Cenário da Covid-19 estabiliza em Goiás, mas permanece crítico

Segundo especialista, estabilização é um bom sinal, mas ainda não é a solução para a situação | Foto: Reprodução

Postado em: 30-03-2021 às 08h45
Por: Augusto Sobrinho
Imagem Ilustrando a Notícia: Cenário da Covid-19 estabiliza em Goiás, mas permanece crítico
Segundo especialista, estabilização é um bom sinal, mas ainda não é a solução para a situação | Foto: Reprodução

Maiara Dal Bosco 

Um mês após as atividades não essenciais fechadas, entre decretos municipal e estadual, a demanda por leitos de UTIs estabilizadas em cerca de 95%, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO), o cenário da pandemia em Goiás ainda é crítico. Na semana em que já são contabilizados 475.260 casos confirmados de Covid-19, sendo 11.148 óbitos e uma taxa de letalidade de 2,35%, começa a valer na Capital a partir de amanhã (31), o decreto com as novas medidas de flexibilização do comércio. 

Segundo Sergio Zanetta, médico sanitarista e professor de Saúde Pública do Centro Universitário São Camilo, a situação permanece crítica porque é um período muito curto para que os resultados sejam satisfatórios neste cenário. “A conta é muito simples. Os casos que estamos vendo hoje são casos de pessoas que contraíram a doença há pouco mais de 10, 14 dias. Isso significa que os óbitos e a ocupação de leitos de UTI são referentes a casos que se contaminaram cerca de 30 dias atrás, já que se leva em conta a contaminação, o aparecimento da doença e mais três a quatro semanas de internação”, explica o médico. 

Continua após a publicidade

De acordo com Sérgio, para que seja efetivo, o lockdown precisa ter um período superior ao que leva para as pessoas contraírem e manifestarem a doença. “Isso leva de 3 a 4 semanas. Não existe lockdown para Covid-19 sem que seja no mínimo de 30 dias. Em 15 dias, podemos ter uma estabilização breve, mas os casos vão continuar resultando em novas internações e em óbitos daqui a mais de 15 a 30 dias. É preciso que haja um bloqueio rigoroso de circulação de pessoas por pelo menos 30 dias”, afirma.

Para o especialista, a estabilização dos leitos de UTI é um bom sinal, mas ainda não é a solução para a situação. Para ilustrar, ele cita o exemplo da cidade de Araraquara, em São Paulo. “Araraquara fez lockdown de forma rigorosa e conseguiu reduzir 40% dos óbitos, até que chegou a registrar dois dias sem óbitos. Isso só acontece após quatro semanas de lockdown”, aponta. Segundo ele, a situação exige cautela uma vez que, mesmo em estabilidade, de um dia para o outro as internações podem voltar a um nível elevado. 

Retomada

Em vigor a partir de amanhã, o documento que apresenta modelo de revezamento 14×14, com abertura das atividades econômicas da Capital. O decreto anterior ainda vale hoje (30), para igualar a partir de amanhã (31), as restrições em todo o Estado, sem a divergência entre decretos municipais e estaduais. “Não seria conveniente antecipar o nosso decreto neste momento. Geraria muita confusão dos goianienses e dos goianos”, explicou o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz. 

Segundo o prefeito, esta medida foi tomada após Goiânia mostrar uma tendência de estabilidade de casos de Covid-19. O secretário municipal de saúde, Durval Pedroso, complementou afirmando que a tendência mostrada no boletim epidemiológico “permite que as pessoas possam trabalhar com segurança”. Durval ressaltou que a situação ainda é preocupante, mas estável, com menor transmissibilidade. “O mais importante é entender que a infecção é verdadeira. Esperamos do cidadão o compromisso e a responsabilidade de seguir as normas sanitárias”, destacou

 Segundo o Secretário Estadual de Saúde de Goiás, Ismael Alexandrino, do ponto de vista sanitário, a situação causa certa apreensão, mas está dentro de um planejamento, em um contexto não somente sanitário, mas também populacional. “Nós vimos nos três últimos dias que há uma tendência de estabilização, ainda é pouco tempo para falar de estabilização, certamente já é fruto do período que ficou restrito e aí nós precisaremos ter muita compreensão da população para que, aquelas atividades que forem liberadas, sigam os protocolos para que a gente não tenha uma exacerbação novamente”, afirmou, em entrevista à uma televisão da Capital, na manhã de ontem (29). (Especial para O Hoje)

Veja Também