Segunda-feira, 01 de julho de 2024

Exportação aérea impulsiona comércio de frutas

Fruticultura continuou a gerar empregos mesmo com a crise ocasionada pela Covid-19

Postado em: 30-01-2021 às 00h05
Por: Sheyla Sousa
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Fruticultura continuou a gerar empregos mesmo com a crise ocasionada pela Covid-19

Daniell Alves

Anteriormente paradas, as exportações de frutas por via área impulsionaram o comércio de frutas com aumento de 6% em relação ao ano passado. É o que aponta levantamento realizado pela Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas). Além disso, os maiores países consumidores, como os árabes e asiáticos, têm exportado uma quantidade significativa, explica a supervisora de Horticultura e Fruticultura do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Ana Paula Marques Belo, em entrevista ao O Hoje.

Segundo ela, este crescimento, mesmo em meio à pandemia, ocorre porque o País atende os critérios de qualidade exigidos pelos países consumidores. “O mercado consumidor europeu é bastante rigoroso, já que exigem que as frutas sejam produzidas com um padrão de qualidade que atenda normativas de uso de defensivos, questão de mão de obra integrada e recursos naturais. Por meio de selos de qualidade estamos garantindo as exportações que atendam às exigências dos mercados”, revela.

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Outro fator que também contribuiu neste processo é que as pessoas estão cada vez mais consumindo frutas com objetivo de ter uma vida mais saudável, explica a supervisora. “A gente percebe que a população com um nível financeiro maior tem consumido mais”.

Ao contrário de muitas outras culturas afetadas durante o ano de 2020 por conta da pandemia causada pelo novo Coronavírus, a produção e exportação de frutas seguiu firme e alcançou a marca de mais de 1 milhão de toneladas de frutas exportadas. O setor faturou 875 milhões de dólares, 3% a mais que em 2019.

Frutas cítricas

O destaque vai para as frutas cítricas, como o limão que aumentou 14% em volume em 2020. Segundo a Abrafrutas, acredita-se que esse bom desempenho esteja ligado também, além dos esforços dos produtores, na busca por alimentos que forneçam vitamina C e que resultem no aumento da imunidade. Manga foi outra fruta que teve crescimento significativo. Foram exportadas mais de 243 mil toneladas, 13% a mais comparado a 2019. As exportações de maçã cresceram 11%, Uva, 9% e melancia 5%.

Para a Abrafrutas, 2020 foi um ano atípico, incerto e desafiador, onde todos os produtores tiveram que reformular os processos de trabalho para que a produção não parasse e, assim, não faltasse fruta na mesa dos consumidores. Nos primeiros meses, o setor teve que lidar com alguns problemas de logísticas por conta de voos que foram cancelados, porém, logo foram resolvidos e as frutas que embarcavam via modal aéreo voltaram a ser exportadas.

“A fruticultura brasileira, mesmo com todos os problemas adversos ocorridos durante 2020, conseguiu fechar o ano com aumento significativo em valor e volume. Isso se deve, especialmente, ao grande empenho dos produtores rurais que se adaptaram às questões de segurança, no qual atenderam todos os protocolos instituídos para evitar o contágio dos colaboradores e, assim, produziram de forma segura e eficaz frutas saborosas e de qualidade, de maneira que conseguiram atender as demandas com aumento nas exportações”, afirmou o presidente da Abrafrutas, Guilherme Coelho.

Na balança comercial, Abrafrutas afirma que o setor é pouco visto, mas em contrapartida, a fruticultura brasileira é grande geradora de emprego. Coelho ressalta que em um ano em que houve grande recessão, onde vários segmentos realizaram cortes financeiros, o setor de frutas seguiu forte, alimentando a população e empregando pessoas.

Curso em fruticultura

Por estas razões, o mercado da fruticultura está em expansão. Os dados reforçam que apesar da recessão, a fruticultura continuou a gerar empregos e por isso o Sistema Faeg/ Senar está com inscrições abertas para um Curso Técnico em Fruticultura. A qualificação é uma novidade que foi programada justamente por conta do mercado em ascensão.

O curso será totalmente gratuito, com duração de 2 anos e meio, na modalidade a distância: 70% da carga horária acontece à distância e 30% da carga horária acontece em polos presenciais e em visitas técnicas. No final do curso, os participantes irão receber diploma com a marca Senar, homologado pelo Ministério da Educação. Segundo o Senar, a capacitação é ideal para jovens e adultos que vivem e trabalham no campo e desejam se capacitar tecnicamente para planejar, executar e controlar os processos da cadeia produtiva da fruticultura brasileira.

Preço da melancia teve alta de 50% na Capital 

De acordo com levantamento feito pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), os preços da maçã, banana e melancia subiram fortemente na maioria dos mercados em dezembro por conta das festas de fim de ano. Em Goiânia, a melancia, por exemplo, registou aumento de 50% no quilo. Um dos motivos que explicam a alta é a retração da oferta diante de uma explosão da demanda, segundo a Conab.

Por sua vez, a alta da maçã chegou 18,2% em Goiânia. A Conab ressalta que, apesar de uma demanda reduzida no fim de ano, “observa-se a continuidade do movimento de redução da oferta. A Conab acompanha os preços praticados nas Centrais de Abastecimentos (Ceasas) de Goiânia, São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Vitória, Curitiba, Brasília, Recife e Fortaleza. A pesquisa realizada nas Ceasas revelam também que o tomate foi o que apresentou maior redução de preços para os consumidores. Em Goiânia chegou a cair mais de 20%, com preço médio mensal de R$ 2,95/kg, enquanto em Fortaleza/CE a queda na cotação foi de 18,3%, vendido em média a R$ 2,58/kg. O motivo do movimento de baixa na hortaliça, segundo o estudo, deve-se ao grande volume do produto recebido nos mercados, onde foi registrado um fluxo de cerca de 10% a mais em dezembro.

Recorde de 117 mil toneladas

De um modo geral, as exportações de frutas subiram no mês passado. Já em setembro do último ano, a exportação alcançou o mesmo volume exportado em setembro de 1997, de 117 mil toneladas, volume recorde no mês de setembro desde o início dos registros, também em 1997.

Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), as exportações de manga, melão e melancia registraram crescimento de 19%, 41% e 53%, respectivamente, em relação a setembro de 2019. Após o desempenho ruim no primeiro semestre de 2020 em função da pandemia de Covid-19, as exportações dessas frutas, nos nove primeiros meses de 2020, já se igualaram aos mesmos volumes exportados no ano passado no mesmo período.

As altas temperaturas interferiram também na produção de hortaliças no último ano. A colheita de cebola e batata no sudoeste paulista, Triângulo Mineiro e região de Cristalina (GO) foi acelerada pelas condições climáticas deste ano. No caso da batata, apesar da redução da qualidade, em função do escurecimento dos tubérculos, os preços apresentaram recuperação devido ao final da safra de inverno nas principais regiões produtoras. (Especial para O Hoje) 

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