Ônibus circulam lotados, na região metropolitana de Goiânia

Nota técnica da Secretaria de Estado da Saúde é ignorada e passageiros são transportados em pé | Foto: Reprodução

Postado em: 25-02-2021 às 08h00
Por: Augusto Sobrinho
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Nota técnica da Secretaria de Estado da Saúde é ignorada e passageiros são transportados em pé | Foto: Reprodução

Maiara Dal Bosco

O transporte coletivo seja ele intermunicipal urbano e rural não deve exceder a capacidade de passageiros sentados. É o que determina a Nota Técnica do governo estadual como medida de enfrentamento à pandemia de Covid-19, publicada no dia 16 de fevereiro, antes do novo decreto municipal. No entanto, a recomendação vem sendo desrespeitadas pelas empresas, que continuam circulando com ônibus cheios, sobretudo nos horários de pico.

De acordo com o presidente da Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC), Murilo Ulhoa, não é possível limitar o número de pessoas por veículos. “Acreditamos que não é possível que seja cumprida [a determinação], porque lugar nenhum no mundo conseguiu fazer isso. No horário de pico tem uma aglomeração maior, é natural isso”, afirmou, em entrevista a uma rádio da Capital.

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Murilo Ulhoa pontuou ainda que o aumento de casos da pandemia está sendo acompanhado diariamente. “Se isso [os casos] aumentar muito, talvez novas medidas serão tomadas”, declarou, ressaltando ainda que não acredita que as empresas percam a concessão caso não cumpram o que foi determinado como medida de sanitização. “Podem [perder], mas não acredito que isso aconteça, porque é de interesse delas também que isso seja feito, até porque, tem os próprios funcionários delas dentro dos ônibus”, disse.

Segundo o Secretário de Governo Municipal, o transporte coletivo na Região Metropolitana passa por uma grave crise, provocada pela pandemia. “Essa crise tem gerado inclusive uma ação judicial onde está se cobrando do município um aporte financeiro muito grande e considerável pra suprir o déficit dessas empresas, por isso a necessidade de se discutir e aprofundar essa assunto”, afirmou.

Para ele, não adianta fazer um decreto, que estabelece que todos andarão sentados [no transporte coletivo], como foi a nota técnica emitida pela Secretaria Estadual de Saúde, se na prática isso se apresenta inviável. “Tem um custo financeiro elevado e não foi indicado de onde sairá a fonte para custear essa despesa. A população pode ter certeza que nós estamos cuidando e buscando o encaminhamento devido para que todos tenham vida e qualidade de vida”, finalizou. 

Em nota CMTC afirmou que, como órgão gestor, concorda com as ações de governo e entende que a união de esforços do governo do Estado e dos 18 municípios que integram a rede de transportes é necessária para os resultados junto ao usuário. No entanto, reforçou que estudos realizados por todo o Brasil, e no mundo, para nortear o atendimento feito pelo transporte público, em tempo de pandemia, revelam que o Transporte Público Coletivo não consegue transportar passageiros sentados em horário de pico e que este tipo de transporte oferece um ambiente aberto, com ventilação em índice de 63% nos ônibus, pois os veículos circulam com as janelas abertas; percentual superior ao de supermercados, agências bancárias e aeroportos.

A nota ressaltou ainda que outro aspecto importante é o uso obrigatório de máscara já incorporado pelo usuário do transporte público coletivo e que a operação na RMTC para o deslocamento dos atuais 270 mil passageiros/dia está em constante mudança com foco na segurança.

Aumento dos casos

As medidas adotadas pelo governo estadual e municipal para enfrentamento da pandemia vêm em meio ao aumento de casos e de óbitos. Goiás já soma 388.554 casos confirmados de Covid-19, sendo 8.431 óbitos. A taxa de letalidade, que por um longo período ficou estabilizada em 2,14%, aumentou para 2,17%. Consequentemente, a ocupação dos leitos de UTI nos hospitais sob gestão estadual em Goiás chegou a 93,33% na tarde de ontem (24). (Especial para O Hoje)

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