobras também confirmou que vai manter inalterado o preço do diesel, combustível mais consumido no país. Em Goiânia, os valores da gasolina comum variam de R$ 4,76 a R$ 4,87. Já do etanol, de R$ 3,04 a R$ 3,47. Motoristas reclamam dos constantes aumentos dos preços dos combustíveis.

Os preços dos combustíveis praticados pela Petrobras são os mesmos há 28 dias, um período atípico sem reajustes, tendo em vista que a companhia se comprometeu a manter política de paridade entre preços domésticos e internacionais.

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“Esse ajuste de preços (da gasolina) foi incompleto. Aumentaram 15 centavos, ainda precisa aumentar 7, 8 centavos para gasolina entrar em paridade com o mercado internacional”, afirmou à Reuters o chefe da área de óleo e gás da consultoria INTL FCStone, Thadeu Silva.

Ele disse que o diesel está com defasagem. “O diesel não teve alteração, ele está com uma defasagem muito forte, na casa dos 20 centavos, mesmo com o mercado internacional cedendo um pouco hoje e o câmbio (valor do real versus dólar) subindo um pouco, a gente está com uma defasagem se aprofundando”, afirmou Thadeu Silva à Reuters. 

Alta do dólar

Ao O Hoje, o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Goiás (Sindiposto), Márcio Andrade, explicou que a causa da alteração do valor da gasolina é a cotação do barril do petróleo e a alta do dólar. “A política da Petrobras acompanha o mercado externo e nivela o preço do Brasil com o preço do mercado internacional. Nas últimas semanas está tendo um aumento muito forte no preço do barril do petróleo e a cotação do dólar está ficando desfavorável”, diz.

O último reajuste foi feito em 29 de dezembro e, de lá para cá, o Brent, preço de referência do petróleo no mercado internacional, valorizou mais de 7%. Já o dólar está quase estável, com valorização de menos 0,5%, considerando as quedas de segunda-feira (18).

A falta de reajustes levou a Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom) a acusar a Petrobras de descumprir o acordo firmado com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para a venda das refinarias, em que a companhia se comprometeu a cumprir a política de preços.

Como a Petrobras detém praticamente toda a capacidade de refino do país, o acordo firmado com o Cade prevê a paridade internacional para permitir a concorrência com importadores. A Petrobras nega e diz que o cálculo da defasagem feito pela Abicom, consultorias e agentes de mercado não levam em conta custos internos, informação exclusiva da companhia. “Os preços praticados refletiriam a eficiência da companhia e não uma disparidade”, defendeu o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco.

Apesar do reajuste nas refinarias, o presidente do Sindiposto afirma que o valor não foi repassado ao consumidor. “Estamos comprando desde o dia 19 com reajuste. Esse repasse ao consumidor depende de cada empresário de revenda. Até onde pude perceber não houve reajuste repassado ao consumidor. Provavelmente deve haver algum reajuste porque o aumento dos preços está forte. A margem de lucro do posto não consegue absorver um aumento nessa proporção”, pontuou.

Em relação ao etanol, Márcio destaca que o reajuste de valor é diferente porque não existe um anúncio formal. “Cada usina pratica seus preços e isso vai sendo sentido pelo proprietário do posto. Da mesma forma que a gasolina, porém o empresário vai absorvendo e segurando. O etanol quase que diariamente tem reajustes. Quando existe uma sequência de aumento, aí ele é obrigado a repassar. No caso do etanol teve alta semana passada, mas foi um percentual menor”, afirmou. 

Márcio diz que o reajuste dos combustíveis é maléfico ao empresário, porque o giro econômico diminui. “O consumidor ou a opinião pública pensa que se a gasolina aumentou, então o empresário está ganhando muito dinheiro. É ao contrário. Para gente, quanto mais caro está o produto, menos vai girar. O consumidor vai tentar segurar um pouquinho. Ele vai economizar no uso do automóvel. Vai encaixar o combustível dentro do orçamento”. 

O preço dos combustíveis é discutido no governo federal, mas analistas de mercado não refletem até o momento um medo de interferência do Planalto na política de preços, provocando prejuízos à Petrobras e aos acionistas. Em relatório publicado na semana passada, a XP chegou a classificar a precaução como “exagero”.

Motorista por aplicativo, Marcos Fontes reclama do constante reajuste do combustível e afirma que isso compromete o orçamento familiar. Ele afirma que o etanol compensa mais que a gasolina. “Contribui muito no orçamento. Valores altos demais, abusivos. Imposto demais em cima do combustível. Sobe e desce. É todo ano. Não tem controle. Eu preciso fazer um replanejamento total, tenho que ver quanto que a gente ganha no aplicativo, porque ganhamos uma porcentagem. Fica até meio complicado fazer o reajuste”, destacou.

Procon-Goiás alerta para variação de preços de combustíveis  

Para evitar de pagar alto valor do combustível, o Superintendente do Procon-Goiás, Allen Viana, sugere que o consumidor faça pesquisa de preço. “É preciso que o consumidor pesquise, dando preferência aos postos de sua confiança. E que fiquem atentos aos postos de combustíveis que cobrem um preço bem abaixo do mercado, porque existe a probabilidade de fraude na qualidade ou adulteração da bomba”.

Ele diz que o Procon Goiás atua cotidianamente, através das diligencias fiscais. “A fim de coibir as ações de ‘espertalhões’ que se aproveitam destes reajustes para a majoração abusiva de preços e adulteração de combustível. O órgão possui equipe técnica treinada pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Bicombustível (ANP), que realiza testes da qualidade e quantidade do produto ofertado aos consumidores”.

Em caso de adulteração de combustível, Allen orienta que o consumidor deve entrar em contato com o órgão. “O consumidor deve registrar uma denúncia junto ao Procon Goiás, que poderá ser feita através do Disque-denúncia 151 (capital), do telefone (62) 3201-7124 (interior e região metropolitana) ou pelo portal Procon Web”.

Apesar da Petrobras ter anunciado o reajuste, Allen afirma que Goiás e São Paulo foram os estados que sofreram a menor variação no país, cerca de 0,90%. “Entretanto, é inegável que esses aumentos impactam diretamente no orçamento dos consumidores, pois o aumento salarial não acompanhou os reajustes do combustível e de outros insumos básicos”, salientou. (Especial para O Hoje) 

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