Pandemia deve frear vendas na Páscoa pelo segundo ano

Esperançosos, supermercados temem ainda frustração nas vendas como em 2020 | Foto: Wesley Costa

Postado em: 31-03-2021 às 07h55
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Pandemia deve frear vendas na Páscoa pelo segundo ano
Esperançosos, supermercados temem ainda frustração nas vendas como em 2020 | Foto: Wesley Costa

João Paulo Alexandre

O costume de comprar muitos ovos para as crianças e/ou para toda a família deve ficar um pouco de lado, segundo uma pesquisa da Confederação Nacional de Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). De acordo com o levantamento, as vendas devem registrar queda de 2,2%, o que representa movimentação de R$ 1,62 bilhão em 2021. Tida como a quinta data comemorativa mais importante para o comércio, esse será o menor volume de vendas na Páscoa desde 2008.

Porém, a expectativa da Associação Goiana de Supermercado (Agos) é de que as vendas sigam, pelo menos, a mesma quantidade atingida no ano passado: 13% de crescimento em relação ao ano anterior. Gilberto Marques, presidente da entidade, destaca que a surpresa pode vir da mesma forma que ocorreu no ano passado. “A gente não esperava boas vendas no ano passado pelo fato da doença ser nova e ter poucas informações sobre ela. O momento não é fácil, mas acreditamos que podemos nos surpreender positivamente”, conta.

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Outro fator argumentado por Gilberto que pode contribuir para o aumento das vendas é a adesão de algumas pessoas pelo home office. “Muitas famílias estão em casa e elas acabam consumindo mais produtos alimentícios. Com os chocolates não será diferente. A Páscoa é uma tradição e, mesmo com esse momento, acreditamos que uma parcela das pessoas tem alguma reserva para consumir os ovos e dar às crianças”, reforça.

Preços

Segundo Gilberto, os ovos sofreram uma variação de preços entre 12% e 13%, mas que, mesmo com essa alta, há oferta e demanda. Por isso, ele também acredita que esse pode ser um fator que ajude nas vendas. “Pode ser inseguro? Pode! Mas, até o momento, o que a gente vem vendo no supermercado tem surpreendido a gente. Porém, pode ser que nos surpreendamos de maneira negativa e haja queda nas vendas”, reforça.

Apesar de tudo isso, o presidente da Agos afirma que houve uma diminuição no tamanho do espaço para exposição dos ovos. Segundo ele, isso aconteceu pois os fornecedores se basearam no volume de pedidos do ano passado. “No ano passado faltou ovo e os nossos fornecedores mantiveram a mesma entrega. A diferença é que nesse ano há um estoque caso a gente precise, mas a gente diminuiu, pois ainda é muito incerto. Não se teve estoque no ano passado. Nunca se vendeu tanto e, no final, faltou ovo”, conta, ao relembrar que pode ter a “xepa dos ovos de Páscoa”, que é quando os produtos ficam mais baratos após a data.

Gilberto afirma que os preços também levaram os clientes a buscarem alternativas para não deixar que a data passe em branco. “Algumas pessoas preferem as barras de chocolate e as caixas de bombons para presentear, principalmente as crianças. O importante é levar o chocolate, que já é uma tradição nesse período.

Gilberto pontua que a semana de Páscoa coincidir com a da reabertura de todo o comércio, segundo o último decreto estadual que foi publicado, pode ajudar na elevação de vendas. “A gente explica que estamos preparados para receber os clientes. Não só para a compra dos ovos, mas de pescados e dos alimentos em geral. A gente segue todos os trechos da normativa estadual e pedimos apenas a colaboração e paciência de quem vem ao supermercado.”

Significado especial

Anteriormente, Gilberto defendeu a tradição do chocolate na Páscoa. Com o passar do tempo, muitas pessoas deixaram de enxergar isso, mas esse hábito ainda é presente em muitas famílias. Em uma gôndola e outra, a vendedora Waniele Andrade passa com duas crianças embaixo do túnel formado por ovos de Páscoa. Os olhos das crianças brilham com tantas cores juntas.

