Cerca de 180 mil goianos só tinham o auxílio como renda

Auxílio Emergencial contribuiu para a sobrevivência de 50% da população goiana | Foto: Reprodução

Postado em: 02-04-2021 às 09h10
Por: Augusto Sobrinho
Imagem Ilustrando a Notícia: Cerca de 180 mil goianos só tinham o auxílio como renda
Auxílio Emergencial contribuiu para a sobrevivência de 50% da população goiana | Foto: Reprodução

Cerca de 180 mil goianos tiveram o Auxílio Emergencial (AE),
benefício criado pelo Governo Federal para amenizar a crise econômica causada
pela Covid-19, como a única fonte de renda. Ainda neste mês, 47,9% dos goianos
residiam em domicílios em que ao menos uma pessoa era beneficiária do AE,
aponta estudo realizado pelo Instituto Mauro Borges (IMB). O Instituto aponta
os impactos do programa na população que vive em situação de vulnerabilidade
social. Entre abril e dezembro do último ano, o Governo Federal repassou R$ 9,9
bilhões para o Estado referentes ao Auxílio Emergencial. O Ministério da
Cidadania não informou a quantidade de goianos que se inscreveram e/ou foram
aprovados, pois o balanço ainda não foi fechado.

Segundo a pesquisa, em maio, 92.843 domicílios e 238.102
pessoas tinham no Auxílio Emergencial sua única fonte de renda. Com a
reabertura das atividades econômicas esses números passaram a 71.984 e 181.306,
respectivamente, no mês de novembro. Naquele mês, 28% dos domicílios com renda
exclusivamente proveniente do AE se encontravam na região Metropolitana de
Goiânia e 18% apenas na Capital, como era o caso da jovem Ellen Raquel Santos,
22 anos.

Ela faz parte do Cadastro Único e recebeu as cinco parcelas
do auxílio, no valor de r$ 1,2 mil, além de duas de r$ 600. “Com o dinheiro eu
ajudei a manter as despesas de casa, paguei o aluguel e quitei algumas dívidas pendentes”,
revela. De lá para cá, ela ainda não conseguiu um emprego de carteira assinada
e gera renda fazendo bicos.

Continua após a publicidade

Mas, a expectativa dela é encontrar um emprego ainda neste
mês, mesmo com o anúncio de novas parcelas do Auxílio. “O dinheiro é para contribuir,
mas não podemos viver somente dele. Encontrar emprego está difícil”, diz.

Em maio, 2,64% dos domicílios goianos não tinham nenhum
rendimento. Em novembro, esse número caiu para apenas 0,56%. Com relação às
pessoas, esses números são de 2,03% e 0,39%. Chama a atenção no estudo do IMB
para a volta de domicílios à situação de vulnerabilidade, ao se encontrarem uma
vez mais sem renda.

Insustentável

O IMB aponta que o custo fiscal do Auxílio é tido como
insustentável para a equipe econômica do Governo Federal, motivo pelo qual sua
prorrogação não aconteceu. A principal justificativa para a concessão do
auxílio foram as medidas de isolamento social adotadas, em maior ou menor grau,
por todo o país, durante o primeiro e segundo trimestre de 2020. “Essas medidas
proibiram o funcionamento de inúmeras atividades econômicas, consideradas não
essenciais, o que provocou a diminuição da oferta de emprego e, além disso,
maior dificuldade de obtenção de renda por parte das pessoas que a obtém por
meio de atividades informais”, diz na pesquisa.

Embora nem todas as atividades econômicas tenham sido
liberadas para funcionar, grande parte delas funcionam de forma quase normal em
Goiás, isto é, com adaptações sanitárias decorrentes da pandemia, mas sem as
restrições impostas na fase inicial. A doméstica Maria Cleonice Pereira, 51
anos, também conseguiu ser aprovada no Auxílio juntamente com o marido. Com a
renda extra, ela ficou menos preocupada com as dívidas. “As contas nunca param
de chegar. Eu tenho um filho especial e preciso ficar com ele 24 horas por
dia”, explica. Por isso, Maria não consegue trabalhar fora. A expectativa dela
é ser beneficiada com novas parcelas no valor de R$ 250. “É pouco, mas qualquer
valor já ajuda, né?”, comenta.

Programa reduziu efeitos negativos

Ao analisar o programa, o IMB concluiu que o Auxílio foi
extremamente importante para mitigar os efeitos econômicos e sociais da
pandemia (pode-se dizer que até sanitários, uma vez que permitia às pessoas
permanecerem em suas casas e manter o distanciamento social). Grande parte das
pessoas e dos domicílios goianos recebeu o Auxílio e, ainda mais importante,
dezenas de milhares de pessoas tinham nessa renda sua única fonte de receita.

Contudo, o fim dessa política causou preocupação para
milhares de famílias goianas que já se encontram sem renda e obrigadas a
enfrentar aglomerações nos transportes públicos e nas ruas, em busca de seus
sustentos. O novo auxílio emergencial proposto pelo Governo Federal amenizará a
queda de renda das pessoas vulneráveis nesse contexto de fechamento das
atividades não essenciais.

O aumento da inflação, em especial dos alimentos, demonstra
que a quantia necessária para a satisfação das necessidades mais básicas da
vida é superior ao valor previsto. Como base de comparação, a linha da pobreza
extrema (miséria) de acordo com o Banco Mundial é de US$ 1,90 ao dia, o que
representa, na cotação atual, cerca de R$ 330,00 por mês. (Especial para O
Hoje)

Veja Também