Desvalorizado, Mercado Municipal de Campinas é marco cultural de Goiânia
O crescimento econômico de Goiânia está sufocando pequenos e tradicionais comerciantes goianienses | Foto: divulgação/Pref. de Goiânia
Por: Nielton Soares
Augusto Sobrinho
O setor de Campinas, que já foi uma cidade de Goiás, tem 211 anos de história. Também chamada de Campininha das Flores, Campinas, era um polo de serralherias, marcenarias, metalúrgicas, cerâmicas e olarias. O intenso movimento da região se dá, principalmente, nas avenidas 24 de Outubro e Anhanguera. Seu grande comércio varejista e atacadista, já lhe deu o título de maior shopping horizontalizado do Estado.
A partir de 1935, Campinas cedeu parte do seu território para a nova capital goiana. Hoje, com 87 anos de idade, Goiânia cresceu. Nesse processo de maturação, os goianienses se multiplicaram e, atualmente, somos mais de 1,5 milhão de pessoas. Com o crescimento do nosso poder aquisitivo, novos polos econômicos foram surgindo, como a Região da Rua 44, que, infelizmente, ofuscam um pouco do brilho da tradicional Campininha das Flores.
Por um lado, isso é muito bom para a nossa economia, mas por outro, é sufocante para pequenos e tradicionais comerciantes goianienses. Por exemplo, os 79 permissionários do Mercado Municipal de Campinas, na Rua Benjamin Constant. Eles começaram as atividades em 1955 para atender o setor alimentício no Setor de Campinas e bairros vizinhos, o mercado era a principal fonte de renda de pequenos comerciantes com suas mercearias, bares e açougues.
Entretanto, o boom econômico que a nova capital goiana trouxe atraiu os olhos de filiais de grandes redes de supermercados e restaurantes do Brasil, que passaram a dividir espaço com os mercados municipais de Goiânia. Por simplesmente serem mais modernos, esses novos mercados sufocaram os pequenos e tradicionais comerciantes do Mercado Municipal De Campinas. Estes empresários tiveram que se reinventar para conseguir manter seu comércio vivo.
O Mercado Municipal de Campinas, por exemplo, passou a oferecer novas atividades aos moradores locais e para aqueles que visitavam o importante polo comercial horizontal do setor. Devido à competição desleal com os outros supermercados, os comerciantes passaram a oferecer produtos como artigos importados, tecidos, malhas, calçados, refeições, lanches e prestação de serviços, dentre outros.
Com a intenção de revitalizar este importante e tradicional mercado, em 2008 ele passou por uma reforma que aumentou as lojas e criou uma área destinada para cultura e lazer, com eventos constantes. Quem visita o mercado não se arrepende, pois encontra em um só lugar comida gostosa, artesanato local, utilidades domésticas, consertos, ervas e produtos naturais, além do atendimento cordial e cheio de boas histórias.
Na boca dos frequentadores do mercado há elogios para o pastel de frango com palmito do Inácio, bom preço, a loja de calçados da Luzia, que tem 40 anos de história no Mercado de Campinas, e também a Loja 19, que tem as mais variadas peças para móveis de casa e consertos de panelas de pressão e comuns. Com isso, é importante valorizar o comerciante local para contribuir na manutenção da nossa tradição goianiense.