Buracos ganham evidências após fortes chuvas em Goiânia

Especialista destaca a importância de a manutenção ser cumprida para se ter uma boa durabilidade do asfalto | Foto: Wesley Costa

Postado em: 08-04-2021 às 07h50
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Buracos ganham evidências após fortes chuvas em Goiânia
Especialista destaca a importância de a manutenção ser cumprida para se ter uma boa durabilidade do asfalto | Foto: Wesley Costa

João Paulo Alexandre

A malha viária de Goiânia sofre impactos diários devido ao trânsito intenso que passa sobre ela. Porém, o asfalto é ainda mais impactado com as chuvas que caem na cidade. Muitas vezes elas são torrenciais e têm pouca duração, mas são suficientes para que buracos ficassem cada vez mais evidentes, como foi a que caiu no início da semana.

De acordo com o Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (Cimehgo), a chuva em Goiânia apresentou volumes diferentes entre as regiões. O Jardim Olinda, na região Leste da cidade, registrou 75,6 milímetros de chuva. Já na região Norte caiu 68 milímetros de água. O índice pluviométrico da região da Avenida Castelo Branco foi de 59,6 milímetros. Enquanto isso, algumas regiões da cidade não atingiram sequer 10 milímetros de volume de chuva, como foi o caso do Jardim Curitiba, que registrou seis milímetros.

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Mas essa quantidade de chuva foi o suficiente para trazer impactos ao solo. De acordo com a Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Seinfra), a cidade registrou 10 vias em que buracos se formaram devido à força da água. Rua VSJE-1, a Vila São José Extensão, Rua 05 da Vila São José, Rua 1 e Rua Pampulha, na Vila Nossa Senhora Aparecida, Rua Irmã Helena Figueiredo, no Conjunto Caiçara, Alamedas Mondrian, Monte e Rua Miró, no Setor Gentil Meirelle, Avenida Dona Gercina Borges Teixeira, no Conjunto Vera Cruz II e na Vila Roriz e Setor Urias Magalhães. A pasta informou que as equipes foram aos locais, na última terça-feira (6), para resolver os problemas.

Porém, são os motoristas que sofrem com os prejuízos causados em seus veículos. É o caso de Leidson Alves dos Santos, que é motorista de aplicativo e presidente da classe em Goiás. Ele foi uma das vítimas de buracos que se abriram na cidade. O pivô da suspensão do carro quebrou e o pneu estourou em meio à Avenida Leste-Oeste após cair dentro de um dos vários ‘presentes’ na Capital. Segundo ele, os prejuízos passam dos R$ 400.

“Infelizmente é muito difícil usar a malha viária do município. Em tempo de chuva é que complica. É muita obra que cria buracos e que o volume da chuva esconde. Danifica várias coisas no carro. Andar na chuva tem que ter atenção redobrada. Além de nós, motoristas, podemos colocar os usuários das plataformas em perigo”, destaca.

O incidente aconteceu enquanto ele trabalhava e no momento estava sem passageiros dentro do veículo. “Eu tive que parar e colocar o estepe para poder chegar em alguma oficina e conseguir arrumar o pivô. Graças a Deus não tinha ninguém no carro. Imagina o susto que a pessoa poderia levar ao ver o pneu estourar”, conta.

Situações como essa, segundo Leidson, acabam atrapalhando o ganho de corridas que já não está muito lucrativo devido à pandemia. “O que eu gastei [R$ 400] é 50% do meu gasto de supermercado. Sofrer com esse tipo de imprevisto por irresponsabilidade do Poder Público é difícil demais. Inclusive devido ao momento ao qual estamos passando. Para se fazer R$ 100 está difícil.”

Leidson destaca que essa não foi a primeira vez que houve avarias no veículo causadas pela falta de manutenção das ruas da cidade. “Já sofri pequenos acidentes com passageiros devido ao baque que leva ao cair nesses buracos, portas empenadas, maçanetas quebradas, bancos que rasgaram. Isso fora outros pneus e peças que já tive que trocar que vão se desgastando com mais rapidez devido aos impactos”, destaca.

O motorista avalia em nota cinco o asfalto da cidade. “Tem muitos buracos. Algumas vias são melhores, mas outras estão deixando a desejar. Eles lutam muito com o tapa-buracos, que é uma medida paliativa, mas não resolve a raiz do problema”, finaliza. 

Asfalto bem feito pode durar até 20 anos 

Um asfalto bem feito pode durar cerca de 20 anos, segundo Marcos Rothen, que é especialista em trânsito e transportes. Apesar disso, ele destaca que algumas etapas no preparo do solo são de extrema importância para isso. “O solo tem que ser muito bem compactado. O asfalto precisa estar em um lugar fixo. Por isso, uma estrutura lisa é fundamental. A massa precisa ter de quatro a cinco centímetros para que ele possa amortecer bem o tráfego da região”, destaca.

Marcos pontua que o peso do volume dos carros que passam por cima do asfalto deve ser levado em consideração. “Uma estrada, por exemplo, tem um trabalho maior para a confecção de um asfalto, pois um caminhão pesa mais que um veículo de passeio. Se for bem feito, a durabilidade de 20 anos pode ultrapassar.”

Segundo ele, a adoção do tapa-buracos é uma situação que resolve de maneira passageira o problema crônico das grandes cidades. “Isso é como um remédio que você toma para a dor de cabeça. Você insere para diminuir a dor e ela passa momentaneamente. Mas a causa daquele problema ainda continua ali. A mesma coisa é o tapa-buraco. Isso funcionará de maneira paliativa, mas o problema sempre estará ali”, destaca.

Marcos explica ainda como a chuva danifica o asfalto. “Isso está ligado à questão estrutural. Primeiramente, a impermeabilidade do solo faz total diferença. Deve-se fazer um estudo para saber como será feito o escoamento da água. Caso isso não ocorra, a água fica retida na superfície e isso compromete a qualidade do asfalto. Um exemplo disso é a freada que o ônibus dá e que isso cria uma movimentação da massa. Por isso, cria-se aquelas ondulações nas vias que são formadas por esse impacto’, pontua.

Recapeamento

Goiânia passa por processo de recapeamento asfáltico de algumas vias da cidade. De acordo com a Seinfra, 13 equipes e 91 servidores realizam a frente de serviço. Os trabalhos foram acertados ainda no governo de Iris Rezende. A expectativa do então gestor era recapear e pavimentar mais de 600 quilômetros de vias públicas da Capital.  O contrato licitatório previa a execução do recapeamento e, também, a pavimentação de ruas que ainda não foram asfaltadas.

A licitação para execução do serviço é de 2019 e vários termos aditivos de contrato já foram inseridos desde então. O custo das obras ultrapassa R$ 4 milhões. Um desses pontos, que foram divulgados pela pasta, é a Avenida T-4, no trecho da Rua T-61 e Avenida T-10, no Setor Bueno. O local passou por recapeamento na última segunda-feira (5).

O presidente interino, Marcelo Torrubia, disse que o trecho em questão já havia recebido fresagem – que é o corte de partes mais críticas para ser substituída pela nova massa asfáltica. “Temos o compromisso de entregar as ruas que foram iniciadas através da administração direta”, afirma o secretário interino Marcelo Torrubia.

No mesmo dia, mais outros bairros receberam a manutenção, como Setor Central, Setor Campinas, Setor Centro-Oeste, Jardim São José, Parque Oeste Industrial, Setor São Judas Tadeu, Parque Atheneu, Vale do Araguaia, Vila Pedroso, Jardim Nova Esperança, Parque Tremendão, Setor Moinho dos Ventos e Setor Sudoeste. (Especial para O Hoje) 

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