Liturgia da Semana Santa terá celebração virtual e presencial

Internet se torna aliada da evangelização pelo 2º ano | Foto: Wesley Costa

Postado em: 01-04-2021 às 08h10
Por: Sheyla Sousa
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Internet se torna aliada da evangelização pelo 2º ano | Foto: Wesley Costa

João Paulo Alexandre

A Semana Santa é uma tradição religiosa católica que celebra a Paixão, a Morte e a ressurreição de Jesus Cristo. Ela se inicia no Domingo de Ramos, que relembra a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, e termina com a ressurreição do Nazareno, que ocorre no domingo de Páscoa.

Porém, pelo segundo ano seguido, a internet será uma das ferramentas para levar evangelização aos fiéis em tempos tão difíceis. Com a impossibilidade de realizar algumas comemorações, devido ao fato das aglomerações, algumas igrejas vão homenagear as vidas que foram perdidas na batalha contra o novo coronavírus.

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O padre João Paulo Santos de Souza, reitor do Santuário Basílica do Divino Pai Eterno, em Trindade, afirma que o atual momento que a humanidade passa se torna muito semelhante à luta de Cristo. “Estamos no calvário com Jesus. Nas dores, clamor e lágrimas dele estão também as de toda a humanidade. Porém, sempre na esperança de vencer este momento difícil que estamos passando”, diz o sacerdote.

E para muitas pessoas, ver as igrejas fechadas é ainda uma angústia ainda maior. A tecnologia ainda é um empecilho para muitos, o que causa certa estranheza de fazer as celebrações dessa forma. “Ver as igrejas fechadas é uma situação de profunda tristeza, para mim e para todos os que eu convivo. Antes da pandemia era uma celebração viva, onde a gente se materializava junto com a sociedade. Pensar na Semana Santa online é um absurdo. Não estamos assistindo a um filme”, desabafa a advogada Marizete Pires da Silva Costa, que é voluntária em uma paróquia de Goiânia.

Apesar do afastamento, vale lembrar que antes da doença, as missas realizadas em algumas igrejas já eram transmitidas pela TV, rádio ou outras mídias digitais. Porém, com o isolamento fez com que esses meios ganhassem mais protagonismo. No ano passado, nesse mesmo período, muitas celebrações não tiveram a presença dos fiéis, mas foram transmitidas por algum meio de comunicação para todo o território nacional.

Quantidade limitada

Segundo a Associação Filhos e Filhas do Pai Eterno (Afipe), a quantidade limitada de pessoas dentro das igrejas é uma das maiores mudanças nesse período. A cidade de Trindade, que sempre foi conhecida como Capital da Fé, era um dos lugares do Brasil onde milhares de fiéis se dirigiam para celebrações religiosas. A quantidade era tamanha que é impossível enumerar a quantidade de forma precisa. Tudo mudou com a chegada da Covid-19.

A situação ficou ainda mais complicada já que os números de casos da doença já são piores do que os registrados no ano passado em todo o País. A Região Central de Goiás, onde está o município de Trindade, está em situação de calamidade em relação à contaminação pela Covid-19. Até o momento, a cidade conta com 7.252 casos confirmados e 277 mortes, segundo informações da secretaria de Saúde do município.

Apesar disso, a basílica do Divino Pai Eterno deverá receber pelo menos 330 pessoas em dias alternados, levando em consideração o decreto adotado pelo município. A Afipe afirma que na quinta (1º), sexta (2) e domingo (4), os fiéis poderão ir até a igreja. Porém, a capacidade dos presentes se limita a 20% do total e com a obrigação do distanciamento de, no mínimo, 2 metros entre os lugares.

No sábado (3), as celebrações serão transmitidas na televisão, rádio e internet. Neste ano, como era previsto, não haverá nenhuma procissão. Mesmo lamentando, Marizete reconhece a importância das missas serem transmitidas de maneira on-line.  “É fundamental o papel da internet, com ela temos contato com a comunidade. Claro, não leva a eucaristia que o católica necessita, mas ajuda”, diz a cristã.

A medida remota também trouxe positivismo para o pastor sênior da igreja evangélica Céu Na Terra, Daniel Zimmermann. Segundo ele, as transmissões on-line conseguiram atingir o maior número de pessoas. “Antes da pandemia, cerca de um 1.200 pessoas participavam de forma direta de nossas atividades religiosas no prédio da igreja. Hoje, estimamos alcançar mais de 5 mil com as nossas plataformas digitais”, diz o pastor.

Ele revela que é difícil não sentir saudades de estarem todos juntos, mas reconhece que a função da igreja é colaborar para que toda essa situação passe o mais breve possível. “Temos saudades de podermos estar todos juntos. Mas mesmo com a pandemia a igreja cresceu. Mesmo com as dificuldades, foi o momento em que mais conseguimos ajudar. Foram mais de 10 toneladas de alimentos distribuídos em cestas, medicamentos, apoio espiritual, emocional”, afirma Daniel. 

Fogaréu é cancelado pelo segundo ano consecutivo 

A tradição do Fogaréu, que acontece sempre nesse período na cidade de Goiás, não foi realizada em 2021. Essa é a segunda vez que o evento religioso não aconteceu em 276 anos de tradição. O evento foi abortado devido à pandemia do novo coronavírus já que o tipo de situação gera aglomeração dos fiéis para ver a procissão e isso propicia a disseminação da Covid-19.

Porém, a celebração não passou em branco. A prefeitura da cidade organizou uma transmissão de imagens do evento que foi realizado em 2013. O vídeo poderia ser acessado pelas redes sociais da administração municipal.

Além da procissão, a prefeitura realizou e continuará transmitindo, até o domingo de Páscoa (4), alguns momentos da celebração da Semana Santa em anos anteriores.

A cidade não está fechada como aconteceu no ano passado, mas conta com muitas restrições vigentes. Raíssa Coutinho, secretária de Cultura da cidade, pediu para que as visitas à cidade acontecessem por pessoas que já tiverem reservas e que os visitantes tomem sempre cuidados para evitar contaminação.

“A cidade tem trabalhado para controlar esse fluxo turístico, aderimos ao revezamento do governo do estado, hoje [ontem] reabre o comércio, as pousadas, hotéis e restaurantes funcionam com 50% da capacidade, ninguém pode circular sem máscara e temos uma fiscalização muito ativa. […] Vai chegar a hora de retomarmos essas festas”, explicou. (Especial para O Hoje) 

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