Bebê com meio coração nasce após batalha judicial

O procedimento para reparar a Síndrome de Hipoplasia do Coração Esquerdo (SHCE) deve ser realizado ainda esta semana | Foto: Divulgação

Postado em: 10-02-2021 às 08h20
Por: Redação
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O procedimento para reparar a Síndrome de Hipoplasia do Coração Esquerdo (SHCE) deve ser realizado ainda esta semana | Foto: Divulgação

João Paulo Alexandre

Após uma longa batalha judicial, a gerente administrativa Gabriella Castro Silva, de 30 anos, deu à luz a Elisa, no Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo, na noite da última segunda-feira (8). Segundo o advogado da nova mamãe, Nilson Geraes, ela e filha passam bem. A pequena nasceu com dois quilos e oitocentas gramas e aguarda a próxima cirurgia na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da unidade. A expectativa é que o procedimento para reparar a Síndrome de Hipoplasia do Coração Esquerdo (SHCE), conhecido como “síndrome do meio-coração”, seja realizado ainda esta semana.

Gabriella conta que a vida de Elisa não poderia esperar nem um minuto a mais. Isso porque, no momento do parto, os médicos descobriram que a criança teria defecado dentro da barriga dela. O que significa que o procedimento teria que ser feito com mais celeridade possível. “Sei que essa luta não acaba por aqui. Ela vai passar por três cirurgias, uma agora, que é primordial para a recuperação dela, a outra com quatro meses e última com dois anos de idade. Sei que ela está num bom lugar e é assistida por uma excelente equipe”, ressalta.

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A gerente conta que já recebeu algumas críticas sobre a decisão de ir para a capital paulista, mas ela afirma que isso só lhe fortaleceu e que, se fosse necessário, faria tudo de novo. “Qualquer mãe que estivesse no meu lugar faria isso. Eu planejei para ter minha filha. Eu tive um baque quando recebi o diagnóstico, mas me fortaleci com toda união e até as críticas que recebi. Era a vida da minha filha que estava em jogo. Sei que posso ter outros entraves judiciais, mas estou pronta para enfrentar tudo e inspirar outras mulheres que passam por essa situação a lutarem”, assevera.

Longa batalha

O advogado Nilson conta que o Instituto de Assistência Médica à Saúde do Servidor Público de Senador Canedo (Iamesc) já realizou o depósito do valor do tratamento. Porém, isso só foi possível após uma longa batalha judicial que contou com quatro decisões para decidir sobre a vida da criança.

A mãe viajou para a capital paulista no último dia 20 de janeiro. Dois dias depois, uma liminar determinou que o plano de saúde arcasse com todos os custos do parto e do tratamento da filha dada pelo juiz Marco Miranda, da 2ª Vara Cível, Família, Sucessões, Fazendas Públicas, Registros Público e Ambiental, da comarca de Senador Canedo. A própria operadora, inclusive, garantiu que pagaria “todos os procedimentos” que fossem realizados no hospital paulista.

Entretanto, o plano de saúde entrou com recurso de suspensão da liminar anterior e teve o pedido atendido pela desembargadora Elizabeth Maria da Silva. Nilson entrou com outro pedido para que a gestante fosse atendida em São Paulo já que ela não poderia regressar a Goiás devido ao avançado estágio da gravidez.

Elizabeth, entretanto, negou o pedido da defesa de Gabriella e determinou que a gestante fosse atendida em Goiânia. Com muita insistência, a defesa da gerente conseguiu uma liminar que determinou a operadora a custear o tratamento, na manhã desta quinta-feira (4). Porém, a Justiça reforçou que o plano de saúde municipal deveria levar em consideração “os valores estabelecidos contratualmente.”

 Isso não cobria todo o procedimento já que o plano de saúde estava levando em consideração valores de tabela como se os procedimentos fossem realizados em Goiânia, mas a cidade não conta com esse tipo de especialidade. (Especial para O Hoje)

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