Mas toda a emoção passa para frustração após ver os preços. “Está muito caro. Ainda mais para quem tem mais de uma criança para comprar o ovo e não dá para comprar apenas para um. Se for comprar, tem que comprar para todos. A gente vai tentar não deixar passar em branco, mas está muito difícil”, comenta.

Com duas crianças, de 1 e 3 anos, e um pré-adolescente, de 12, a mulher vê quase impossível pagar R$ 80 em um ovo de apenas 320 gramas. Muitos podem se perguntar do porquê pagar esse valor tendo outras opções mais em conta. Porém, a fantasia da criança vem do buscar o brinquedo que vem como brinde dentro do produto. Naturalmente, esse tipo de brinde vem em ovos que perduram nessa faixa etária de preço mais elevada.

“Eu vou tentar dar uma caixinha de bombom, mas a gente sabe que não tem o mesmo sabor. Não tem a mesma magia da criança abrir o ovo, tirar todos os papéis que envolvem e se lambuzar com o chocolate. São ações que não dão para serem feitas com bombons ou uma barra de chocolate”, afirma.

A mulher se emociona ao relembrar a escassez de ovos de Páscoa na infância. “Dói ver eles pedirem e a gente não poder comprar. Lembro de mim. Eu e minhas irmãs queríamos muito ovos de Páscoa, mas a minha mãe e o meu pai não podiam dar. Quando me tornei mãe, a gente sonha em proporcionar tudo aquilo o que a gente não teve”, diz ao deixar uma lágrima rolar pelo rosto. (Especial para O Hoje) 

Preço do chocolate varia até 73,64% 

O Procon Goiânia comparou os preços de 48 produtos para Páscoa em sete supermercados e sites de vendas, entre os dias 18 a 26 de março. Foram pesquisados caixa de bombons e ovos de chocolates de diversas marcas, tipos e modelos.

A maior diferença encontrada foi de 73,64% no ovo Oreo Lacta, de 257 gramas, que em um supermercado pode ser encontrado por R$ 49,99 e, em outro, por R$28,79. A diferença foi de R$ 21,20.

Outro ovo de Páscoa com grande variação de preço é o Nestlé ao Leite Clássico, de 185 gramas. Os preços variam de R$ 24,99 a R$ 40,75. Se consumidor realizar pesquisa de comparação de preço poderá economizar até R$ 15,76.

O Alpino, de 337 gramas, alcançou variação de 50,34%. O menor preço verificado foi de R$ 34,90 e o maior R$ 52,47. Já o ovo Serenata do Amor, de 196,5 gramas, pode ser encontrado de R$ 24,99 até R$ 36,99.

O ovo Garoto ao Leite, de 185 gramas, teve variação de 48,02%. Os preços variam entre R$ 24,99 até R$ 36,99. Para o consumidor que pretende gastar pouco nas compras dos ovos de Páscoa para as crianças, uma opção é o ovo Lacta Batman, de 166 gramas. O menor preço encontrado foi de R$ 39,90 e maior preço R$ 39,99.

Nas caixas de bombons, a maior diferença foi de 44,63 % na caixa Sortidos da Garoto, de 250 gramas. Os preços variam de R$ 8,29 até R$ 11,99. A caixa Favoritos da Lacta, de 250 gramas, alcançou variação de 39,07%. O menor preço encontrado foi de R$ 8,19 e maior R$ 11,39. Já a da Nestlé teve variação de 26,88%. Os preços variam de R$ 9,45 até R$ 11,99.

Orientações

A orientação do Presidente do Procon Goiânia, Gustavo Cruvinel, é para que o consumidor faça a comparação entre os preços praticados por diferentes estabelecimentos. “Como estamos no momento de pandemia, o levantamento deve ser feito seguindo todas as regras sanitárias para evitar qualquer possibilidade de contato com a Covid-19. Na hora da compra, o consumidor deve prestar atenção na relação de qualidade, peso e preço do item a ser adquirido. Nas lojas virtuais, é fundamental também levar em conta o preço do frete”, alerta Cruvinel.

O Procon Goiânia orienta também para consumidor verificar com atenção o prazo de validade, a composição e o peso líquido do produto.

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