Fechados, hotéis e pousadas de Pirenópolis amargam prejuízos

Com pouca movimentação por conta das restrições, turismo na cidade reduziu de forma drástica | Foto: Reprodução

Postado em: 26-03-2021 às 23h59
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Fechados, hotéis e pousadas de Pirenópolis amargam prejuízos
Com pouca movimentação por conta das restrições, turismo na cidade reduziu de forma drástica | Foto: Reprodução

Daniell Alves

Após o agravamento da pandemia da Covid-19 em todo o Estado, os hotéis e pousadas da cidade turística de Pirenópolis estão fechados até o próximo dia 31. A medida consta no decreto publicado pela prefeitura do município, que decidiu seguir as medidas de enfrentamento da doença propostas pelo Estado. A reportagem conversou com donos de pousadas em Pirenópolis para entender de que forma essas medidas irão afetar o estabelecimento deles.

Só podem funcionar em Pirenópolis hospitais e laboratórios, consultórios médicos e odontológicos; farmácias; clínicas de vacinação; supermercados; padarias e panificadoras; postos de combustíveis, agências bancárias e casas lotéricas.

Continua após a publicidade

A empresária Lúcia Costa, proprietária do Hostel Rua da Direita, que fica no centro histórico, afirma que entende a necessidade do fechamento para evitar o aumento desenfreado de novos casos positivos para o coronavírus. “Desde o início da pandemia, ficamos seis meses com os estabelecimentos fechados sem receber nenhum hóspede. Quem tinha economia, como eu, teve que gastar para pagar despesas como água, luz, telefone e internet”, diz. Após um período de portas fechadas no último ano, as atividades foram retomadas e trouxe alívio para o segmento.

“Fizemos cursos de capacitação e aprendemos a lidar com a pandemia. Tivemos que reabrir com todos os cuidados para reduzir o contágio da doença”, lembra. Mas, a partir de novembro, o turismo teve uma queda drástica, aponta. “O último fechamento foi bastante difícil porque nós [ela e outros e empresários da cidade] estávamos começando a retomar e pagar as dívidas. A maioria de nós entende que as medidas de fechamento foram necessárias. A situação está muito grave”, alerta. As últimas três semanas na cidade registraram pouca movimentação, o que deve continuar pelos próximos dias.

De acordo com o secretário de administração de Pirenópolis, Sérgio Rady, a entrada de pessoas no portal da cidade não será proibida, porém terá maior fiscalização nos pontos turísticos para evitar aglomerações. Já o secretário de Comunicação e Cultura, Ronaldo Félix, orienta aqueles que já realizaram algum tipo de reserva em hotéis ou pousadas do município. A recomendação é que negociem com os donos destes estabelecimentos um reagendamento. “Como cada lugar tem uma política nesses casos, orientamos para que os turistas tratem diretamente com eles”, informa.

Baixa procura

O dono da pousada Villa das Pedras e presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis Goiás (ABIH-GO), Leonardo Puglia, informa que, nas semanas anteriores ao fechamento, os hotéis e pousadas estavam com limitação de 50%, depois 40% de ocupação e com uma procura bem menor.

Segundo ele, mesmo com a crença de que, seguindo bem os protocolos, não há contaminação durante o funcionamento, a ABIH se solidariza com as vítimas e com o momento atual. Leonardo destaca que se a prefeitura e o Estado entendem que há a necessidade de fechar o comércio e o setor de serviços devido à superlotação dos hospitais, é importante contribuir. “Além disso, fizemos um consórcio de hotéis, bares e restaurantes apoiando um turismo que faça com que Pirenópolis seja um destino seguro”, informa.

A pousada de Leonardo Bom teve um prejuízo considerável desde o início da pandemia, já que ficou cerca de seis meses sem funcionar. “Depois, apesar de ter sempre alguma limitação na ocupação, o movimento voltou com tudo, sendo inclusive mais forte no meio de semana do que no período pré-pandemia. Ajudou bastante a pagar as contas, contudo estaremos pagando empréstimos relativos ao primeiro lockdown até o final de 2022”, diz.

Agora, a expectativa é de que esta paralisação seja mais breve. “Vêm mais prejuízos e mais incertezas. Ainda que seja mais fácil do que a primeira vez, por não ser terreno desconhecido”, afirma.

Delivery

Os estabelecimentos do gênero alimentício como bares e restaurantes só podem funcionar como drive thru, delivery (entrega) ou pegue e leve. Feiras livres, lojas e galerias comerciais, oficinas mecânicas, salões de beleza, distribuidoras de bebidas, cartórios e estabelecimentos de ensino público e privado devem permanecer fechados.

Na cidade, está instituído o toque de recolher, constituído pela circulação de pessoas pelas vias e logradouros públicos e de acesso ao público, no período de 23h às 05h horas. O decreto determina que todos os estabelecimentos que continuem em funcionamento cumpram protocolos rígidos para que a abertura reduza ao máximo a possibilidade de disseminação do coronavírus. As medidas começam por garantir que seus funcionários não fiquem expostos ao contágio. 

Atividades de turismo têm redução de 7 mil empregos 

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Goiás registrou uma redução de 7.318 empregos nas Atividades Características de Turismo, no período de janeiro a novembro de 2020. No ano passado, a arrecadação de ICMS também sofreu queda de R$ 53.804.910,83, em comparação com 2019. Ainda segundo o IBGE, em janeiro de 2021, o Índice de Atividades Turísticas (ACTs) em Goiás, com ajuste sazonal, sofreu uma retração de -7,4%, se comparado ao mês de dezembro, após registrar oito taxas positivas seguidas.

O V Boletim Panorama da Retomada do Turismo em Goiás, divulgado pelo Observatório da Goiás Turismo, apresenta novidades sobre as tendências do setor e dados sobre empregos, estabelecimentos e arrecadação em Goiás. Conforme o Observatório, nessa edição, o objetivo é apresentar o máximo de possibilidades em relação a pesquisas e dados que possam contribuir com as demandas contemporâneas do turismo e, sobretudo, a gestão do setor em Goiás.

Tendências

Entre as novidades no Turismo, após a pandemia, estão termos e comportamentos que já são percebidos em todo o mundo, como o staycation, uma combinação de stay e vacation, que é a predominância do turismo doméstico e de curta distância, chamado de turismo de proximidade. O Boletim aponta que o turista, diante da pandemia, continua planejando sua viagem dos sonhos, e prefere passar as férias em isolamento, ou seja, em vez de grandes hotéis em grandes centros, opta por hotéis boutique e vilas em locais menos movimentados, além de buscar lugares perto da natureza.

O estudo também cita o “paradoxo sustentável” no pós-Covid-19. A queda nas viagens teve impacto extremamente positivo no planeta. O retorno à normalidade pode ser, em vez de um risco, um alerta para mudanças. O Boletim alerta, ainda, que empresas e profissionais terão que buscar alternativas, inovação e tecnologias para renovar seus produtos ou serviços diante da nova realidade. (Especial para O Hoje) 

Veja Também